O Benfica empatou diante do Vitória de Setúbal, por 1-1, tendo estado à frente do marcador, devido a um golo de André Gomes; Rafael Martins, na sequência de um castigo máximo, igualou as forças em campo e assim tudo permaneceu até ao apito final. Num estádio a abarrotar de gente vibrante e orgulhosa da posição do clube encarnado, as «águias» vestiram o fato de gala para comemorar com os 52.000 adeptos presentes na apelidada «Catedral», mas a exibição não se equiparou à efusividade dos festejos. Num jogo morno e adormecido, o Benfica jogou mal, falhou demasiados passes e mostrou-se desconcentrado. Quem aproveitou para pontuar na casa do inimigo foi o conjunto sadino orientado por José Couceiro.

Jogo esquecido na festividade das vitórias

Vindo de um trajecto recente repleto de emoções fortes e gloriosas vitórias, o Benfica entrou em campo esta tarde dando aos espectadores a sensação de que estava ausente, jogando numa espécie de piloto-automático. No rescaldo do esforçado e estóico apuramento para a final da Liga Europa, os encarnados entraram na partida com uma latente dormência, permitindo aos sadinos um controlo passivo dos acontecimentos. A vigésima nona jornada mostrou um Benfica alheado, provavelmente focado nos grandes desafios que ainda figuram no horizonte: três finais por batalhar, Taça da Liga, Taça de Portugal e Liga Europa.

O equilíbrio tocou o compasso e o empate surgiu com naturalidade, depois de Pedro Tiba ser derrubado por Maxi Pereira dentro da área de rigor. O goleador sadino Rafael Martins, encarregado de marcar o castigo máximo, não titubeou e bateu o estreante Paulo Lopes, guardião encarnado que fez o seu primeiro jogo na Liga Zon Sagres esta temporada. O brasileiro apontou o seu 13º golo no campeonato, voltando a provar o valor que tem no onze de Couceiro.

O primeiro golo português...à 28ª jornada...

Quando o médio centro tocou para Cardozo e voltou a receber a bola depois da tabela com o paraguaio, estava a centímetros de concluir o primeiro golo do jogo e, também, imagine-se, o primeiro golo de um jogador português do Benfica nesta edição da Liga Zon Sagres. André Gomes bateu Kieszek aos 58 minutos com o pé esquerdo e marcou o primeiro golo encarnado de língua portuguesa: o tento luso demorou 56 golos, 2610 minutos depois do arranque da competição.

André Gomes, que tem visto a sua utilização no onze ser alargada a todas as competições, voltou a marcar, depois de ter sido o herói da eliminatória da Taça de Portugal, contra o rival FC Porto. O jogador, que viu o seu passe ser negociado em Janeiro, tem sido escolha cada vez mais habitual na formação encarnada, e no horizonte avista-se a responsabilidade de substituir Enzo Pérez na final europeia frente ao Sevilha FC, já que o argentino foi expulso diante da Juventus.

Paulo Tavares abanou a barra de Paulo Lopes

A formação do Vitória de Setúbal pressentiu a descontracão benfiquista e tentou levar a água ao seu moinho. Pedro Tiba, dinâmico e mexido, foi um elemento chave neste empate: o jogador sofreu a rasteira de Maxi Pereira quando entrava em fintas pela área encarnada adentro, tendo ainda assistido de calcanhar o colega Paulo Tavares, que enviou com estrondo a bola à barra de Paulo Lopes. No lance mais clamoroso da partida, os sadinos ficaram perto de empatar (o Benfica vencia, aos 64 minutos) mas Paulo Lopes ainda foi capaz de tocar subtilmente na bola, adiando o golo forasteiro.

Com este resultado, o Vitória de Setúbal empata pela terceira vez consecutiva pelo resultado de 1-1, depois dos confrontos com o SC Braga e Académica. O clube, que no primeiro terço da época despediu José Mota, consegue assim consolidar a oitava posição, com 36 pontos, mais dois que os «estudantes» liderados por Sérgio Conceição. O plantel, escolhido pelo antigo treinador de Paços de Ferreira e Leixões, engrenou com Couceiro e o final da prova tem sido tranquilo: a manutenção já é uma realidade há várias jornadas.

Jesus não deu prémio a jovens da equipa B

Mesmo num jogo para cumprir calendário, Jorge Jesus não arriscou colocar alguns dos seus jovens trunfos da equipa B na formação principal. Assim, jogadores como João Cancelo, Bernardo Silva ou Hélder Costa, acabaram por não merecer uma oportunidade para brilhar no palco da Luz. Jardel ocupou o lugar do lesionado Garay, Cardozo jogou na vez de Rodrigo e Sulejmani na posição de Gaitán. O sérvio Djuricic, ávido de hipóteses para provar o seu valor, jogou ao lado do paraguaio, enquanto André Almeida faz parelha lusa com André Gomes no centro do terreno. 

Cardozo leva apenas 2 golos em três meses

Dezassete participações e apenas dois golos, marcados mediante grande penalidade: esta é a série negra de Cardozo, que continua a permanecer com fome de golos. O ponta-de-lança, que perdeu a titularidade no onze encarnado depois da lesão nas costas (que o assolou depois da partida contra o Sporting, onde apontou 3 golos) voltou a jogar no dia 1 de Fevereiro (falhou o penalty decisivo contra o Gil Vicente) e desde aí já entrou em 17 jogos das «águias», não tendo logrado marcar golos de bola corrida.

Em 10 ocasiões, o paraguaio jogou 60 minutos ou mais - apesar das oportunidades que Jorge Jesus lhe tem concedido, Cardozo não tem conseguido demonstrar aptidão para o golo. Além disso, a dinâmica veloz e móvel da dupla Lima/Rodrigo tem acentuado ainda mais a lentidão, falta de agilidade e parca mobilidade do ponta-de-lança paraguaio, que parece sempre deslocado da manobra colectiva da equipa.