Se o jogo com o Sporting era a prova de fogo de Luís Castro para o campeonato, o jogo desta noite com o Nápoles era o tudo ou nada para o técnico portista. E foi o tudo. Mesmo depois de estar com a eliminatória empatada, Luís Castro continuou a acreditar e fez as trocas necessárias para garantir presença nos quartos-de-final. Ghilas e Quaresma bateram Reina as vezes que foram precisas para mostrar que jogando com alma e coração, tudo é possível.

O apertão que era preciso

Benitez sabia que a vitória do FC Porto na primeira-mão não era segura e acreditando que a estrelinha do San Paolo continuaria a brilhar, fez quatro trocas no onze inicial.Deixou Réveillère, Britos, Callejón e Hamšík e deu lugar a Mertens, Pandev, Fernandez e Inler no onze titular do Nápoles. A equipa da casa estava então a jogar com dois pontas de lança, Higuaín e Pandev, e o golo era mais que uma certeza para o treinador espanhol. A verdade é que pouco se viu da equipa portista nos primeiros 45 minutos. O Nápoles entrou ao ataque e isso foi evidente desde o primeiro minuto, mas as distracções e o nervosismo da equipa do Porto também ajudaram para que isso acontecesse. As desatenções de Mangala e Reyes eram demasiadas para o permitido e muitas foram as vezes que foi Fabiano a evitar o golo a Higuaín. A verdade é que os jogadores italianos pareciam não encontrar a baliza de Fabiano, mas à chegada do minuto 21' tudo isso mudou. Depois de um passe brilhante de Higuaín, que Mangala não teve como evitar, Pandev encontrou Fabiano pela frente e num remate forte e bem colocado acabou com a bola no fundo da baliza!

A boa combinação de Pandev e Hinguaín acabaram no primeiro golo da partida (Foto: Uefa.com)

A eliminatória estava agora complicada e o estilo de jogo da equipa italiana não davam o espaço necessário à equipa do FC Porto para jogar como queria e os apupos vindos das bancadas do San Paolo também não ajudavam. Depois do golo de Pandev a equipa azul e branca acordou e finalmente se viram em Itália algumas investidas portistas. Ainda antes de terminar a primeira parte, Varela teve o golo nos pés, mas falhou-lhe a bola! Depois de uma jogada de mestre e de um passe de qualidade de Ricardo Quaresma, o avançado do Futebol Clube do Porto tentou o pontapé de primeira, mas a bola bateu no chão e foi direitinha para as mãos de Reina. Ficava o aviso para a equipa da casa que o Dragão estava a acordar e que na segunda parte as coisas podiam mudar de figura.

Sete minutos de Magia

Ao começo da segunda parte, o Napóles voltou a entrar ao ataque e não fosse Fabiano os golos podiam mesmo ter aparecido. O guarda-redes portista substitui Helton até ao final da época e pôde hoje garantir a Luís Castro que a baliza fica bem entregue. Ao minuto 51' já Higuaín fazia das suas e Fabiano mostrou as garras. Depois uma má recepção de Mangala, o guarda-redes do Porto ainda hesitou, mas à segunda chance de remate para o melhor marcador do Nápoles a defesa foi enorme! E pouco tempo depois voltou a negar-lhe o golo! O menino dos olhos de Benitez estava sozinho e de frente para baliza, rematou forte e colocado, mas o guarda-redes portista levou a melhor outra vez!

Pouco depois foi a vez de Luís Castro fazer a primeira alteração no jogo e deixar Josué no lugar de Carlos Eduardo. A partir daqui, a história foi outra. Com Josué e Fernando a meio-campo o Futebol Clube do Porto voltou a jogar a sério. E se com a entrada de Josué as coisas melhoraram, a entrada de Ghilas foi a cereja no topo do bolo: bastaram quatro minutos para ver Reina a ser batido. Depois de um passe de Fernando, Jackson viu a oportunidade de colocar a bola nos pés do argelino que ao ver a baliza de Reina pela frente não perdoou. Rematou forte e de pé esquerdo a bola acabou por morrer no fundo das redes napolitanas. Estava feito o golo do empate e bastava ficar assim para a equipa azul e branca rumar aos quartos de final.

Ghilas fugiu à defesa italiana e depois de um passe de Jackson foi com o pé esquerdo que fez o golo (Foto: Uefa.com)

As coisas começam agora a sorrir e o acumulado parecia estar em paz com a equipa portista. Apesar de tudo o resultado ainda não estava seguro e as investidas do Nápoles continuavam. Valeu, como até aqui, o gigante Fabiano a negar o golo por mais duas vezes, mas em menos de sete minutos o vento voltou a soprar para o lado certo. Aos 76 minutos Quaresma sentiu, acreditou, rematou e marcou! O jogador do Futebol Clube do Porto fugiu a três defesas e não largou a bola, depois, à boca da pequena área rematou forte para o canto direito da baliza de Reina. Um golo perfeito para uma defesa impossível. O inferno de San Paolo deixou de fazer ouvir e eram agora as claques portistas que deliravam com a garantia da passagem aos quartos-de-final da Liga Europa. A eliminatória estava resolvida e a prova diso foi a substituição de Rafa Benitez... Saiu Hinguaín e entrou Zapata. O treinador espanhol rendeu-se e depois disso ainda tirou Mertens para a entrada de Callejon. A verdade é que as entradas e as saídas resultaram.

O Nápoles ainda teve tempo para empatar. Já em tempos de descontos, os recém entrados Zapata e Callejon mostraram que deviam ter sido titulares e fugiram à defesa azul e branca. Depois um passe bonito de Callejon, Zapata na cara de Fabiano não perdoou e bateu o guarda-redes portista. Um golo de qualidade, mas que arrancou poucos aplausos das bancadas do San Paolo. O Nápoles nunca tinha sido eliminado em casa para uma competição europeia e Luís Castro foi o primeiro a mostrar que tudo é possível quando se joga com o coração.

A passagem foi dedicada ao capitão Helton que se lesionou no jogo com o Sporting, e deu a época por terminada. Amanhã o Porto irá conhecer qual o adversário a encontrar na próxima fase. Numa noite onde também o Sport Lisboa e Benfica garantiu a passagem à próxima fase.