O Sporting tem pasmado tudo e todos pela constância dos seus resultados e pela regularidade das suas vitórias, fundando a sua posição na Liga através de alicerces sustentáveis e resistentes: aposta contínua na formação, escolha de um plantel curto mas totalmente definido, estabilidade exibicional e técnica e uma jovial ambição polvilhada por salpicos da humildade típica de quem carrega consigo o airoso estigma de «underdogs». Descomprometido com a conquista da Liga mas casado com a necessidade de encurtar passivos e reduzir despesas, o Sporting reduziu igualmente a fasquia eapontou ao apuramento (directo ou não) para a Liga dos Campeões, objectivo que está conseguido, depois da vitória por 1-3 sobre o Paços de Ferreira.

Com 11 pontos de vantagem sobre o Porto (que só entra em campo hoje) os «leões» têm o segundo lugar praticamente assegurado, podendo elaborar a próxima época com a certeza dos milhões da competição milionária, facto que ajudará certamente o clube leonino a consolidar a sua regeneração financeira. Se a tendência se confirmar no término das trinta jornadas do campeonato nacional, o Sporting surpreenderá a massa crítica do futebol luso, ficando à frente do tri-campeão nacional FC Porto, que desiludiu na corrida pela renovação do título de líder supremo do futebol português. Acima das previsões, o clube de Alvalade realizou um sólido campeonato, adicionando às boas exibições um pendor ofensivo assinalável: 50 golos em 26 jogos, juntando a esse registo a segunda melhor defesa da prova, com 18 tentos concedidos.

Kryptonite do Sporting só na casa de Porto e Benfica

A irrefutável constância leonina na Liga apenas é abalada pelas deslocações a casa dos seus grandes rivais eternos, Porto e Benfica. Em 26  jogos volvidos, o clube leonino apenas conta com duas derrotas no cadastro desta Liga Zon Sagres 2013/2014, e esses dois desaires tiveram lugar nos estádios do «dragão» e da «águia», Porto e Benfica respectivamente: 3-1 no reduto portista e 2-0 no ninho vermelho das «águias». A fraqueza deste Sporting apenas se notou nas duas derrotas inequívocas contra os dois rivais históricos, duas ocasiões em que a equipa verde foi totalmente ultrapassada pela concorrência, sem grande margem para dúvidas. 

No Estádio do Dragão, a 27 de Outubro de 2013, o Sporting ainda igualou o marcador (depois de um tiro de William Carvalho) mas Danilo e depois Lucho resolveram a contenda a favor dos azuis. Na Luz, a 11 de Fevereiro, foi a vez do Benfica bater o Sporting com clareza: dois golos sem reposta (Gaitán e Enzo compuseram o tango argentino da vitória) demarcaram o domínio encarnado, que mais tarde viria a ser marca desta Liga. Numa exibição depauperada, o Sporting entregava os pontos e deparava-se com as suas fragilidades.

Em casa a história é outra

Jogando dentro das suas quatro linhas, este Sporting mostrou sempre um cara aguerrida sempre que defrontou os seus rivais, Benfica e Porto. Na terceira jornada do campeonato enfrentou o Benfica, obtendo um empate 1-1, depois de ter assustado de morte a equipa encarnada: Montero marcou primeiro, traduzindo a superioridade leonina na partida. Markovic igualou o tira-teimas e foi assim que o jogo se resolveu, um ponto para cada equipa, saíndo o Sporting de Alvalade com a sensação de fome por matar. No jogo contra o Porto disputado em casa, os «leões» mostraram a sua raça, não permitindo que os créditos fossem cair em mãos alheias: 1-0 no final dos 90 minutos, golo de Slimani.

Nos restantes jogos nos quais perdeu pontos, a formação verde e branca repartiu as perdas pontuais, não apresentando uma particular tendência que explique os atrasos: em seis empates na Liga Zon Sagres, o Sporting desencontrou-se das vitórias quatro vezes em casa e duas fora de portas, sendo que uma dessas quatro ocasiões foi contra o rival lisboeta Benfica (1-1). De resto, verificam-se empates contra Rio Ave (1-1 em casa), Nacional (0-0 em casa), Estoril (0-0 no Estádio Coimbra da Mota), Académica (0-0 em Alvalade) e Vitória de Setúbal (2-2 fora). 

18 jogos e apenas uma derrota nas contas leoninas

É de referir que o Sporting que o ano passado perdia pontos a cada esquina, esta época leva já 18 partidas consecutivas com apenas uma derrota na bagagem, aquela verificada na Luz, 2-0. Em 26 jogos o Sporting apenas sucumbiu por duas vezes, o que mostra fidedignamente a capacidade da sua abnegação e espírito competitivo, característica que nunca apresentou na temporada transacta. Com quatro triunfos sucessivos nos últimos quatro encontros (8 golos marcados) o Sporting praticamente confirmou o segundo ligar na Liga, deixando para trás o competidor Porto.

A forma leonina sustenta-se na capacidade técnica de Leonardo Jardim e do seu pragmático e eficiente 4-3-3, mas também nos momentos altos de algumas das suas figuras de charneira: Montero foi o primeiro a dar o mote, com uma avalanche de golos na primeira metade do campeonato; depois Adrien Slimani entrou ao serviço, resolvendo jogos e preenchendo o vazio de golos do colombiano. Enquanto isso, Rojo pegou de estaca na equipa, William mostrou ter classe mundial, Adrien fez-se distribuidor de jogo e Carlos Mané saltou para a ribalta. 

Pouca sorte fora da Liga

Fora da Liga, os «leões» não tiveram grande sorte aquando dos embates contra Porto e Benfica. Se no «derby» da Taça de Portugal o Sporting caiu aos pés dos encarnados depois de um frenético 4-3 decidido em pleno prolongamento, no clássico frente ao FC Porto, jogado em Alvalade, o resultado não beneficiou em nada os sportinguistas: um inconclusivo 0-0 que acabou por prejudicar as contas dos «leões» no que à continuidade na Taça da Liga diria respeito.

Em ambas as ocasiões, o Sporting mostrou futebol para discutir o resultado com equipas mais apetrechadas, mas, para infelicidade dos adeptos verdes, a formação leonina não foi capaz de ultrapassar as adversidades. No duelo com o Benfica, esse contratempo teve um nome: Cardozo, que marcou por três vezes a Patrício. No jogo contra os portistas, a falta de eficácia arruinou as chances leoninas de vencer, tendo Fabiano desempenhado um papel fundamental na manutenção do nulo.