Com as novas regras impostas pela FIA ao design das dianteiras dos monolugares para esta época, aumentou o desafio das escuderias em alterarem a concepção e fabrico de toda a secção dianteira dos carros. Com estas alterações em termos aerodinâmicos, a FIA espera que os novos narizes sejam concebidos com vista a um centro de gravidade mais baixo e à redução do risco quer de corte de pneus quer do levantamento no ar dos monolugares após colisão, de modo a aumentar a segurança durante as corridas.

A obsessão pela aerodinâmica

O design de qualquer carro de Fórmula 1 começa pela asa dianteira, isto porque a aerodinâmica é o elemento-chave de qualquer monolugar, e porque este é o componente com mais responsabilidades pela estabilidade e tracção. Sendo o primeiro ponto de contacto do ar com o carro em movimento, tem a finalidade de aumentar o downforce (força vertical de cima para baixo que gera mais pressão sobre os pneus, aumentando a tracção e permitindo curvas a maior velocidade) e gerir o fluxo de ar até à traseira do monolugar.

Para a temporada de 2014, a Ferrari concebeu o nariz e a asa dianteira do seu F14-T de uma forma peculiar. O novo formato dianteiro redesenhado pela escuderia de Maranello tem a aparência de uma caixa de correio, graças à sua incomum abertura frontal. Este novo e surpreendente design, obrigando o ar a passar pela estreita abertura do nariz, permite criar um efeito de Venturi, acelerando o fluxo do ar e levando à sua expansão na área por detrás do nariz, após a apertada passagem pela entrada na "caixa do correio", assim actuando como difusor. Com este formato, os designers da equipa italiana esperam que, a altas velocidades, o monolugar experiencie maior estabilidade, uma vez que a tracção resultante da maior força descendente será igualmente maior.

Os flaps e endplates (7) da asa dianteira do Ferrari ajudam a forçar o ar sobre si mesma e também através de si, por forma a impedir a imobilização de massas de ar entre os pneus e a asa, o que, ainda que possa afectar alguma da força descendente, garante maior equilíbrio e consistência na condução, além de permitirem afastar os fluxos de ar das rodas, que de outro modo, pela sua dimensão, consituiriam um bloqueio à passagem do ar, com a agravante de que, pela sua rotação, atiraria ainda ar de volta à asa dianteira. Além disso, flaps curvos especiais (4 e 6), assim como um apoio entre o nariz e a asa, permitem produzir e orientar os vórtices gerados para as áreas do monolugar que mais cruciais são em termos de performance, nomeadamente as aberturas laterais, responsáveis pelo arrefecimento do motor e caixa-de-velocidades. Estes vórtices criados em torno dos monolugares permitem também diminuir o a sua resistência ao ar circundante, impedindo a interferência de turbulência lateral ou sob o nariz.

Nem sempre abonatórias são, porém, as críticas feitas à Ferrari em termos aerodinâmicos, pelo que só com o desenrolar da época mais efectivamente se poderá avaliar o desempenho desta original solução. A próxima prova, o GP de Espanha, marca o início europeu de 2014. Nas próximas nove corridas, oito serão disputadas em países do velho continente, o que, mais do que mera curiosidade geográfica, representa uma fase crítica do campeonato, uma vez que as equipas estarão mais perto das suas fábricas e centros de estágio, e que poderão assim mais facilmente trazer novos desenvolvimentos aos seus monolugares.

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