Foi um Benfica repleto de segundas linhas, mas ainda assim com nomes sonantes, aquele que se apresentou esta segunda-feira à noite na Choupana, em jogo a contar para a primeira jornada da fase de grupos da Taça da Liga. Os encarnados acabaram por vencer por 1-0, beneficiando de um auto-golo do moçambicano Mexer, pouco depois da meia hora de jogo.

O encontro até começou com um Benfica mais esclarecido que o habitual. As águias entraram a todo o vapor e pareciam querer marcar cedo. Mas foi sol de pouca dura. O encontro caiu numa monotonia gritante e o espectáculo foi pouco digno de final de ano. Os três pontos obtidos na Madeira colocam o Benfica na liderança de um grupo que conta ainda com Gil Vicente e Leixões, para além do Nacional. Em Barcelos, o Gil recebe a equipa de Matosinhos a 6 de janeiro, no outro jogo da primeira jornada.

Jesus mexeu muito mas Benfica tinha obrigação de mais

O técnico encarnado mexeu em vários sectores da equipa mas não pode defender-se com a falta de alternativas no plantel. Mesmo com uma mão cheia de caras novas, o Benfica apresentou um onze com muitos nomes sonantes e muito dinheiro investido. Oblak manteve-se na baliza, face à ausência de Artur. Nas laterais, Siqueira regressou de lesão para a esquerda e foi Sílvio quem ficou responsável pela direita. No eixo defensivo, o habitual suplente Jardel juntou-se ao titularíssimo Garay. Já no meio campo, Fejsa fez de Matic e acompanhou Enzo Pérez. Gaitán, hoje capitão, foi deixado solto a número dez, com Markovic e Sulejmani no serviço lateral a Lima. No papel, as coisas pareciam ter pés para andar mas na prática não foi bem isso que se viu.

A verdade é que o Benfica chegou ao intervalo sem um único remate na direcção da baliza... e a ganhar por 1-0. A infelicidade de Mexer, depois de um cruzamento bem tirado por Gaitán, fazia a diferença no marcador. Mas foi o Nacional quem perdeu as melhores oportunidades do jogo. Ainda no primeiro tempo, Rondón apareceu a cabecear na cara de Oblak mas o remate picado acabou sobrevoando a baliza do esloveno. Já no segundo tempo foi Lucas João quem, num toque sublime de calcanhar, atirou ao poste.

Pouca produção ofensiva nos dois lados

Se o Benfica pouco fez a nível ofensivo, também o Nacional ficou aquém do que pode e deve fazer. No final do encontro, Manuel Machado admitia que as defesas tinham estado muito melhor que os ataques. O resultado e as estatísticas mostram que tem razão.

Jorge Jesus, por seu lado, recordou que não é fácil criar muitas oportunidades contra os madeirenses. E deu os exemplos das deslocações do Nacional ao Dragão e a Alvalade, onde a equipa de Manuel Machado conquistou dois importantes empates. Ainda assim, o Benfica devia ter feito mais. Muito mais.

Oblak volta a manter baliza a zeros

Pode ser apenas uma coincidência mas merece nota de destaque. O Benfica vinha sofrendo muitos golos nos últimos jogos com Artur entre os postes. A lesão do guardião brasileiro inverteu a tendência. Oblak entrou em Olhão e não mais o Benfica sofreu golos. Aos minutos do Estádio do Algarve junta-se o jogo em Setúbal e agora a deslocação à Choupana. Mas o esloveno bem pode agradecer ao poste, que tirou um golo a Lucas João. Aí, estava batido.

Aperto do Nacional acabou quando meio campo passou a três

Na segunda parte, o Nacional subiu de rendimento e chegou a encostar o Benfica às cordas. Quando se esperava um final de jogo sofrido para os encarnados, Jesus lançou Rúben Amorim para o lugar de Sulejmani. O Benfica passou a jogar com três jogadores no miolo, num claro 4-3-3, e os momentos de aperto desapareceram.

Rúben Amorim e Enzo Pérez fizeram dupla à frente de Fejsa e a pressão encarnada subiu no terreno. Ou um ou outro pressionava o portador da bola e não mais o Nacional conseguiu encostar o Benfica lá atrás. Neste momento, faltou ao Benfica espontaniedade nos atacantes para fechar o jogo num contra ataque.

Declarações dos técnicos

No final do jogo, Manuel Machado era um treinador resignado com a falta de sorte da sua equipa: «Foi um encontro de muito trabalho, um jogo transpirado, menos brilhante do ponto de vista da construção. Os guarda-redes foram espectadores. Nenhum teve momento de grande aperto. Os momentos do Rondón e Lucas João poderiam ter dado outro desfecho ao jogo, tornando-o condizente com o que foi a produção das duas equipas. Na segunda parte jogámos muito bem. Jogámos muito no meio-campo do Benfica algo que contrapõe com aquilo que foi aqui o jogo. O Benfica beneficiou do auto-golo e está agora bem posicionado para passar à próxima fase».

Já Jorge Jesus mostrou-se satisfeito com a exibição e com as alternativas no plantel: «É a demonstração que jogando quem jogando temos sempre soluções. Jogámos contra uma das melhores equipas da Primeira Liga. O Nacional é o melhor tirando três ou quatro equipas, incluindo o Sp. Braga, como se viu no Dragão, Alvalade e Luz. Sabíamos que o jogo era difícil (...) O Benfica esteve muito bem defensivamente. O jogo ofensivo foi muito bom na primeira parte. Esperava-se que houvesse alguma falta de intensidade na segunda parte fruto dos apenas dois treinos nas miniférias. É difícil fazer golos ao Nacional. Defende bem e sabíamos que tínhamos de matar o jogo nas poucas ocasiões que íamos ter. Conseguimos anular algum poder ofensivo do Nacional».