Ontem, na conferência de análise à partida dos oitavos-de-final da Taça de Portugal, jogada na Luz, Jorge Jesus elogiou a sua formação e mostrou-se satisfeito pelo imperialismo que o Benfica exibiu durante os 90 minutos, dominando o Gil Vicente sem apelo nem agravo. A mão cheia de golos veio na altura certa, a uma semana de distância do clássico diante do arqui-rival FC Porto, servindo de preparativo para o duelo hercúleo que poderá alterar as posições do topo da classificação. Contra um adversário que tanto trabalho deu e tanto susto provocou no passado bem recente, o Benfica marcou cinco golos e anulou o Gil Vicente na sua totalidade, apresentando prova da competência do ataque encarnado: Lima e Rodrigo bisaram, contando já, os dois, com 17 golos esta temporada. 

«Dinâmica muito forte»

Jorge Jesus começou por elogiar o futebol praticado pela sua equipa: «Foi um bom jogo, muito bem conseguido pelo Benfica com uma dinâmica muito forte. O jogo saiu-nos bem e aos 15 minutos já estávamos a ganhar 2-0», afirmou o treinador de 59 anos. Na visão do timoneiro encarnado, o Benfica prossegue o seu ciclo de regeneração, estando, passo a passo, «perto do seu valor». Para Jesus, a goleada de ontem mostra que a equipa está perto da forma desejada - a «vitória expressiva» foi obtida, segundo o técnico, através de um «futebol rápido, dinâmico», impossível de parar. Que o diga o Gil Vicente. «A segunda parte foi menos intensa mas com bons momentos e mais dois golos», acrescentou. 

«O importante é ganhar»

Apesar dos dilatados 5-0, Jorge Jesus ressalvou a importância do verbo ganhar, deixando para segundo plano a famigerada nota artística: «É uma máxima que fui buscar à patinagem artística. O futebol também deve ter nota artística, mas o importante é ganhar», esclareceu Jesus, que utilizou o jogo contra o Nacional (0-1, auto-golo de Mexer) para realçar o valor da vitória, sempre prevalecente em relação à qualidade da exibição: «Na Madeira estivemos muito bem, sem nota artística mas com equipa competitiva, a saber defender a vantagem. Hoje o resultado permitiu maior qualidade técnica, em termos individuais e colectivos, mas o importante é ganhar, mesmo quando não estás tão bem», explicou.

«Tudo o que Oblak fez foi fácil e bem»

Quando questionado sobre a manutenção da titularidade do esloveno Oblak, dono da baliza desde a lesão de Artur, Jesus não dissipou dúvidas. O treinador apenas ressalvou que Oblak tem tido exibições tranquilas, deixando latente a ideia de que o esloveno ainda terá de passar por maiores testes antes de destronar o guardião Artur, crónico titular da baliza encarnada. Jesus preferiu evidenciar a qualidade defensiva da equipa: «O Oblak tem feito estes últimos jogos e não sofreu golos. A equipa esteve bem defensivamente. Tudo o que o Oblak fez foi fácil e bem. É sinal de que a equipa está mais rápida nos processos defensivos». 

Cardozo fora do clássico

Quanto à possível utilização de Cardozo no grande jogo contra o FC Porto, que ocorrerá já no próximo fim-de-semana, Jorge Jesus foi esclarecedor, acabando com quaisquer especulações ou esperanças<. «Não vai ter tempo para recuperar», disse o técnico, reforçando assim a hipótese da dupla Lima/Rodrigo entrar de início na Luz, diante do Porto. Quanto ao momento psicológico da equipa, o treinador encarnado considera-o pleno de confiança, ainda para mais depois de uma farta goleada e de uma actuação de qualidade: «Já tive em vários clássicos e derbies e sei que quando se ganha e joga bem no jogo anterior a equipa fica mais confiante», afiançou. 

«Falta de chama»

O técnico de 37 anos que lidera o Gil Vicente, de seu nome João de Deus, reconheceu a superioridade imensa dos encarnados, apontando o golo de Rodrigo, logo ao terceiro minuto, como catalisador da desgraça: «O Benfica marcou cedo e nós tinhamos a consciência que não podíamos sofrer tão cedo. Não entrámos bem por nossa falta de chama, garra, intensidade», afirmou o técnico da formação de Barcelos. De facto, o golo do hispano-brasileiro deitou por terra a estratégia do Gil, obrigando a equipa a perseguir, desde muito cedo, o golo do empate, condicionante que degradou a motivação gilista e reforçou o ímpeto benfiquista, que foi crescendo à medida que o seu domínio se acentuava. 

«Continuamos a ser os mesmos, os mesmo de quando começámos bem», certificou João de Deus quando confrontado com a comparação entre o momento actual da equipa e o fulgor inicial que ela apresentou quando a Liga Zon Sagres estava ainda no seu prelúdio. «Temos de voltar às vitórias e acredito que conseguiremos», disse o treinador gilista, crente na recuperação da sua equipa.