Nem o super-sónico Chris Froome, nem o «pistoleiro» Alberto Contador ou mesmo o trepador nato Vicenzo Nibali: o Critérium du Dauphiné foi arrebatado à ultima da hora pelo norte-americano Andrew Talansky, que na derradeira etapa da prova francesa se escapuliu a tudo e todos, ganhando a vantagem necessária para roubar a camisola amarela ao seu detendor, Contador, que tantos esforços fizera, no dia anterior, para sonegar a amarela ao rival Chris Froome. Talansky, da Garmin-Sharp, sagrou-se este Domingo vencedor do Critérium,sucedendo a Froome, que vencera em 2013.

A oitava etapa, última chance para os mais fortes se destacarem da concorrência, foi repleta de ataques, fugas e momentos de tensão. Contador, da Tinkoff-Saxo, carregava nos ombros a camisola amarela mas rapidamente se viu numa subida solitária, sem companheiros de equipa que o pudessem escudar dos ataques rivais. Apesar da prova exemplar, o espanhol não foi capaz de anular o tempo suficiente para manter a camisola: Talanksy guardou 27 segundos para bater Contador. Mestria na fuga combativa de Talansky, debilidades claras mostradas pela formação Tinkoff-Saxo,  que não auxiliou o seu chefe-de-fila.

Talanksy intrometeu-se entre favoritos

O talento do jovem de 25 anos não é propriamente novidade, mas a forma estóica como furou o círculo dos favoritos à vitória na prova foi um tanto surpreendente. Com a luta acesa entre Froome e Contador (com Nibali à espreita de oportunidades) e as investidas sempre ameaçadoras do holandês Wilco Kelderman, Talansky figurava como um agitador pleno de raça e força mas sem o favoritismo dos concorrentes mencionados. A fuga na etapa final veio, no entanto, confirmar o seu excelente momento de forma (foi fugitivo habitual neste Critérium). O corredor da Garmin-Sharp, que obtivera um 10ª lugar no Tour de France 2013, conquistou a sua maior glória na carreira.

Contador abandonado fez tudo o que podia

Nesta etapa que ligava Megève a Courchevel, Contador bem tentou, galgando metros no seu estilo inconfundível, mas o esforço apenas lhe garantiu o segundo posto na geral individual. A fuga levou a melhor sobre o espanhol, que foi totalmente abandonado pela sua equipa, incapaz de acompanhar o ritmo do líder. Despida dos seus gregários mais poderosos, a Tinkoff-Saxo não deu o apoio necessário a Alberto Contador, que mostrou neste Critérium du Dauphiné estar em excelente forma física e anímica, pronto para o embate no Tour de France, daqui a 3 semanas.

Froome perdeu o gás, Nieve ganhou a etapa

Ao contrário do «pistoleiro», o crónico favorito Chris Froome, da Team Sky, apresentou-se em claras dificuldades nesta última etapa. O delgado queniano, vencedor da prova em 2013, perdeu o gás e foi-se abaixo durante a subida final, expondo as suas debilidades momentâneas. Froome perdera a camisola amarela no dia anterior, depois de um Critérium avassalador, onde se mostrara a grande nível. Ferido depois de uma queda que o abrandou, Froome não mais se elevou ao nível habitual, acabando por decepcionar na recta final da competição.

O vencedor da tirada acabou por ser um dos novos escudeiros de Froome, o espanhol Mikel Nieve, que realizou uma prova global fenomenal, trabalhando imenso para auxiliar o seu chefe-de-fila. A recompensa chegou nesta última etapa. Nieve venceu com um tempo de 3:20:29 segundos, à frente de Romain Bardet, Adam Yates e Talansky. A camisola da montanha foi para o italiano Alessandro de Marchi, e a verde (pontos) ficou na posse de Froome. A Astana venceu a prova por equipas.