A formação orientada pelo estratega Jorge Jesus carimbou o passaporte para os oitavos-de-final da Liga Europa. As águias juntaram ao golo de Lima na primeira mão, mais três tentos com um global de 4-0 no conjunto da eliminatória, sem esquecer a homenagem merecida, a um dos melhores jogadores de sempre do emblema encarnado, Mário Coluna, que nos deixou recentemente, ficando para a história, o contributo dado ao Benfica e à Selecção Nacional. Neste jogo, tanto Rúben Amorim como Gaitán, foram peças fundamentais para o desfecho desta partida e, no caso do argentino, foi mais que isso: a sua técnica apurada, aliada a uma velocidade estonteante, representaram, sem dúvida, um regalo para os mais de 25 mil adeptos presentes na Luz. Para além de Gaitán, também Lima e Markovic fizeram o gosto ao pé e o Benfica junta-se, assim, ao Porto, na próxima fase da Liga Europa.

PAOK viu-se grego para parar Gaitán

O Benfica recebeu o PAOK, para a 2ª mão dos 16 avos-de-final da Liga Europa e, para os encarnados, valeu o golo de Lima marcado na 1ª mão, para dar outra tranquilidade à equipa, neste jogo em casa. No primeiro tempo foi evidente o equilíbrio nas quatro linhas mas com ligeiro ascendente para as águias. Com Rúben Amorim a cortar as investidas gregas, Gaitán teve o papel de agitar a frente de ataque mas foi Cardozo a ficar perto do golo, com 2 remates perigosos para a redes de Glykos. Para os helénicos, relevo apenas para um lance de Lucas que, com um tiro aparentemente inofensivo, quase batia o desamparado Artur.

Nos segundos 45 minutos, o Benfica soube suportar o ímpeto inicial do PAOK e, depois de um disparate do ex-jogador dos encarnados, Katsouranis, ficou a jogar com mais um elemento, após a expulsão do grego. Na sequência desta falta, Gaitán bateu o livre, que foi rigorosamente bem convertido, com um remate pleno de intenção e classe, que colocou as águias, na frente do marcador e, para a gíria do futebol, foi um toque absolutamente genial, a fazer lembrar um “penalty à Panenka” mas, neste caso, de livre, deixando o guardião helénico pregado ao chão. Do banco de suplentes saltaram Markovic e Lima que, perante um PAOK de cabeça perdida, estabeleceram o resultado final em 3-0 para os comandados de Jorge Jesus. Neste jogo, a expulsão de Katsouranis (minuto 68) foi o lance chave para o desenlace desta eliminatória e, depois do golo de Gaitán, foi Lima que converteu, de forma irrepreensível, o castigo máximo (minuto 78), com o guarda-redes para um lado e bola para outro. Enquanto os aficionados festejavam o tento de Lima, Markovic resolveu surpreender, pouco depois, com mais um bom gesto técnico, que fechou a contagem em 3-0 para as águias.

Rúben Amorim dominou o miolo e abriu espaço à magia de Gaitán

Com Enzo Pérez e Oblak fora dos convocados, Jorge Jesus fez mais uma pequena revolução no onze inicial, com a inclusão de Rúben Amorim, André Gomes, Salvio, Djuricic e Cardozo. Na baliza, Artur, que rendeu o titularíssimo Oblak, voltou a não mostrar grande segurança no último reduto encarnado e, não fosse a inoperância grega no ataque, aliada ao mérito dos centrais vermelhos, a sua falha (nos minutos iniciais) poderia ter sido desastrosa para o desfecho da eliminatória. No centro da defesa, o regressado Garay voltou a demonstrar bastante consistência, ao lado de Luisão e, foram poucas as investidas do PAOK, graças ao equilíbrio defensivo destes dois atletas. Os laterais Sílvio e Maxi Pereira, apesar de não terem arriscado tanto, como nas partidas anteriores das águias, estiveram irrepreensíveis a defender e, principalmente Sílvio, foi um bom apoio pra Gaitán, no flanco esquerdo encarnado.

No meio campo, verificámos que, mais uma vez, o técnico do Benfica alterou o sistema táctico, em relação aos jogos do campeonato português, jogando num 4x3x3 que, em algumas fases da partida, se confundia num 4x2x3x1, com Rúben Amorim a desempenhar a função de médio defensivo, umas vezes sozinho, outras com a companhia de André Gomes. O internacional português Rúben Amorim, que rendeu Fejsa na titularidade, cumpriu de forma exemplar, o papel de equilibrar as dinâmicas defensivas da equipa e, muitas vezes, impulsionou a equipa para o ataque, acabando por disfarçar, a exibição apagada de André Gomes no miolo, tendo inclusive, dois remates na partida, e num deles, quase abria o marcador para os encarnados. A número 10, Djuricic, voltou a não justificar a aposta do treinador e, não fosse a noite endiabrada de Gaitán, que alternava a posição de extremo, com a de médio ofensivo, as iniciativas atacantes do Benfica não teriam fluído da melhor forma.

No ataque, Salvio regressou à titularidade, 5 meses e meio depois de ter alinhado contra o Sporting, na 3ª jornada da Liga Zon Sagres e, apesar de algumas movimentações interessantes na ala direita, demonstra ainda uma falta de ritmo, facto que é compreensível para um jogador que esteve tanto tempo parado, não deixando de demonstrar alguns dos seus dotes técnicos. O internacional argentino, Nico Gaitán foi, a par de Rúben Amorim, o melhor jogador em campo e, com vários vários slaloms e lances de elevada craveira técnica, embelezou uma exibição consistente dos encarnados, coroando este desempenho, com um golo magnífico. O avançado Óscar Cardozo esteve duas vezes perto do golo mas, ainda não foi desta que o paraguaio voltou a fazer o gosto ao pé. Destaque ainda para as entradas de Lima e Markovic que, vindos do banco de suplentes, ainda foram a tempo de brindar os sócios e simpatizantes da equipa, com 2 golos.

PAOK sem argumentos para contrariar o domínio encarnado

Com uma desvantagem de 0-1, trazida de Salónica, o técnico grego apresentou uma equipa relativamente desinibida na Luz, mas sem grande critério para definir os lances de ataque a seu favor. Nesta partida, relevo para o guardião Glykos que, com várias intervenções de qualidade, evitou a humilhação no reduto do Benfica, parando remates de Cardozo, Rúben Amorim e Gaitán. Os outros destaques da equipa vão para o experiente e ex-jogador da Académica, Lino que, aos 36 anos, teve pulmão para aguentar algumas investidas do meio campo das águias. As únicas oportunidades de golo da equipa surgiram por intermédio de Maduro e de Lucas, que poderiam ter mudado a história do jogo. Esta equipa, que se encontra no 2º lugar do campeonato grego, a 20 pontos do líder Olympiakos, foi claramente inferior aos portugueses, no conjunto das duas mãos da eliminatória.

As reacções à partida

Para o treinador Jorge Jesus, o golo da 1ª mão foi preponderante para encarar este jogo e, segundo o técnico: “A passagem era o grande objectivo. Se pudéssemos jogar com qualidade e segurança defensiva, melhor. O resultado do primeiro jogo permitiu-nos jogar em termos tácticos, mas sem abdicar das nossas ideias tanto defensiva como ofensivamente. O Benfica tem estado seguro sempre, está muito confiante. As vitórias dão confiança aos jogadores, (…) Defrontámos um adversário bom. Só demonstrámos uma superioridade muito maior depois da expulsão do Katsouranis, (…) A equipa tem consciência de que, por vezes, tem de saber defender e assumir que o adversário pode estar por cima, mas sabendo sempre o que tem de fazer a seguir”.

O técnico dos gregos, Huub Stevens, preferiu culpabilizar-se, com os erros de arbitragem, em vez de atribuir demérito à sua equipa e, segundo o técnico:“Estou desapontado com o resultado, mas satisfeito com a forma como estamos a jogar. Fomos organizados, uma vez mais. Depois o árbitro expulsou o nosso jogador, e no livre o Benfica marcou. Ficou muito complicado, frente a uma equipa forte como o Benfica. O primeiro jogo perdemos por causa de um golo em fora de jogo, e aqui por causa de uma expulsão. É duro, mas é futebol. (…) O Benfica jogou melhor no primeiro jogo. Nós jogámos melhor hoje do que na primeira mão.”

Segue-se o Tottenham no caminho do Benfica

Para os oitavos-de-final da competição, o Benfica terá de defrontar os ingleses do Tottenham, que eliminaram, esta quinta feira, o difícil Dnipro, por 3-2, no conjunto da eliminatória. Os londrinos tiveram muitas adversidades nesta ronda e, perante uma desvantagem, na 1ª mão, os ingleses deram a volta aos acontecimentos, com golos de Eriksen e Adebayor.

Para o jogo de dia 13, o Benfica terá de enfrentar o titular da baliza da selecção francesa, Lloris, deixando de sobreaviso, Gaitán e companhia. No meio campo, Sandro é o principal motor da equipa inglesa e, na frente, dispensam apresentações, jogadores como: Soldado, Adebayor ou Lamela que, de um momento para o outro, podem decidir qualquer partida. Perante isto, espera-se uma eliminatória equilibrada e com a certeza que, os intervenientes tudo farão para proporcionar um grande espectáculo de futebol.