O sorteio da Liga Europa, transmitido no passado dia 16, em VAVEL.com, ditou que as duas equipas portuguesas, Porto e Benfica, terão de medir forças contra os alemães do Eintracht Frankfurt e PAOK, respectivamente. A competição, que entrará em Fevereiro nos dezasseis-avos-de-final, irá colocar frente a frente um duelo inaudito, o FC Porto x Eintracht Frankfurt, e reeditará um que já teve capítulos anteriores, favoráveis, na sua súmula, aos encarnados: o Benfica enfrentou, na época de 1999/2000, o mesmo PAOK, para a mesma competição, batendo os gregos na decisão final das grandes penalidades. 

Favoritos em ambos os embates, Porto e Benfica dispõem, depois da embaraçosa caminhada europeia dos campeões, a derradeira hipótese de vingarem no percurso europeu, agora pelo trilho, menos prestigiante, é certo, da Liga Europa. Incapazes de segurar uma posição elegível para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões, Porto e Benfica foram remetidos para a Liga Europa: o Benfica, devido aos seus 10 pontos, enquanto cabeça-de-série, e o Porto, com apenas 5 pontos, ficando à mercê de formações mais credenciadas. No fim do sorteio, nenhum dos clubes lusos se pôde queixar da sorte, pelo menos, ao que aos dezasseis-avos-de-final diz respeito, pois caso progridam para a eliminatória seguinte, terão de lidar, possivelmente, com ameaças de outra dimensão. 

FC Porto vai estrear Eintracht

Nunca uma equipa portuguesa se deparou com a formação bávara do Eintracht Frankfurt, apesar do histórico de duelos entre lusitanos e alemães ser extenso. Neste jogo inaudito, o Porto é claramente favorito e terá de puxar do seu estatuto de vencedor para, dentro de campo, intimidar o sexto classificado da Bundesliga na época passada, actual décimo quinto, que conta com apenas 14 pontos na liga alemã. O clube da cidade de Frankfurt, que conta no seu currículo com uma liga nacional conquistada, em 1958/1959, e uma Taça Uefa, em 1979/1980, liderou o seu grupo na Liga Europa, onde também militavam Bordéus, APOEL e Maccabi Tel-Aviv, tendo conquistado 15 pontos e perdendo apenas por uma vez.  A equipa é treinada por Armin Veh, técnico de 52 anos que comanda os pupilos de Frankfurt desde Maio de 2011, tendo antes trabalhado no Hamburgo, Wolfsburgo e Estugarda.

Kadlec é o artilheiro que mais balança as redes

A equipa do Eintracht não se reveste de vedetas, mas sim de um sentido de trabalho colectivo assinalável, por onde o jogo alemão se canaliza. A formação de Frankfurt, fundada em 1899, alinha num habitual 4-4-2 maleável, com dois «pivots» defensivos que estancam o jogo adversário e permitem que as peças mais criativas se ocupem de carregar a equipa para zonas avançadas. Com uma dupla de centrais usualmente constituída por dois sul-americanos, Anderson Bamba e Carlos Zambrano, as laterais ficam a cargo de Djakpa (lateral com propensão ofensiva) e de Jung. No meio-campo, a configuração varia consoante o oponente, mas Marco Russ, Flum e Rode fixam-se na zona central, e o médio suíço Tranquilo Barnetta ocupa-se de orquestrar o movimento ofensivo, podendo jogar no miolo ou partir de uma das alas, onde pode fazer uso do seu poder de penetração. Apesar de no ataque existir Joselu e Lakic, o destaque vai para o avançado checo, Vaclav Kadlec, de apenas 21 anos: o artilheiro leva 13 jogos na Bundesliga e 4 golos no folha de serviço, sendo o melhor marcador do Eintracht Frankfurt na competição. Na Liga Europa o jogador conta com 7 participações e 2 golos assinados, os mesmos que Alexander Meier, médio de 30 anos, e Djakpa, costa-marfinense de 27 anos.

Benfica reencontra PAOK: no mesmo sítio com o mesmo propósito

Na época da viragem do milénio, Benfica e PAOK encontraram-se, na segunda ronda da Taça Uefa, antecessora da actual Liga dos Campeões, para decidir quem ficaria pelo caminho. Na primeira mão, os encarnados deslocaram-se até Salónica para vencer os gregos por 1-2, com golos de Nuno Gomes e do central Ronaldo. No segundo jogo, o PAOK ripostou na mesma moeda e bateu o Benfica na Luz por 1-2, empatando a eliminatória, que apenas foi decidida através do tira-teimas fatal das grandes penalidade: a eficácia pendeu claramente para o lado dos benfiquistas, que venceram a contenda por 4-1. O falecido e saudoso Robert Enke rubricou uma exibição de gala e foi decisivo no apuramento das «águias». Agora sem o memorável «keeper» alemão, o Benfica terá de suar para ultrapassar uma formação que, apesar de ser intermitente em termos de presenças europeias, tem, de facto, muita qualidade à disposição, desde o sector defensivo até ao último terço do terreno.

Miguel Vitor e Katsouranis, agora do outro lado da barricada

Quando olhamos para a equipa de Salónica, logo nos saltam à vista dois nomes: o do central luso Miguel Vitor, e o do médio defensivo Kostas Katsouranis. Ambos antigos jogadores do Benfica, desta vez estarão do outro lado da barricada, tentando deixar para trás a formação que um dia representaram. Katsouranis saiu no término da época 2008/2009 e Miguel Vítor abandonou o Benfica no defeso passado, encontrando no clube grego, que está actualmente na segunda posição da liga grega, a titularidade de que nunca desfrutou na Luz. O clube, que ainda não perdeu nenhum dos seis jogos da fase de grupos da Liga Europa, conta nas suas fileiras com jogadores de craveira como o trinco Tziolis, o médio tecnicista Sotiris Ninis, o pequeno e letal extremo Miroslav Stoch, o goleador internacional Salpingidis ou Necid, avançado possante checo, contratado ao CSKA Moscovo. Actuando num 4-4-2 baseado em processos simples mas coerentes, o PAOK defende-se com Miguel Vitor e Katsouranis no eixo defensivo, Skondras e Kitsiou (atenção ao jovem médio adaptado a lateral, de 20 anos) Lazar e Tziolis no miolo, Ninis e Stoch nas alas e Salpingidis e Athanasiadis na frente de ataque. 

O médio Lucas é o marcador mais profícuo do PAOK na liga grega, a Ethniki Katigoria, com 5 tentos de sua autoria. Miguel Vítor, o central que tem espalhado qualidade pelos relvados helénicos, já marcou 4 golos. Na Liga Europa, o atacante grego Athanasiadis é o artilheiro com maior eficiência: 2 golos. Apesar de não ser uma exuberante e vibrante formação, o PAOK tem a solidez necessária para se impor ao Benfica. Prevê-se que a sua defesa estável seja um bastião de coordenação e solidariedade, característica base de grande parte das equipas gregas, que nesse sector encontram o ponto de partida para um futebol apoiado, de ajuda mútua, posições bem definidas e tarefas estudadas ao pormenor. Huub Stevens, o técnico holandês de 60 anos que comanda os de Salónica, já reconheceu o favoritismo do Benfica mas não deixou cair a crença na vitória: «Acreditamos que podemos passar. Estamos sempre muito concentrados quando jogamos contra equipas de nomeada e conseguimos bons resultados no passado», afirmou Huub.