Com o aproximar do pontapé de saída na Arena Corinthians, no dia 12 de Junho, os nervos Colombianos aumentam, muito devido à condição física de um dos seus abonos de família, Radamel Garcia Falcao. Aquele que prometia ser uma das figuras da época 2013/2014 e do Mundial viu o seu ano ser comprometido com uma grave lesão mas nem por isso "El Tigre" deixa de ser um dos incontornáveis do que se passará no Brasil.

O percurso do "Tigre" na América do Sul

"El Tigre", hoje com 28 anos, cedo começou a despertar as atenções dos amantes de futebol, quando se estreeou, com apenas 13 anos, na Segunda Divisão Colombiana, na modesta equipe do Lanceros. Aos 14 anos, estreeou-se a marcar no futebol profissional e despertou a cobiça do gigante de Bogatá, os Millonarios. No entanto, a direcção do clube decidiu não apostar no pequeno Tigre (na altura com 14 anos) e este acabou por transferir-se para o River Plate, clube que o deu a conhecer a palcos maiores. Depois de evoluir nas camadas mais jovens, Falcao despoletou na equipa principal e acabou por conquistar, sob o comando de Diego Simeone (que o viria a orientar noutra etapa da sua carreira) o Torneo Clausura em 2008. A sua carreira estava destinada a dar o salto e depois de 8 anos de ligação com o clube de Buenos Aires e dezenas de golos, era o tempo de rumar à Europa.

A afirmação Europeia

Na janela de transferência de 2009, o Porto trouxe para os seus quadros Falcao e a aposta não podia ter sido mais acertada. Embora a primeira época não tivesse corrido de feição em termos colectivos, Falcão conseguiu adicionar à sua conta pessoal 34 golos em 49 jogos. No entanto, foi na época seguinte, comandado por André Villas Boas, que Falcão elevou o seu nível de jogo a patamares superiores. Com o agora treinador do Zenit, conquistou tudo e bateu inclusive o record de golos apontados numa competição Europeia (15 - entretanto superado por CR7). A cotação de Falcao subiu a pique depois da soberba época em que apontou 38 golos.

Na época seguinte, foi o nome por detrás da transferência milionária que o levou até Madrid, para defender os "Colchoneros" e herdar o legado deixado por Kun Aguero, facto que não o incomodou, visto que teve, mais uma vez, uma época de sonho, ao tornar-se o primeiro jogar a conquistar, por clubes distintos, em temporadas seguidas a Europa League. Em Espanha, apesar de não conseguir rivalizar taco-a-taco com os dois melhores do Mundo assumiu-se como sendo o "Humano" mais mortífero. Nas duas épocas que realizou no Atlético de Madrid, apontou 52 golos em "La Liga" e conquistou uma Liga Europa, uma Supertaça Europeia e uma Copa do Rei.

A aventura Monegasca

O clube do principado Monegásco, de volta à Ligue 1, decidiu investir forte no início da época de 2013/2014. Falcão foi uma das contratações mais sonantes do mercado de transferências da época transacta, juntando-se ao AS Monáco, após os últimos desembolsarem cerca de 60 milhões de euros. A época até começou bem para Falcao mas o astro colombiano, a partir de certa altura, começou a não conseguir produzir os números que tinha apresentado no passado. Por outro lado, parecia que a relação com o italiano Claudio Ranieri também não era a melhor, tendo o ex-treinador do Monáco mostrado não hesitar na altura de relegar a estrela maior da companhia ao banco ou de substituir Falcao em detrimento de jovens jogadores. A época parecia estar destinada a não ser tão brilhante como as anteriores e em Janeiro de 2014, num jogo a contar para a Taça de França, "El Tigre" contraiu uma lesão no joelho esquerdo que o deixou afastado dos relvados o resto da época e com o próprio Mundial em risco.

Um Tigre observado à lupa

O estilo de jogo de Radamel Falcao dispensa apresentações. O avançado, que foi considerado em 2012, pela FIFA, 4º melhor jogador do mundo tem capacidades que para muitos para ilimitadas. Muitos dizem que em forma, é o avançado mais letal do Mundo. "El Tigre" é o típico número 9 mas com qualidades que o destacam dos demais. O killer-instinct de Falcao salta à vista. O nº9 raramente falha em frente à baliza e não precisa de muitas oportunidades para capitalizar. Por outro lado, com 1,78, o Colombiano é dotado de um jogo de cabeça fenomenal, fazendo golos incríveis e de elevada dificuldade de execução parecerem fáceis. Outra das grandes características é a mobilidade, garra e determinação do goleador. Falcao não se esconde do jogo e tenta sempre encontrar espaços onde possa fazer a diferença, nem que seja a assistir os colegas ou a arrastar os defesas consigo, chateando o adversário e não dando nenhuma bola por perdida. Deixando o "melhor para o fim", acreditamos que aquilo que mais impressiona em Falcao, para além do brilhante pé direito, é a grande facilidade de remate, também com o pé esquerdo, algo que lhe permite disparar em qualquer situação que ache conveniente e que diversas vezes resulta em golos de belo efeito.

Quanto a pontos fracos, eles são muito difíceis de identificar num jogador tão completo como Falcao, mas talvez se prendam com o facto de o Colombiano ter alguma dificuldade em segurar a bola, quando a sua equipe sente a necessidade de contemporizar um pouco. Por outro lado, a contribuição de Falcao, no aspecto defensivo, é manifestamente pouca. Em jogos contra equipas inferiores este aspecto do seu jogo não é tão notório mas quando o adversário é mais pressionante e detentor da posse de bola, nota-se que falta um avançado que recue um pouco mais no terreno e tente travar a primeira fase de construção de jogo da equipe adversária.

O papel de Falcao na Colômbia

O jogador natural de Santa Marta, Colômbia, é o líder indiscutível da selecção. Grande parte das aspirações Colombianas residem na recuperação do seu astro, que ao longo dos anos conta um contributo significativo para a sua selecção. No entanto, o povo Colombiano nem sempre o reconheceu como herói. Depois do penalty falhado nos quartos de final da Copa América em 2011, frente ao Peru, Falcao foi "crucificado" pela imprensa mas rapidamente deu a volta ao assunto, realizando uma caminhada imparável na Qualificação para o Campeonato do Mundo em 2014, marcando 9 golos em 13 jogos e consagrando-se no melhor marcador Colombiano na fase de apuramento e terceiro melhor marcador da área de qualificaçao da CONMEBOL.

Ainda, Falcao é acutalmente o segundo melhor marcador de sempre da selecção Colombiana, com 20 golos, a apenas 5 de igualar Iguaran, que pode ser superado já neste Mundial. Apesar de a equipa da Colômbia estar recheada de talento, com jogadores como James Rodríguez, Guarin, Bacca, Jackson Martinez ou Cuadrado, as probabilidades da selecção realizar um grande Mundial dependem muito do goleador de 28 anos recuperar estar em plena forma, depois de ter estado parado durante cerca de 5 meses. Em todo o caso, fica a certeza que Falcao será um dos protagonistas deste Mundial. Resta saber se dentro ou fora de campo... Esperemos que o seja dentro dele.

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