Era um Benfica com pressão positiva aquele que esta noite recebia o Vitória de Guimarães, no Estádio da Luz. Depois da derrota do FC Porto ontem, no Dragão frente ao Estoril, os encarnados tinham oportunidade preciosa para cavar um fosso cada vez mais interessante para os rivais da invicta. O resultado de 1-0 peca por escasso num encontro onde os encarnados foram superiores e criaram oportunidades suficientes para vencer por margem mais folgada. Mas eram mesmo os três pontos o que mais interessava. E esse objectivo foi conseguido. Com naturalidade e uma frieza típica de quem sabe onde quer chegar. 

Jorge Jesus não surpreendeu no onze que apresentou. Oblak voltou paraa defender as redes no campeonato, Sílvio substituiu um Maxi suspenso, Siqueira voltou à esquerda e Jardel manteve o lugar habitual de Garay (lesionado), ao lado de Luisão. Sulejmani jogou na vaga aberta pela suspensão de Gaitán e o resto é o que se sabe: Enzo e Fejsa no miolo, Markovic à direita e Lima-Rodrigo como dupla atacente. Já Rui Vitória procurou dar mais garra e velocidade à frente atacante, lançando Maazou para um lugar que vinha sendo ocupado por Tomané. E, diga-se depois de ver, a surpresa até que fez sentido.

Markovic abanou, Maazou respondeu

O Benfica até entrou 'mandão' no jogo e ainda não estava cumprido o primeiro minuto já Rodrigo desviava no coração da área para excelente defesa de Douglas. A entrada foi forte mas o Vitória não vacilou e depois de uma paragem algo prolongada no jogo, devido a uma cabeçada entre Jardel e Enzo Pérez, assumiram mesmo o controlo do encontro, perante uma formação das águias agora apática. Só aos poucos o Benfica pegou novamente nas rédeas, não sem antes ver Maazou desmarcar-se um par de vezes nas costas da sua defensiva.

A primeira meia hora do jogo teve nos pés de Markovic as melhores iniciativas. O veloz atacante sérvio saíu várias vezes com a bola no pé para o ataque, em slalons consecutivos, mas numas vezes decidiu mal e noutras deu a Rodrigo para... decidir mal. O avançado hispano-brasileiro foi mesmo o mais perdulário no ataque encarnado. Rematava quando devia passar, passava quando devia visar o alvo. Noutra ocasião foi Sulejmani quem recebeu passe açucarado do seu compatriota mas hesitou e quando rematou já tinha uma muralha negra à sua frente.

Foi à meia hora de jogo que o Vitória de Guimarães esteve perto de marcar pela primeira vez. Jardel inventou em zona proibida e perdeu a bola para Crivellaro mas nem este nem Marco Matias conseguiram dar o melhor seguimento a uma jogada de superioridade numérica atacante. O lance não deu golo mas trouxe alento à equipa vimaranense. E, poucos minutos depois, Maazou foi mais prático e, descaído para a direita, disparou forte para defesa apertada de Oblak. Soava o alarme na Luz e nas bancadas sentia-se algum frenesim desconfortável.

Quando os papéis se inverteram, surgiu o golo

Num jogo algo partido, o Vitória de Guimarães apertava e o Benfica respondia com fogachos ocasionais. Mas sempre que o fazia, conseguia criar perigo. E foi numa das várias combinações entre o quarteto atacante móvel (Markovic, Sulejmani, Rodrigo e Lima) que surgiu o golo inaugural. Rodrido e Markovic, os mais participativos, resolveram trocar os papéis. O hispano-brasileiro apareceu em zonas de número 10 e serviu, com um toque precioso, Markovic nas costas da defesa visitante. O resto é arte do jovem sérvio. O domínio feito em chapéu tirou Douglas do caminho e o segundo toque na bola serviu apenas para a empurrar para as redes desertas. O mais difícil parecia feito. 

Segundo tempo começou com a mesma toada mas depressa arrefeceu

Se foi um jogo aberto aquele que tivemos na primeira parte, a etapa complementar começou da mesma forma. Nos primeiros cinco minutos isso ficou logo claro. Rodrigo e Sílvio visaram a baliza primeiro, Maazou depois, para defesa novamente segura de Oblak. O jogo foi arrefecendo e os técnicos sentiram necessidade de ir ao banco. Rui Vitória lançou Hernâni e Tiago Rodrigues para os lugares de Crivellaro e Barrientos. Jesus apostou em Salvio por Sulejmani, num regresso há muito esperado na Luz.

Controlar os preciosos três pontos

O Benfica não matava o jogo mas controlava, numa imagem que vem marcando esta temporada. Mais pragmatismo e uma estratégia mais resultadista davam poucas chances a um Guimarães sem ideias. O Benfica sabia que aqui estavam três pontos muito importantes. E no contra-ataque, ao minuto 83, Lima deveria ter resolvido a questão. Rodrigo uma vez mais precioso na assistência mas o antigo avançado do Braga foi pouco lesto na cara de Douglas, contornou-o e atirou à malha lateral.

Rúben Amorim para fechar a porta

Se restavam dúvidas relativamente à satisfação de Jorge Jesus com o escasso 1-0, a entrada de Rúben Amorim por Lima tirou-as. Era controlo o que mais precisava este Benfica e para tal nada melhor que o reforço do miolo. O meio campo ficou mais coeso e com mais bola o Benfica apareceu, naturalmente, mais vezes perto da baliza de Douglas. 

Os encarnados não marcaram mas também não tremeram. Quando seria natural um último assédio à baliza de Oblak, nada houve a incomodar o guardião esloveno. O Benfica segurou, fechou e voltou a acabar o jogo sem golos sofridos, algo que vem sucedendo consecutivamente desde há algumas jornadas para cá. 

Sporting a cinco, FC Porto a sete

Terminado o segundo terço do Campeonato, as coisas dificilmente poderiam estar melhores para a equipa comandada por Jorge Jesus. Mantêm-se os cinco pontos de vantagem para o agora segundo classificado Sporting (que na prática são seis, dada a vantagem no confronto directo) e acentua-se a diferença pontual face ao FC Porto, que passa de quatro para sete pontos. Dúvidas sobre a candidatura deste Benfica ao título? Nenhuma.