O Mónaco, como único circuito urbano do campeonato mundial em 2014, e com a particularidade de ser um traçado muito estreito e sinuoso -- logo após a primeira curva os pilotos sobem as ruas do Principado até ao Casino, descendo depois pelo famoso gancho lento que leva até ao túnel do hotel e à Marina --, exige dos monolugares e seus pilotos algo inteiramente diferente do que os anteriores circuitos pediam.

Um circuito dramático

Conhecido como um "circuito para pilotos" pela perícia e precisão que exige na condução, o traçado monegasco poderá esbater as diferenças verificadas nos anteriores Grandes Prémios da temporada, uma vez que nele a potência dos motores -- em que a Mercedes se tem destacado -- não terá tão grande impacto, sendo a velocidade de ponta pouco determinante -- sem uma verdadeira recta digna desse nome, a velocidade máxima alcançada ronda os 285km/h, à saída do túnel do hotel, sendo prontamente exigida uma forte travagem para a chicane no início da marina.

Nelson Piquet, tricampeão mundial de F1, dizia que correr no Mónaco era como «tentar andar de bicicleta dentro de casa», numa clara alusão à necessidade de usar de toda a tracção do carro para o segurar sem tocar nos rails ou muros que delimitam o apertado traçado, enquanto a pista sobe e desce descrevendo as suas 19 curvas e contracurvas de diversos perfis.

Ora, é precisamente pelo facto de ser um circuito muito acidentado que os pilotos e seus mecânicos estarão mais concentrados em aumentar a força descendente, focando-se na aerodinâmica, ao invés da potência do motor. É aqui que os principais concorrentes da Mercedes esperam conseguir reduzir a vantagem que a marca alemã tem mantido face aos seus competidores, principalmente a Red Bull, que, se falha no que à unidade motriz da Renault diz respeito, tem revelado um óptimo comportamento aerodinâmico.

Menos potência e mais aerodinâmica para superar a Mercedes

Isso mesmo afirmou o piloto da Mercedes que venceu os últimos quatro GPs, Lewis Hamilton: «As coisas podem ser mais renhidas, uma vez que não há propriamente muitas rectas. Esperemos que esta seja uma corrida muito mais renhida.» Já Nico Rosberg, vencedor no Mónaco na última temporada, garantiu que «a Red Bull continua a elevar a fasquia, e mesmo a Ferrari não está longe. Estão a esforçar-se o mais que podem para encurtar a distância.»

Fernado Alonso defendeu a mesma ideia, ainda que preveja mais facilidades para a Red Bull do que para a sua própria equipa. Para o homem da Ferrari, «Monte Carlo será uma das possibilidades de lutar com a Mercedes, especialmente para a Red Bull, que em curva é muito rápida.» O espanhol adiantou ainda que nas ruas do Principado do Mónaco o mais importante será encontrar uma configuração de corrida que permita ter mais confiança no monolugar, até porque «este ano, os carros têm sido bastante traiçoeiros na condução.»

O traçado do Mónaco tem uma extensão de 3,340km, o que faz dele o traçado mais curto do campeonato mundial, e mesmo com as 78 voltas, a distância de corrida em Monte Carlo é de apenas 260,520km, constituindo assim a única excepção à regra de uma distância mínima de 305km por GP.