Andrés Iniesta, de 30 anos, vê no Mundial a hipótese de virar a página numa das épocas menos conseguidas da sua carreira, onde apenas conquistou a Supertaça de Espanha.

De Albacete para La Masía

Iniesta começou a sua carreira futebolística bem cedo, ao ingressar nos escalões de formação do modesto clube da sua terra natal, o Albacete Balompié. O seu talento não passou despercebido e aos 12 anos, o treinador das camadas jovens do Barcelona conseguiu convencer os pais de Iniesta a deixarem o jovem ingressar nos quadros do clube da Ciudad Condal. O jogador espanhol foi progredindo pelos vários escalões de formação e em 2003, depois de 2 anos a alinhar regularmente na equipe B dos Blaugrana, foi chamado à equipe principal.

Do anonimato ao estrelato

A ascensão de Andrés Iniesta na equipe principal do Barcelona foi progressiva. Quando subiu à equipe principal, ainda com 19 anos, o jovem não teve muitas oportunidades, jogando apenas minutos finais de jogos já resolvidos. No entanto, com a chegada do Holandês Frank Riijkaard, a situação alterou-se drasticamente. Iniesta passou a ter mais tempo de jogo, sendo inclusivamente o jogador com mais jogos feitos na segunda época de Rijkaard ao comando do Barcelona (2004/2005). Ainda assim, Iniesta não gozava de um estatuto de intocável e muitos dos jogos em que participava não eram como titular pois continuava apenas a ser visto como uma alternativa credível às estrela do meio campo Blaugrana (Xavi, Deco ou Ronaldinho).

A época seguinte à conquista da Champions League de 2006 marcaria profundamente o futuro da carreira do jogador natural de Albacete. Riijkaard começou a depositar ainda mais confiança no jogador e a dar-lhe mais liberdade, tendo Iniesta actuado tanto no meio campo, como a extremo esquerdo. Esta adaptação às alas resultou na perfeição, tendo Iniesta realizado a sua melhor época até à altura.

As épocas seguintes apenas foram consolidando o estatuto de Iniesta como jogador de classe Mundial, que sob as ordens de Pep Guardiola (e mais recentemente Tito Vilanova) se tornou num dos jogadores mais importantes dos Blaugrana e do futebol Mundial, conquistando todos os títulos que podia conquistar entre 2008 e 2013.

No entanto, a última época foi algo atípica para o jogador do Barcelona. Sob as ordens de Tata Martino, Iniesta perdeu alguma preponderância no jogo da equipa. Nunca nas últimas épocas Iniesta tinha sido subsituído tantas vezes ou começado no banco tantos jogos. No total, Iniesta foi utilizado em 52 jogos, tendo sido suplente em 12 deles e subsituído em 14, algo incomum para a estrela blaugrana.

Um palmarés invejável

Iniesta é um jogador que deixa o seu currículo falar por si. O jogador Espanhol conquistou tudo aquilo que havia para conquistar no futebol, a nível colectivo. No seu palmarés, a jogar pelo seu clube, conta com 6 Ligas espanholas, 2 Copas do Rei, 6 Supertaças Espanholas, 3 Champions League, 2 Supertaças Europeias, 2 Campeonatos do Mundo de Clubes. Na selecção, os trofeús conquistados são impressionantes; 2 Europeus, 1 Mundial e 2 Europeus Sub 19/17.

Iniesta e Xavi conquistaram, juntos, 3 Ligas dos Campeões. (Fonte: Dailymail)

A nível indivídual, o currículo do Espanhol não é nada menos espantoso. Entre as distinções que lhe foram feitas, destacam-se as 4 nomeações consecutivas para o 11 do Ano Europeu (de 2009 a 2012), o de melhor jogador da Liga dos Campeões em 2011-2012 ou ainda o honroso segundo lugar no Fifa Ballon D'Or em 2010.

Don Andrés à lupa:

O estilo de jogo de Iniesta dispensa apresentações. Quando está em forma, é um jogador que deixa qualquer amante de futebol boquiaberto com o leque de acções que desenvolve em campo. Don Andrés é o protótipo do médio completo. Dotado de uma técnica fora do comum, o espanhol tem capacidade para progredir no terreno, sempre com a bola controlada e fintar múltiplos adversários mas aquilo que mais impressiona é a sua visão de jogo e qualidade de passe. É muito raro ver Iniesta falhar passes enquanto que é bastante comum vê-lo a encontrar espaços onde ninguém mais os encontra e fazer os tão afamados "passes a rasgar", que deixam os seus companheiros isolados. Destacamos também a sua versatilidade, visto que é um jogador que tem facilidade em adaptar-se a qualquer posição do meio campo e inclusivamente a jogar como extremo.

Em termos de fraquezas, estas prendem-se sobretudo com o seu físico. Iniesta não impressiona pela sua condição (tem diversas lesões ao longo da temporada) nem pela sua capacidade física (1,70m - 68kg). No entanto, o Espanhol mascara as suas debilidades físicas com a sua inteligência e artimanhas em campo.

Ao serviço de La Roja

Ao serviço da selecção Espanhola, onde actua mais regularmente como extremo, conquistou tudo. El Ilusionista estreou-se pela Roja em 2006, num amigável contra a Rússia, depois de ter sido a grande surpresa na convocatória para o Mundial de 2006 na Alemanha. Conta ainda com a participação em dois Europeus, duas Taças das Confederações e prepara-se para participar no terceiro Mundial da sua carreira.

O legado que tem vindo a construir na selecção é inegável. Iniesta prepara-se para superar a barreira dos 100 jogos por Espanha este Mundial, tendo marcado cerca de 12 golos neste percurso. Entre estes, o mais memorável será aquele que apontou na Final do Mundial de 2010, na África do Sul, onde no prolongamento conseguiu bater Stekelenburg e dar a Espanha o seu primeiro título de Campeão do Mundo.

A sua importância na selecção vem ao de cima nos jogos mais importantes, nomeadamente nas finais, onde se exibe sempre ao máximo. Iniesta foi considerado o melhor jogador em campo na final do Mundial de 2010, frente à Holanda e na final do Euro 2012, frente à Italia.

Iniesta dedica a Dani Jarque o golo mais importante da sua carreira. (Fonte: FIFA)

Esta pode ser a última oportunidade que Iniesta tem para disputar um Mundial no pleno das suas capaidades e com certeza que o jogador Blaugrana quererá terminar uma época para esquecer com a reconquista do título mais importante do futebol.