Nos seis últimos jogos, o Vitória de Guimarães tinha registado cinco derrotas consecutivas e um empate. Para a Liga nacional, a equipa comandada por Rui Vitória não conseguia pontos desde 28 de Outubro, quando levou de vencida o lanterna vermelha da prova, o Paços de Ferreira (1-3). Após esse triunfo, foram seis jogos onde sofreu sete golos e apontou apenas um. O clube vimaranense, em longa travessia pelo deserto de resultados, parece poder ter finalmente chegado à praia, conseguindo um vital 0-2 sobre o Estoril que lhe permite manter o 7º posto da tabela.

Novembro infernal

Não será desajustado afirmar que Novembro foi o mês da descida aos infernos para o Vitória de Guimarães. O detentor da Taça de Portugal não venceu qualquer dos seis jogos disputados (perdeu cinco e empatou apenas um) e, como se tal não bastasse, viu-se assim arredado de três competições: Taça de Portugal, Taça da Liga, e Liga Europa. Na Taça de Portugal, os vimaranenses enfrentaram o FC Porto, e foram eliminados ao encaixar dois golos. A Taça da Liga apresentou um carrasco mais improvável, chamado Leixões, adversário de nível inferior (é 11º na Liga de Honra) que aproveitou o mau momento de forma do conjunto de Rui Vitória, batendo-o por duas bolas a uma, tanto em casa como fora. Na Liga Europa, o Guimarães começou por prometer muito, entrando fulgurante com uma vitória por 4-0 frente ao modesto Rijeka e obtendo um importante empate a um, em casa do difícil Lyon. Mas o fim de Outubro soava já a ameaça, e depois de uma primeira derrota no terreno de Bétis (1-0), Novembro reproduziu o desaire, desta feita na cidade berço, e a maldição viajou ainda com a equipa para a Croácia – incluindo até um susto durante o voo, devido à turbulência e súbita perda de altitude do aparelho −, onde o Rijeka esqueceu a goleada anteriormente sofrida e travou o Vitória para o empate, o que colocava os minhotos arredados da fase seguinte da competição.

Mas Novembro passou, e a verdade é que o Vitória venceu novamente, por afirmativas duas bolas sem réplica, o primeiro jogo de Dezembro, e logo diante do Estoril, a equipa sensação da época transacta e que este ano se tem revelado capaz de manter o bom nível exibicional. Ao cabo de 11 jornadas, os homens da linha apresentam-se em 5º, a apenas um ponto do 4º posto.

«Isto repõe a verdade»

Para o treinador Rui Vitória, o triunfo na Amoreira «repõe um pouco a verdade dos nossos jogos (…) Não os vencemos mas não fomos tão maus quanto os resultados diziam.» De facto, esta é ideia que o treinador dos minhotos tem procurado acentuar. Ao longo das últimas derrotas, Rui Vitória tem procurado elogiar o seu conjunto, afirmando a qualidade dos seus processos de construção e culpando apenas a eficácia frente à baliza pelos fracos resultados alcançados: «Há que dizer que a forma como nos temos batido é um sinal positivo. Temos levado socos no estômago, mas fizemos o suficiente para marcar golos e isso teria dado um corpo diferente aos resultados.», até porque, nos últimos seis jogos em que não venceu, à excepção da eliminação da Taça de Portugal às mãos do Porto, o Vitória perdeu sempre pela margem mínima.

O líder dos vimaranenses reconheceu ainda dificuldades na gestão da equipa, presente em várias competições, e declarou-se esperançado no reencontrar do caminho das vitórias e da estabilidade, agora que colocarão o foco no campeonato, única competição que Guimarães disputará logo que termine de cumprir calendário na Europa (faz o último jogo na prova frente ao Lyon, no próximo dia 12). No final do encontro no António Coimbra da Mota, o treinador vimaranense escolheu ainda realçar a coesão e dedicação dos seus jogadores ao emblema que representam, algo que ganha dimensão quando se verifica que o técnico fez alinhar em simultâneo cinco jogadores das escolas do clube. Poderá estar a gizar-se uma nova Era no D. Afonso Henriques?

Golo não rima com Maazou

Sem grandes capacidades de investimento, e vendo precocemente terminada, sem grandes resultados, desportivos ou financeiros, a presença na Europa, o Guimarães deverá mesmo voltar-se para os seus escalões de formação para colmatar as falhas que o plantel tem evidenciado neste início de temporada.

Maazou, avançado do Níger esta época contratado pelo Guimarães, é boa prova dessas lacunas. Com 25 anos, chegou com promessas de se tornar o homem-golo dos minhotos, e até começou por cumprir: bisou logo na primeira jornada, na vitória por 2-0 frente ao Olhanense. Depois disso, marcou de penálti na goleada por 4-0 frente ao Rijeka e fez o único tento dos vimaranenses no empate com o Lyon, a 3 de Outubro. Desde então passaram-se dois meses, e Maazou nunca mais encontrou o caminho das redes adversárias. São apenas dois golos no campeonato e outros dois na Europa. São quatro golos em 17 partidas, números manifestamente insuficientes para o homem que é a principal referência do ataque montado por Rui Vitória. Por outras palavras, são já 12 jogos consecutivos sem marcar para o nigerino, que, com 820 minutos na Liga, é, de resto, o avançado com mais minutos nas pernas em todo o plantel. O extremo Marco Matias, com menos 128 minutos de campo, já festejou por quatro ocasiões na Liga, a última das quais precisamente no regresso da equipa às vitórias, diante do Estoril, onde Maazou voltou a não assinar a lista dos marcadores.