Luiz Felipe Scolari é um seleccionador experiente, mas nem sempre consensual. Quando em 2002 levou o Brasil à conquista do seu último troféu mundial, conseguiu o triunfo à margem da polémica que desencadeou com a não convocatória de Romário. Quando em 2004, pelas Quinas, ergueu o sonho português e disputou a final do europeu, as críticas recaíram sobre a ausência de Baía. Agora, ao divulgar os 23 eleitos para jogar em casa, Scolari parece ter atingido o consenso dos seus e só os fãs acérrimos de Robinho ou Káká poderão ter ficado desapontados.

Robinho (Foto: EFE/Van Lonkhuijsen) e Káká (Foto: AP) ficaram de fora

O elenco dos escolhidos

Júlio César é, sem surpresas, o guarda-redes eleito para a canarinha. O jogador que actualmente actua no Toronto FC já havia sido aposta em 2010 e tem como seus suplentes Jefferson e Victor, ambos a actuar no Brasileirão, no Botafogo e Atlético Mineiro, respectivamente.

Também na dupla de centrais, Scolari parece caminhar em trilho seguro, com David Luiz e Thiago Silva, ambos titulares na Taça das Confederações. Nas suas sombras, e à espreita de eventual oportunidade, foram chamados Dante, actualmente a figurar no Bayern de Munique e Henrique, atleta do Nápoles, que constitui uma surpresa entre os eleitos. Para completar o sector defensivo, foram convocados: Daniel Alves, do Barcelona; Marcelo, do Real Madrid; Maicon, da Roma e Maxwell, do PSG. De fora, ficou Filipe Luis, jogador elogiado pela sua época ao serviço do Atlético de Madrid.

Não teremos oportunidade de ver desfilar Káká ou Gaúcho, hipótese a que muitos estavam expectantes. Em vez disso, fala-se inglês como segunda língua no meio-campo do Brasil. Para além dos jogadores do Chelsea, Oscar, Ramires e Willian, foram convocados Paulinho, do Tottenham, e Fernandinho, representante do Manchester City. Este é provavelmente o sector menos possante dos brasileiros, para o qual também foram nomeados Luiz Gustavo, a actuar no Wolfsburgo, e Hernanes, do Inter de Milão.

Bernard, do Shakhtar; Fred, do Fluminense; Hulk, do Zenit; Jô, do Atlético Mineiro e Neymar, do Barcelona, foram os chamados para representar a tradição ofensiva com samba nos pés.

O desafio para o técnico do Brasil será, agora, conseguir mostrar a solidez e imponência de uma selecção que é sempre preferencial candidata, ainda mais quando veste a camisola de anfitriã. Depois, mais do que estar a braços com as expectativas dos seus adeptos, e dos amantes de futebol em geral, Scolari terá de lutar contra a inexperiência de muitos dos seus convocados, provando que o sangue novo está pronto para dar o Grito do Ipiranga.