Ruptura total entre a massa associativa do FC Porto e a equipa: viveram-se ontem à noite momentos de clara tensão à chegada do autocarro azul e branco, que transportava a comitiva dos «dragões» de volta para o Estádio do Dragão, depois do empate com sabor a derrota, 2-2, obtido na cidade de Guimarães. Os portistas estão agora a 9 pontos do líder Benfica e a 4 pontos do segundo classificado, o Sporting. Resultado directo das más prestações portistas e do galopante atraso para os dois rivais, os adeptos nortenhos mostraram toda a sua fúria e descontentamento, projectando a sua violência no autocarro, pontapeado a viatura e obrigando à interrupção da sua marcha.

Cânticos de ordem expressando a revolta foram entoados pelos adeptos. «Joguem à bola» ou «Vocês são uma vergonha» foram as frases mais proferidas, à passagem do autocarro azul. Esta é a segunda demonstração de ruptura entre adeptos e formação portista, depois da polémica saída das viaturas particulares que transportavam os jogadores do FC Porto, na noite em que os campeões nacionaisperderam 0-1 com o Estoril. Paulo Fonseca está no centro do turbilhão, sendo ele visto como o elo mais fraco de uma crise que parece estar para perdurar. Não se vislumbram decisões directivas neste momento, ainda que sejam claros e persistentes os pedidos do actual treinador do FC Porto para abandonar a estrutura técnica da equipa. A vontade assertiva de Fonseca será a saída imediata, facto que parece chocar com as pretensões de Pinto da Costa e de parte da administração do Dragão, que tardam em sanear o impasse.

Cabeça perdida em Guimarães

Se os adeptos portistas estavam de cabeça perdida, o mesmo se poderia dizer dos próprios jogadores azuis e brancos. No final do encontro de ontem, que opôs o clube campeão nacional ao Vitória Sport Clube, foi  visível o indisfarçável nervosismo dos elementos portistas que compunham o onze derrotado, ainda que o resultado se tenha cifrado em 2-2. Depois de estar a vencer por 2-0, os «dragões» viram o ressurgimento vitoriano negar-lhes a vitória (golos de Maazou e Marco Matias) e, depois do apito final, o transtorno tomou conta da cabeça de jogadores como Ricardo Quaresma. Este último pontapeou objectos e envolveu-se em bate-bocas com os associados da casa. Helton, capitão portista, foi o único a saudar os adeptos do seu clube, facto que o deixou notoriamente irritado com os colegas de equipa.