«Se tivesse vencido o Euro 2004 teria sido campeão europeu e mundial, o que tornaria o meu currículo mais rico,» assim confessou há algumas semanas Luiz Felipe Scolari em entrevista que poderia servir de mote ao encontro de estreia do Brasil no Mundial 2014 frente à Croácia dado que resume a enorme ambição do timoneiro brasileiro que certamente terá ficado preocupado com a entrada apática da sua equipa em contraste com o atrevimento croata.

Brasil emperrado e Croácia a assustar

Com isto, Mateo Kovacic abriu as hostilidades com o primeiro remate do encontro à passagem do primeiro minuto, colocando em sentido a defesa comandada por Thiago Silva na sua primeira oportunidade para mostrar a sua valia enquanto capitão na Fase Final de um Campeonato do Mundo, encontrando-se no central uma das vozes de comando que ajudou a que progressivamente a equipa brasileira fosse crescendo no encontro.

Sem um goleador de nomeada como Romário, o Brasil foi revelando problemas de eficácia a finalizar, situação que não se verificou no conjunto croata que um pouco contra a corrente do jogo logrou inaugurar o marcador após um bom apontamento de Ivica Olic pela esquerda, seguindo-se uma movimentação muito inteligente de Nikica Jelavic que obrigou Marcelo a tentar o corte em esforço, cometendo um auto-golo aos 11 minutos.

Mas no primeiro momento de apuro defensivo, o Brasil procurou fazer uso das suas muitas unidades de cariz ofensivo como os seus laterais, com particular destaque para Daniel Alves, que herdou a responsabilidade de suceder a Cafu, um exemplo que concretizou o seu sonho de se consagrar campeão mundial.

Neymar bisa com empurrão de Nishimura

A reposição da igualdade haveria de surgir com justiça após um esforço meritório de Oscar, que numa recuperação de bola libertou Neymar, craque que em seguida se desenvencilhou de alguns adversários antes de atirar a contar ao minuto 29, tendo depois sido obrigado a esperar até à segunda metade e mais precisamente aos 70 minutos para voltar a ser decisivo ao converter uma grande penalidade no mínimo duvidosa que puniu uma pretensa falta de Dejan Lovren sobre o ponta-de-lança Fred.

Esse acabou por ser o momento alto de uma exibição infeliz do árbitro Yuichi Nishimura em prejuízo da Croácia, que a partir desse lance passou a ser controlado por um adversário mais experiente e habituado às exigências de uma competição que já conquistou por cinco ocasiões, o que atribui à equipa brasileira o estatuto de grande favorito à conquista do troféu, até porque no passado a equipa brasileira já o fez com equipas individualmente menos compostas.

Mesmo perante todas as adversidades, a Croácia não baixou os braços e ainda conseguiu assustar, agitando as redes de Julio César aos 82 minutos num lance convertido por Ivan Perisic mas desta feita bem anulado por anterior falta de Olic, dez minutos antes de a equipa brasileira ter resolvido em definitivo a questão com o 3-1 após jogada ‘made in Chelsea’ iniciada numa recuperação de bola de Ramires que libertou o companheiro de selecção e de clube Oscar. Com espaço pela frente, o criativo aproveitou para juntar à assistência para o primeiro golo também um tento para a sua conta pessoal, tendo atirado ‘de bico’ para o fundo das redes dos croatas, que não evitaram a derrota perante um Brasil que embora esteja ainda longe do seu melhor parece deter todas as condições para crescer e constituir um grande problema para qualquer adversário que venha a ter pela frente.