Mais um jogo e tornar-se-á impossível contar apenas pelos dedos das mãos os jogos que Fredy Montero regista sem incluír o seu nome na ficha de marcadores de jogo. Desde o início da época, em Agosto, que o avançado veio brindando as bancadas de Alvalade com exibições de “encher o olho”, afirmando-se como a figura goleadora dos pupilos de Leonardo Jardim. Caíu nas boas graças dos adeptos, dos dirigentes que apostaram na sua contratação e tornou-se no pesadelo das defesas adversárias com as suas constantes investidas, demonstrações de qualidade técnica acima da média e movimentações imprevisíveis que resultaram em golo.

       

Contudo, parece que o Colombiano anda de costas voltadas ao golo. Claro que, com o avançar do campeonato, as defesas adversárias "apertaram" a marcação ao jogador do Sporting, que no entanto, conta com a sua mobilidade para combater essa situação. Muitos se começam a questionar sobre a falta de golos de um jogador que se apresentou tão fulgurante e eficaz durante a maior parte da primeira volta do campeonato. O último jogo no qual Montero marcou foi há dois meses atrás, contra o Gil Vicente. Será motivo para lhe retirar a titularidade e dar uma oportunidade a Slimani?

Jogador multifunções

A resposta à questão levantada é-nos dada por Leonardo Jardim como um claro não: "Os avançados vivem de golos, quando não fazem têm alguma inibição. O Fredy tem outras funções em campo, ele sabe, que são tão ou mais importantes. Tem uma função de construção, é um elemento de ligação da equipa. Acredito que, a qualquer momento, os golos vão regressar. Se não marcar, os outros têm de o fazer, tal como hoje. A equipa vive do coletivo". Com esta afirmação do treinador do Sporting, fica em destaque que o avançado não é importante apenas para marcar golos. Tem uma função importante no coletivo, pois é um jogador móvel, que pode aparecer tanto encostado às faixas, como de costas para a baliza, com o objetivo de dar dinâmica ao Sporting no último terço do terreno. Montero tem por hábito, neste 4x3x3 implementado por Leonardo Jardim, ir atrás "buscar" jogo, participando na fase de construção ofensiva. Através da condução de bola, cria linhas de passe para os desiquilibradores que surgem nas alas, ou simplesmente aproxima-se destes de modo a criar triangulações e jogadas de processos simples e rápidos.

    

Outro papel importante que o avançado de 26 anos desempenha no processo de ataque do Sporting, seja mais avançado ou mais recuado no terreno, é o de contemporizar e reter a bola sob pressão dos defesas adversários. A importância desta função "prende-se" com a necessidade de permitir que a equipa se organize em processo ofensivo, e que possam ser geradas novas linhas de passe. Esta movimentação em "alta-rotação" do jogador leonino, leva não só ao desgaste das defesas adversárias, mas também à criação de uma elevada dinâmica ofensiva, que priveligia o jogo pelas alas.

 

Aliás, essa importância que Montero tem na ligação do ataque da turma leonina foi evidente, por exemplo, quando o avançado foi suplente não utilizado no jogo contra o Marítimo a contar para a Taça da Liga. Slimani, é um “nove puro”, um jogador que não tem tanta mobilidade como o colombiano, e que perde influência no processo de construção ofensiva, dedicando-se quase exclusivamente a aparecer em zonas de finalização. A ausência de golos não implica necessariamente más exibições, e pode-se dizer que é este o caso do jogador do Sporting em grande parte dos jogos. Na partida contra a Académica, por exemplo, foi um inspirado Ricardo que por mais que uma vez lhe negou o golo, e mais recentemente, no jogo contra o Olhanense, foi Montero quem assistiu Mané para o golo que deu a vitória aos leões.