Já é dado adquirido o facto de Bruno de Carvalho ter dado ao Sporting uma nova voz, lutando para que o clube seja de novo respeitado e tido em considerável linha de conta pelo Futebol Português. Numa semana nas quais o Presidente Leonino lançou duras farpas àquilo que é o futebol em Portugal, referindo até, que o Sporting votará para presidente da Liga naquele que tiver «o autoclismo maior», a guerra de palavras com o Benfica, nomeadamente com Luís Filipe Vieira, volta também à ribalta.

O Presidente do Benfica recentemente disse existir um clube em Portugal com um passivo maior que o do Benfica, palavras que para os lados de Alvalade foram interpretadas como sendo destinadas ao clube.

No decorrer desta semana surgiu também uma notícia que dava conta da possibilidade de uma avultada quantia de dinheiro não estar discriminada nas contas do passivo do clube. Face à situação divulgada, Bruno de Carvalho fez questão de o desmentir, e saiu um texto, de nome «A verdade acerca das contas» a esclarecer a situação e a enviar consideráveis recados para o clube da Luz.

Leia-se o comunicado na íntegra:

«A semana que passou foi marcada pelas campanhas quase circenses de informação e contra-informação a propósito das contas do Sporting. 


Tudo seguindo uma cadeia lógica: primeiro, em forma de entrevista em ‘prime time’ num canal público; depois, através de colunas de opinião em jornais privados; de seguida, através de notícias em publicações privadas que se orgulham de fazer um serviço quase público de referência; por fim, através das redes sociais o espaço com mais acesso público e, em paralelo, menos privacidade.

Uma estratégia básica, até com o seu quê de lógica. Ingredientes que pareceram servir para tudo menos para analisar o verdadeiro passivo do nosso Clube. E que, tamanha a ousadia e desonestidade intelectual, transformou uma não notícia num circo mediático.

Primeira falha no plano: os números que vieram a público estão errados a partir do momento em que não cumprem os princípios básicos de uma consolidação, em que se devem eliminar passivos e activos entre empresas do grupo algo que em nenhuma altura foi feito, apesar do tempo que houve para subir ao palco e montar o espectáculo de peito cheio assente num tema vazio.

Além disso, as contas auditadas e respectivos relatórios de auditoria das contas do Sporting Clube de Portugal, de Junho de 2013, são públicas no site oficial do Clube, para todos, há oito meses (ao contrário do que acontece noutros locais, que atiram pedras tendo uma casa com telhados de vidro).

Das duas uma: ou foi guardada uma grande notícia durante quase um ano, ou o facto de apresentar de forma transparente e pública todas as informações passou a ser ‘castigado’ com direito a notícias figuradas em espaços de última hora. 

Isto sim, é matemática.

Para não baralhar as contas com que outros tentam jogar sem saber fazer a prova dos nove, acrescente-se que a auditoria às contas individuais do Clube nada tem a ver com a auditoria de gestão que se encontra agora a ser feita. Pode-se até avançar com uma notícia em primeira mão (respeitando todos os princípios da mesma, para dar o exemplo): as contas consolidadas do Sporting Clube de Portugal serão apresentadas brevemente, em Assembleia Geral da SAD. 

Algo que outros não fazem e podiam começar a fazer.

Aliás, ficou bem patente que o chavão “tempo é dinheiro” tem tanto de velho como de actual: em vez de fazer o trabalho de casa dos rivais, o Benfica deveria aproveitar para preparar as folhas de Excel, a calculadora, o lápis ou o caderno quadriculado para se comprometer, como o Sporting fez, a reduzir custos operacionais como os gastos com pessoal e outros. 

Até porque, ao contrário do que apregoa, os 404.481 milhões de euros de passivo consolidado da Benfica SAD, conforme divulgado à CMVM, não representa a totalidade do universo do Grupo Benfica por não incluir as contas do Clube ou da SGPS. Mas a política do Sporting não é olhar para a casa dos outros. Mesmo quando estas estão a cair e se mantêm erguidas por uma mera questão de aparência.

Os espectáculos circenses, mesmo estando fora de época, são sempre divertidos para início de mês sem campeonato. Mas perdem toda a graça que poderiam ter quando são apenas números de trapézio e malabarismos básicos com a intenção de renegociar as próprias condições da dívida. Só não vê quem não quer. E mais cego é o que não quer ver. Com maior ou menor contra-informação.»

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