Hoje, às 20:30 horas, Rio Ave e Benfica darão início a um duelo duplo: esta noite disputa-se a Taça da Liga, dia 19 disputar-se-á a final da Taça de Portugal. O momento não é menos que histórico para a formação de Vila do Conde, já que pela frente terá a oportunidade especial de jogar duas finais, duas hipóteses de concretizar o sonho de erguer um troféu e coroar com brilhantismo uma temporada feliz, na qual conquistou o direito a ir às competições europeias em 2014/2015.

O favoritismo do Benfica é claro e inequívoco. A formação de Jorge Jesus vem de uma temporada possante, ganhadora e plena de qualidade exibicional, aliando a tudo isso o factor motivacional, onda de entusiasmo que tem acompanhado a equipa e catapultando-a para objectivos cada vez mais ambiciosos. Já campeão nacional e com o passaporte para Turim no bolso, os encarnados gozam de um poderio psicológico perto do inabalável. Mas do outro lado da trincheira das quatro linhas estará uma equipa igualmente feliz, realizada e brindada com a possibilidade de fazer história - Nuno Espírito Santo tem sido o resto da esperança e, a crer nas palavras do técnico, o Rio Ave está totalmente focado na tarefa de chocar o Benfica.

Como joga este Rio Ave?

O Rio Ave de Nuno Espírito Santo é tacticamente evoluído, bebendo o sistema de jogo directamente da fonte do treinador, um homem disciplinado que privilegia a harmonia entre sectores, nunca descurando a sua arma favorita, o contra-ataque rápido. Jogando muitas vezes numa espécie de 4-2-3-1, Espírito Santo impõe uma dupla de médios centrais à frente da linha defensiva, com intuito de reforçar o processo defensivo (6 elementos fecham a área e comprimem os movimentos adversários) mas também de consolidar a melhor forma de partir para o contragolpe.

A utilização desse duplo pivot central prende-se também com as características dos defesas laterais, que dispõem de propensão ofensiva assinalável e podem, caso o técnico exija, incorrer em subidas pelo flanco: enquanto Lionn ou Edimar tentam criar desequilíbrios nas faixas, Felipe Augusto e Tarantini (dupla usada ultimamente) compensam estruturalmente, permitindo à formação defender-se de potenciais rupturas.

Sempre atento aos espaços deixados pelo oponente, o Rio Ave constrói-se pleno de furtividade no seu ataque: dois extremos dão largura ao jogo vilacondense, apoiados no miolo por um médio ofensivo central que se camufla por entre as aptidões ofensivas mas que, no fundo, funciona como um terceiro médio central que auxilia a dupla atrás de si (Felipe Augusto e Tarantini), emoldurando por vezes a formação num 4-3-3. Diego Lopes pode ser a escolha para o posto (possui velocidade e drible mas carece de orientação táctica) assim como Braga, jogador experiente que tanto pode actuar perto da linha como até a avançado.

Ukra e Tarantini: elementos que se destacam

Ukra e Tarantini são, de facto, jogadores valiosos na manobra vilacondense, não só pelos indicadores estatísticos (golos e assistências, principalmente) mas também pela regularidade que apresentam, jogo após jogo. O médio Tarantini é o pilar no miolo da formação do Rio Ave: apto a defender, inteligente na ocupação dos espaços e o primeiro impulsionador das jogadas de ataque, o médio luso de 30 anos é também um eficaz finalizador.

Ukra, por seu turno, dá ao jogo vilacondense tudo aquilo que muitas vezes lhe falta: virtuosismo, dança de ruptura, drible e assistência para golo. O extremo português é o elemento que mais magia fornece ao estilo de jogo da equipa, desequilibrando na faixa e abrindo espaço para cruzamentos venenosos ou, então, para alguns movimentos interiores, onde se confunde com o avançado, desmarcando-se para receber a bola em zona mortífera.

Defesa estável que não compromete

O quarteto defensivo do Rio Ave é composto por Lionn e Edimar nas extremidades e por Marcelo e Rodríguez no eixo central. Em toda a composição da equipa, poder-se-á dizer que este sector não costuma comprometer, actuando com lucidez e beneficiando da boa filosofia defensiva imposta pelo treinador - a equipa apenas sai com bola quando a oportunidade o permite. Jogando pelo seguro, Marcelo e Rodríguez escudam-se da sua natural falta de velocidade com bons posicionamentos no campo, juntando a equipa as linhas e baixando no terreno para negar espaços ao adversário. Ambos os jogadores são fortes no jogo aéreo.

Nuno Espírito Santo transpira confiança

«Amanhã vamos estar todos conscientes que é possível», adiantou o treinador vilacondense na antevisão da final da Taça da Liga, revelando um argumento que explica a confiança demonstrada: «Somos a equipa que melhor conhece o Benfica, porque estudámos o adversário durante muitas horas». O presidente do clube partilha da assertividade do discurso de Espírito Santo: «Respeitamos muito o nosso adversário e jogaremos para ganhar, mas se não conseguirmos, vamos fazer a vida negra ao Benfica», afirmou António Silva Campos.

Jorge Jesus contra «teorias da treta»

Confrontado com perguntas sobre os fantasmas da derrota (tópico referente às finais perdidas em Maio de 2013), Jorge Jesus foi contundente e eloquente: «Nunca tivemos fantasmas mas sim uma luz que nos guiou. Fantasma é não ter a capacidade de chegar às finais. Se no ano passado chegámos às finais foi porque seguimos este caminho e vamos continuar», declarou com firmeza, apelidando o tema da conversa de «teoria da treta».

Onzes prováveis