Com o título cada vez mais longe, o FC Porto empatou este Domingo com o Vitória de Guimarães e o fosso para o líder é agora de 9 pontos. A vencer 0-2 os dragões deixaram o Vitória crescer no jogo com Maazou e Marco Matias a anularem os tentos de Quaresma e Licá. Contas feitas, os azuis e brancos mantêm o 3º lugar e viram ainda oEstoril aproximar-se estando com apenas 3 pontos de distância. A revalidação do título parece ser uma miragem porque para além de estarem a 9 pontos do Benfica, os dragões estão também a 4 do 2º classificado o Sporting, com 43 pontos (39 golos marcados e 16 sofridos). Os vimaranenses continuam em 6º lugar com 30 pontos, a 4 do ambicionado lugar europeu.

Um Guimarães dominador perante um Porto que não aprende com os erros

Com um estádio D. Afonso Henriques repleto de aficionados e emoções, Porto e Guimarães entraram em campo e na primeira parte foram os dragões a pressionar nos primeiros 10 minutos da partida com movimentações rápidas no flanco de Quaresma e Danilo. Nos minutos seguintes, o Vitória equilibrou o jogo com o médioAndré André a conduzir o ataque minhoto onde Maazou mostrou uma ineficácia atroz. Contudo, ao minuto 17 Ricardo Quaresma contrariou o domínio minhoto e beneficiou de uma grande penalidade que colocou os azuis e brancos a vencer por uma bola a zero. Com o primeiro tento do Porto, o Guimarães não deitou a toalha ao chão, mas mais uma vez foi o Porto que aumentou a vantagem por intermédio do internacional português, Licá (ao minuto 41) que substituiu o habitual titular Varela. Num primeiro tempo verdadeiramente fantástico destaque para a boa organização do meio-campo do Vitória, que numa jogada de insistência construiu o último lance até ao intervalo, com Maazou a não facilitar perante a inoperância habitual da defesa azul e branca, reduzindo assim a desvantagem para 1-2.

Este primeiro tempo foi difícil para o juiz do encontro, com os responsáveis vimaranenses a queixarem-se de alguns lances que poderiam ter levado à expulsão do ex-vitória Abdoulaye. No início do segundo tempo, o Guimarães manteve a solidez na defesa e no meio-campo e diante um Porto claramente desorganizado e desmotivado, acabou por aproveitar a passividade do último reduto dos dragões com Marco Matias a balançar as redes de Helton pela 2ª vez aos 52 minutos reestabelecendo assim um empate neste empolgante encontro. Depois do golo a acutilância ofensiva dos comandados de Rui Vitória intensificou-se e o empate começava a ser injusto para o Guimarães. Até final a formação vimaranense ficou perto de chegar à vantagem e depois de uma jogada bem delineada pelo miolo de Rui Vitória, Nii Plange surge na cara de Helton com tremenda infelicidade para o avançado com a bola a embater no poste do guardião azul e branco. Este empate acaba por ser injusto para a equipa da casa saltando à vista a apatia dos actuais campeões nacionais. Apesar da má exibição dos portistas, a partida teve bastante emoção com dois golos para cada lado e com este empate, Paulo Fonseca parece ter os dias contados à frente da formação azul e branca.

Desastre defensivo de um dragão apático

Na formação do Futebol Clube do Porto, o técnico Paulo Fonseca incluiu no onze inicial Maicon, Licá e Ghilas e foi notória a falta que o herói de Frankfurt, Mangala fez na defesa. Para tentar evitar os golos do Guimarães, Helton alinhou pelos azuis e brancos e com os dois golos sofridos leva já mais dois do que toda a época passada colocando a nu as fragilidades defensivas do dragão. A exibição de Abdoulaye foi terrível, com o central a cometer várias faltas e a dar muito espaço aos atacantes do Vitória, como foi possível ver nos golos da equipa da casa, onde Maicon demonstrou também uma tremenda falta de atenção com as abordagens aos lances a serem de todo ineficazes. Os únicos destaques positivos dos dragões foram os inevitáveis laterais, Danilo e Alex Sandro que mostraram o porquê de já terem alinhado pela selecção nacional do Brasil. No centro do terreno, Fernando Herrera e Carlos Eduardo não souberam fazer a ligação entre a defesa e o ataque e nem mesmo o luso-brasileiro a médio-defensivo equilibrou a nervosa formação de Paulo Fonseca. Quando se esperava mais pulmão e a acutilância de Herrera e Carlos Eduardo, verificou-se um domínio total do Vitória no miolo com André André e André Santos em grande plano.

No ataque, Quaresma (2º golo no campeonato) e Licá fizeram o gosto ao pé, mas à imagem da sua equipa tiveram uma exibição tímida e sem rasgos de velocidade pelos respectivos flancos cabendo a Danilo e Alex Sandro as principais transições rápidas na manobra ofensiva da equipa, onde o esforçado Ghilas pouco ou nada pôde fazer perante tanta falta de construção de lances de ataque. Nesta partida, Jackson Martinez que iniciou o jogo no banco depois de ter saído condicionado no jogo da Liga Europa ainda foi colocado em campo. Todavia, a falta de alma e garra do conjunto azul e branco não permitiram ao colombiano manter o FC Porto na luta pelo título. De uma forma resumida é evidente que a equipa do Porto mantém a instabilidade defensiva que se acentuou com a ausência de Mangala e com um meio-campo desorganizado e sem ligação entre sectores não permitiram ao ataque do Porto oportunidade suficientes para sair de Guimarães com os 3 pontos.

Garra minhota com os “Andrés” ao comando do Vitória

O treinador Rui Vitória encarou a partida frente ao FC Porto de uma forma ambiciosa e sem temer o adversário com o intuito de perseguir o objectivo de chegar à Liga Europa. Na defesa minhota, Douglas não teve qualquer culpa nos golos sofridos e esteve seguro na restante partida. Sem Abdoulaye, Paulo Oliveira é agora o patrão do último reduto vimaranense e principalmente na 2ª parte não deu qualquer hipótese a Quaresma e companhia.

No meio-campo do Guimarães reside o segredo da organização desta equipa, organização essa que faltou ao Futebol Clube do Porto. Neste jogo as movimentações de André André e de André Santos baralharam por completo os desamparados centro campistas do Porto e permitiram à sua equipa balancear-se para o ataque de forma criteriosa. O organizador de jogo André André foi mesmo o melhor em campo com o jogador a mostrar uma entrega e garra extraordinárias, despertando a atenção de vários clubes para uma possível transferência.

No ataque, Maazou desperdiçou várias oportunidade de golo mas premiou os mais de 15 mil adeptos presentes no estádio com o seu 3º golo na prova ajudando a equipa a empatar frente aos campeões nacionais. Com técnica e velocidade Crivellaro e Nii Plange foram essenciais, mas Marco Matias foi o grande foco ofensivo ao apontar o seu 6º tiro certeiro na liga, sendo ele o melhor marcador da equipa vimaranense.

Desilusão de Fonseca e a satisfação de Rui Vitória

Com mais um deslize no campeonato e o título por um fio, para o técnico Paulo Fonseca: «Até quatro minutos da 1ª parte fizemos um excelente jogo a todos os níveis. A partir daí, com o golo sofrido a equipa não conseguiu jogar mais. Não merecemos outro resultado. Parece que não aprendemos a lição e quando assim é… é inadmissível e uma situação recorrente, estarmos a ganhar por 2-0 e permitir o empate. Na segunda parte deixámos de jogar, de circular a bola, passámos a fazer jogo directo e daí o resultado (…) Não são só erros individuais mas a verdade é que continuamos a sofrer golo por falta de concentração, isso é notório. Há coisas inexplicáveis e o que se passou aqui é inexplicável. Entrámos aqui da melhor forma e nada fazis prever isto, como noutras situações. Esta intranquilidade no momento defensivo está a ser difícil de ultrapassar (…) O campeonato está muito difícil mas temos de ganhar os 9 jogos que faltam

Com o 5º lugar a 4 pontos de distância e depois de ter travado o campeão nacional, o treinador Rui Vitória afirmou que: «Efectivamente conquistámos 1 ponto, mas a sensação que fica é que tivemos oportunidades para ganhar jogo. A equipa esteve competente a vários níveis, apesar de não termos começado bem. O FC Porto entrou com dinâmica e nós um pouco receosos. Mesmo assim, ainda tivemos várias oportunidades. Contudo, ao não conseguirmos finalizar acabámos por ser penalizados.»