A estrada que a selecção francesa percorreu até ao Mundial do Brasil foi mais sinuosa do que se poderia prever. Apesar de estar num grupo de qualificação com a campeã europeia e mundial, a Espanha, foi no playoff de apuramento que os gauleses sentiram mais dificuldades. Numa eliminatória imprópria para cardíacos a França começou por perder 2-0 com a Ucrânia, acabando por fazer a reviravolta ao vencer por 3-0 em casa, caribando assim a presença em mais um Mundial.

Depois da final perdida para a Itália em 2006, a França pretende voltar ao topo daquilo que são as selecções, disputando "taco a taco" com selecções como Espanha, Alemanha ou Brasil. A verdade é que a crença dos franceses na selecção ainda é modesta visto que muitos pensam que esta é apenas uma selecção de rodagem para aquilo que será o Euro de 2016 ... em França. Porém, com jogadores como Pogba, Varane, Matuidi ou Benzema é ímpossível não pensar numa França candidata ao título no Brasil.

4-3-3 assimétrico onde o meio campo tem a missão de batalhar

Didier Deschamps, o líder carismático da selecção francesa, encontra-se com uma preocupação acrescida a poucos dias antes do Mundial: a sua estrela principal Franck Ribéry, lesionou-se e vai falhar a competição. Com 31 anos e no auge da sua carreira, Ribéry não vai poder fazer pela selecção gaulesa aquilo que fez pelo Bayern de Munique, liderar e desequilibrar conquistando o 3º lugar na luta pelo melhor jogador do mundo. Para além de Ribéry, também Clement Grénier, médio do Olympique de Lyon vai estar ausente desta competição por lesão.

Contudo não se pode pensar que Deschamps não conta com mais nenhuma opção credível para levar a França o mais longe possível no Mundial. Neste 4-3-3 com que a França parte para o Brasil, o meio campo é sem dúvida parte fulcral no trabalho da equipa, tanto na recuperação de jogo como na criação de oportunidades de golo. No centro do terreno está a maior riqueza desta selecção gaulesa na medida em que os três médios Cabaye, Pogba e Matuidi acabam muitas vezes por trocar de posições, nunca deixando espaços abertos no miolo do campo. A luta pela conquista da bola é constante e assim que a ganham é criteriosamente enviada para um dos rápidos avançados.

A velocidade é uma característica marcante da França, desde os tempos de Thierry Henry, Wiltord, Pires, etc. A verdade é que a selecção que vai ao Mundial não foge a esta regra, mesmo com a ausência de Ribéry. O pequeno e supersónico Valbuena promete entregar essa rapidez que coloca em dificuldades qualquer defesa do mundo. Na outra ala poderá estar um dos novos talentos franceses, Griezman, jogador da Real Sociedad que dá nas vistas pela sua técnica e velocidade. Contudo muitos franceses preferiam que a táctica se transformasse num 4-4-2, com o ás da equipa, Karim Benzema, na frente acompanhado por Giroud.

A defesa conta com uma das mais promissores estrelas do futebol mundial, Raphael Varane, que promete provar o talento que está a vista de todos neste Mundial, ao lado de Sakho ou Koscielny. Nas laterais encontram-se o experiente Patrice Evra e o rapídissimo Mathieu Debuchy que são um obstáculo forte a qualquer extremo, por mais talentoso que seja. Na baliza, o guarda redes do Tottenham, Hugo Lloris, demonstrará a sua agilidade e segurança para sofrer o mínimo de golos possível.

O líder: A experiência do pequeno Evra

55 internacionalizações, 33 anos de idade, peça fundamental no Manchester United e nesta selecção francesa. Apesar dos problemas que teve no passado como por exemplo com Raymond Domenech, ex selecionador francês, Evra é uma das vozes de comando desta selecção que na sua raíz começa a ser bastante jovem. Este lateral esquerdo compensa a sua gradual falta de velocidade, devido à idade, com a inteligência de posicionamento no campo, tornando-se quase como uma "carraça" perto dos extremos que o tentam ultrapassar. É por ele que vai passar a manutenção da ordem em campo nos momentos de maior decisão e a sua boa relação com Deschamps pode ser fundamental para esta voz de liderança.

O ás: O Mundial do matador, Karim Benzema

Se o futebol é uma questão de marcar golos, a França não está de forma nenhuma mal servida no que toca ao ponta de lança. Titular indiscutível no Real Madrid, vencedor da Liga dos Campeões, Benzema parece estar a atravessar um momento de forma muito positivo o que pode ser um bom sinal para aquilo que está para vir neste Mundial do Brasil. Apesar de só ter abanado as redes contrárias por 2 vezes nesta qualificação para o Mundial, Benzema parte com uma enorme moral depois de ter sido importante no trio de ataque do Real, BBC (Bale, Benzema, Cristiano). Assim, o foco dos gauleses vai estar no avançado de 26 anos que tem nesta competição a oportunidade para demonstrar todo o seu potencial que desde os tempos do Lyon estão sistematicamente a ser postos em causa.

Jogador a seguir: A irreverência do prodígio Pogba

De quase dispensado do Manchester United a pedra basilar na conquista do título pela Juventus, tendo pelo meio conquistado a titularidade na selecção francesa. Isto tudo com apenas 21 anos. Estamos a falar da "miúdo" Paul Pogba, o patrão do meio campo francês que combina a sua velocidade, com a qualidade de passe e ainda possui um remate fabuloso que já lhe valeu golos do outro mundo. Em relação a Pogba já não se pode propriamente falar em futuro mas sim num presente muito bem construído visto que a maturidade que apresenta na construção de jogo é qualquer coisa de soberba. Companheiro de Pirlo e de Vidal na Juventus, Pogba parece ter conseguido juntar o melhor destes dois talentosos jogadores, alicerçando um toque de bola bastante criterioso com um poder de recuperação de bola ao nível dos melhores jogadores do mundo. Estar de olhos postos em Pogba é concerteza uma garantia de futebol espectáculo.