Terminada mais uma Liga ZON Sagres, eis que chegou o momento de analisar e esmiuçar as carreiras das equipas que compuseram uma prova que no fim de contas ainda não se concluiu, uma vez que fica pendente uma vaga na próxima edição que será ocupada por Paços de Ferreira ou Desportivo das Aves, que nos próximos dias disputarão a já afamada ‘liguilha’ de manutenção/subida.

Com excepção dessas equipas, somadas ao Benfica e ao Rio Ave, que disputam ainda a Taça de Portugal, todas terminaram já a competição, entrando numa fase de balanço a uma época de muitos encontros, alegrias e tristezas, vitórias e derrotas. Eis aquelas que mais impressionaram pela positiva e também pela negativa:

Revelações:

Sporting – De um preocupante 7º lugar com uma equipa na qual a presença de elementos de ‘manutenção’ elevada para muito pouco rendimento desportivo para um segundo lugar com um grupo jovem e com potencial bastou uma mera temporada, mérito para Leonardo Jardim, que estará de saída, e uma responsabilidade acrescida para quem vier a substituir o madeirense.

Estoril – «Fica desta Liga o comportamento do Estoril, que fez uma época extraordinária» – foi esta a opinião emitida pelo político e conhecido comentador Marcelo Rebelo de Sousa, consistindo nesta ideia precisamente o que deve ser dito da temporada do clube da Linha, que a dada altura até chegou a colocar pressão sobre o FC Porto pelo terceiro posto, mérito para o extraordinário do seu treinador até há poucos dias, Marco Silva.

Gil Vicente – Pese embora tenha protagonizado a maior série sem vencer entre todos os conjuntos que compuseram a Liga, a equipa de Barcelos encontrará a seu favor o benefício de possuir o plantel mais inexperiente em termos de primeiro escalão após ter no último defeso reforçado os seus quadros com atletas provenientes da Liga2 Cabovisão e mesmo do Campeonato Nacional de Seniores, pelo que um resultado entre os 30 e os 32 pontos seria visto como o objectivo a alcançar, terminando a época com um total de 31 e as expectativas plenamente satisfeitas.

Belenenses – Tal como o Gil acabou por viver um Campeonato atribulado. De qualquer forma, e embora apenas o tenha conseguido na última jornada, o clube da Cruz de Cristo cumpriu as suas expectativas que passavam pela manutenção, com o bónus adicional de ter deixado uma boa imagem colectiva da equipa em encontros de elevado grau de exigência, com destaque para a recepção ao Sporting há algumas semanas ou o empate alcançado na Luz na 1ª volta.


Luta pela manutenção – Vista pela maioria dos especialistas como uma questão menor, esta disputa tornou-se mesmo a mais interessante desta edição da Liga face à facilidade com que o Benfica chegou ao título, o Sporting à vice-liderança, o FC Porto ao terceiro lugar, assim como Estoril e Nacional aos postos europeus. Com tudo isto decidido, a animação residiu na luta entre Belenenses, Paços de Ferreira e Olhanense por um lugar de permanência no primeiro escalão.

Desilusões:

FC Porto – Tal como foi dito há algumas linhas acima, chegou a ser obrigado a defender o terceiro lugar do Estoril, o que resume o que foi o insucesso da temporada azul-e-branca, para a qual contribuiu a inércia do seu presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa, na organização do grupo de trabalho, assim como a ausência de resultados para os métodos de Paulo Fonseca, numa primeira instância, e Luís Castro em sua substituição, quando um clube da sua nomeada deveria estar habituado à pressão de ter de vencer.

No que diz respeito à má carreira na Liga, esta pode ainda explicar-se pela perda de discernimento assim que a distância para o Benfica começou a ser vista como um fosso e passou a ver-se a Liga Europa como uma ‘bóia de salvação’ que acabou por não ocultar uma temporada negativa que por vezes acontece mas que colocou à vista de todos várias performances para esquecer que pareciam ultrapassadas com uma vitória moralizadora sobre o Sevilha no Dragão.

Afinal apenas se antecederam pesadelos ainda maiores, ainda que Luís Castro tenha sempre ressalvado que “a questão psicológica não está a afectar o rendimento da equipa”, e que culminaram até numa derrota no terreno de um Olhanense que pouco depois até seria despromovido. Segue-se agora Julen Lopetegui e a sua tentativa de devolver os dragões a momentos mais condizentes com a sua História.

Sporting de Braga – Época após época se destacava a capacidade dos Guerreiros do Minho para se reinventar com a perda dos seus treinadores e unidades mais influentes que ao mesmo tempo poderia encarar-se como uma sorte que esta época se perdeu com culpas repartidas entre Jesualdo Ferreira, que abandonou o projecto a meio, e Jorge Paixão, que apesar dos elogios que recebeu de vários companheiros de profissão não conseguiu alterar o rumo dos acontecimentos.  

Olhanense – Aparentemente vista como uma desilusão, a carreira desta equipa acaba por não constituir uma surpresa visto que era esta a que menos meios detinha ao seu dispor e na qual reinava a maior desorganização, o que se percebeu pela construção do próprio plantel cuja larga maioria passava por jogadores emprestados e de proveniências e nacionalidades completamente opostas. Não costuma dar bom resultado e este caso não foi excepção.


Paços de Ferreira – Poderá causar um dos momentos mais históricos de todo o futebol português ao passar no espaço de um ano de uma equipa candidata à Liga dos Campeões para mais um conjunto condenado a disputar a II Liga, um cenário que a cada dia que passa parece mais provável face à fragilidade do plantel, que não compensou minimamente em entradas aquilo que perdeu no início da época, e às constantes trocas de treinador que são chicotadas… auto-infligidas.