Sporting e Olhanense encontraram-se esta noite em Alvalade, numa partida onde ambas as equipas procuravam contrariar a tendência negativa das últimas jornadas. Se os algarvios procuravam pontos para fugir aos últimos lugares da tabela, já o Sporting ia a jogo de orgulho ferido, isto após a derrota no derby diante do Benfica onde, mais do que o resultado, sobressaiu uma paupérrima exibição dos leões. Para o regresso às vitórias e às boas exibições, Leonardo Jardim já pôde contar com William Carvalho e Jefferson num onze onde Heldon manteve a titularidade e Carlos Mané foi a grande novidade.

No Olhanense, as lesões de Ricardo Ferreira, Murilo e Santana obrigou o técnico Guiseppe Galderisi a promover algumas alterações em relação à equipa que empatou com o Marítimo na jornada anterior. Belec, Rui Duarte, Vojtus e Sampirisi foram novidades no onze do técnico italiano.

Carlos Mané: o abre-latas

Tal como se esperava o Sporting entrou com a iniciativa de jogo, controlando a partida mas sem o fulgor inicial de um leão ferido no seu orgulho após o derby de terça-feira. A mudança de registo deu-se a partir dos 10 minutos, após um remate de André Martins à entrada da área. A partir daí o Sporting meteu uma mudança abaixo e ganhou toda uma nova velocidade, ultrapassando com relativa facilidade a linha de pressão do Olhanense, que agora se via remetido ao seu meio-campo. E foi assim que o Sporting chegou à vantagem; 13 minutos volvidos, bom trabalho de Montero, e o colombiano a cruzar para Carlos Mané, que se limitou a encostar.

Os leões não tiraram o pé do acelerador, e perante um adversário inexistente no ataque e desorganizado na defesa, os lances de perigo sucederam-se. O Sporting tinha tempo e espaço para desenhar os seus lances como queria, Mané era um perigo à solta pela direita, dando enormes dores de cabeça à defensiva algarvia. Apesar do largo caudal ofensivo dos verde-e-brancos, as intenções leoninas esbatiam sempre em Belec. O guarda-redes algarvio foi o principal responsável pela manutenção da vantagem mínima, especial enfase para a excelente defesa após cabeceamento de Maurício. A única ameaça do Olhanense chegou já em cima do intervalo através de Dionisi, mas sem consequências de maior. Chegava o intervalo e o resultado pecava por escasso.

Um longo bocejo

Quem esperava um segundo tempo sob a mesma batuta, enganou-se. É caso para dizer que a segunda parte foi imprópria…para sonolentos. A etapa complementar trouxe um jogo cinzento, um Olhanense sem argumentos e um Sporting sem a acutilância do primeiro tempo; após o primeiro quarto-de-hora, dava a ideia de que ambas as equipas tinham assinado um pacto de não-agressão ao intervalo. Os leões continuavam com a iniciativa de jogo, mas pareciam ter encolhido as garras; perante esta postura, o Olhanense começou a aventurar-se um pouco mais no ataque. Destaque para os remates de Lucas e Paulo Sérgio, momentos raros de emoção que procuravam contrariar os compulsivos bocejos nas bancadas. Leonardo Jardim tentou espicaçar a equipa ao trocar ambos os extremos, e se Wilson Eduardo foi totalmente inconsequente, já André Carrillo trouxe um pouco mais de alegria e imprevisibilidade ao jogo dos leões. Dois remates semelhantes do peruano, o último dos quais ainda a roçar o poste, como que acordaram momentaneamente a equipa.

À medida que os minutos passavam e o resultado permanecia, a ansiedade começava a tomar conta da equipa do Sporting e, por consequência, das bancadas de Alvalade. Tal situação levou os leões a momentos de algum aperto, momentos estes que, apesar de não se materializarem em ocasiões claras de golo para o Olhanense, são unicamente derivados da apatia da equipa da casa no segundo tempo. O Sporting acabou por garantir o mais importante: os três pontos, todavia é de notar a quebra da equipa no segundo tempo. Seria de esperar um Sporting ofensivo, agressivo e dominador; e se a primeira parte evidenciou isso mesmo, a letargia do segundo tempo trouxe consigo reminiscências do derby da semana passada. Qual será o Sporting do próximo jogo?