Pela primeira vez na história de todos os mundiais, a campeã em título acaba arredada dos oitavos-de-final, logo na segunda jornada. Depois da goleada frente à Holanda, a Espanha acaba derrotada pelo Chile por 0-2 e despede-se do Brasil de forma precoce. Na outra partida, a Holanda suou mas venceu a esforçada Austrália, por 3-2 e, juntamente com o Chile, tem passaporte garantido para os oitavos-de-final do Mundial 2014.

Minuto 68 foi talismã para a Holanda destronar a surpreendente Austrália

Em pleno estádio Beira-Rio, na cidade de Porto Alegre e para abrir a 2ª jornada do Grupo B do Mundial 2014, a «laranja mecânica», galvanizada pela esmagadora goleada frente à Espanha, defrontou, nesta segunda ronda, a desconhecida Austrália, acabando por alcançar um triunfo suado por 3 bolas a 2.

Na primeira parte, destaque para os primeiros 20 minutos dos holandeses, que controlaram este período com alguns lances de ataque, que fariam prever mais um passeio da «laranja mecânica» em solo canarinho. Nesta fase, destaque para o minuto 6, com o endiabrado Robben, que havia bisado na primeira jornada frente à Espanha e que deu o primeiro sinal de perigo, com um slalom que colocou em sentido a defesa do país dos cangurus. Ao minuto 16, relevo para a primeira aparição dos australianos no ataque, com Leckie a surpreender na ala esquerda, a construir uma jogada interessante, em velocidade, que culminou com o primeiro remate de Bresciano, sem grande perigo para as redes holandesas.

Depois de alguns avisos, Robben voltou a surpreender o mundo do futebol, com mais uma das suas jogadas mágicas, desta feita, com um arranque supersónico, desde o meio-campo, que só terminou com o extremo a dar o toque final, inaugurando o marcador frente à Austrália, depois de se ter desenvencilhado de vários adversários. Depois de espremerem a primeira laranja e enquanto se festejava a obra de arte de Robben, a selecção holandesa adormeceu e, no minuto a seguir, a Austrália chegou, surpreendentemente, ao empate por intermédio de Tim Cahill (2º golo na prova), que é a grande estrela dos socceroos, que concretizou um tento fenomenal, depois de encher o pé, deixando incrédulo o guardião laranja e todos os adeptos presentes no estádio.

A Holanda acusou o golo sofrido e foi a Austrália, galvanizada pelo tento, a criar perigo ao minuto 31, depois de um lance de Bresciano, que foi um dos elementos mais irrequietos da formação australiana. Antes do interregno, destaque para o cartão amarelo de Cahill que, depois de ter sido admoestado na partida frente ao Chile, vê a segunda cartolina amarela em dois jogos, falhando assim a derradeira jornada frente à Espanha.

Com um 1-1 ao descanso, as equipas entraram para o segundo tempo e, ao minuto 47, chegou a má notícia para os holandeses: a grande figura da equipa, Van Persie, foi admoestado com o cartão amarelo, o que o impedirá de alinhar frente ao Chile. Contra todas as previsões, a Austrália entrou mais pressionante e compacta e, ao minuto 54, beneficiou mesmo de uma grande penalidade, amplamente bem convertida por Jedinak, com o esférico para um lado e guarda-redes para o outro. Para quem assistia ao encontro, a vantagem, apesar de ser inesperada, era totalmente justa, no entanto, 4 minutos volvidos, veio ao de cima a experiência, a classe e a subtileza do artilheiro Van Persie, que restabeleceu a igualdade, fazendo assim o 3º tento na conta pessoal, igualando Müller e Robben, no topo dos melhores goleadores.

Apesar da adversidade, a Austrália manteve um ímpeto ofensivo e, ao minuto 68, registo para uma jogada interessante, com um cruzamento perigoso que pecou pela finalização de Leckie que, de forma pouco ortodoxa, de peito, perdeu uma oportunidade flagrante. Como é usualmente proferido no mundo do futebol, “quem não marca sofre” e, como tal, a máquina holandesa puxou dos galões, aproveitando a displicência do último reduto australiano, sobressaindo o remate forte e colocado de Depay de fora da área, estabelecendo o resultado final em 3-2. Até final, o país dos cangurus ainda ameaçou mas sem êxito. A Holanda alcança a segunda vitória e é de forma justíssima que alcança o apuramento para os oitavos-de-final, destacando-se como o melhor ataque da Copa, com 8 golos marcados em dois jogos. A Austrália termina esta jornada com 0 pontos e está completamente arredada da próxima fase.

Tiki-taka espanhol cai, em definitivo, no Mundial do Brasil

A miserável selecção espanhola, detentora do troféu mundial, defrontou a habilidosa e aguerrida selecção chilena e, foram os sul-americanos a impor nova humilhação, acabando por vencer por 0-2.

Com um primeiro tempo incontestavelmente controlado pelo Chile, Espanha apresentou-se sem chama, sem ritmo e sem dinâmica, aliadas a uma atitude de estrelas e é com justiça que se conclui que o 0-2 acaba por ser um resultado simpático. No primeiro tempo, a selecção chilena desde cedo pressionou o meio-campo espanhol, com destaque para Vidal que, juntamente com os seus companheiros, destronou um miolo repleto de estrelas, composto por: Busquets, Xabi Alonso, Iniesta e Xavi. Os primeiros 25 minutos foram completamente dominados pela armada chilena que beneficiou da inspiração de Sanchéz (velho conhecido dos espanhóis ao alinhar pelo Barcelona), que causou o terror a Sérgio Ramos e companhia.

Destaque para um lance logo aos 2 minutos, com Jara a cabecear na sequência de um pontapé de canto, dando assim, o primeiro sinal de perigo para as redes de Casillas. Apesar de alguns lances de Diego Costa, o Chile mostrou-se sempre mais objectivo e, foi sem surpresa que, aos 20 minutos inaugurou o marcador, valendo o portentoso avançado Vargas que finalizou de forma oportuna, depois de um lance genial do extremo e estrela da equipa, Alexis Sanchéz. A Espanha acusou o golo e o Chile controlou as hostes como quis, com uma defesa compacta, sempre a espreitar o contra-ataque, demonstrando saber jogar com a vantagem. Ao minuto 44, os sul-americanos deram a machadada final no resultado e dava a sensação que estavam mais chilenos em campo que espanhóis e nuestros hermanos estavam longe de imaginar que o livre de Sanchéz, defendido por Casillas viria a culminar com o segundo festejo de Aránguiz.

Para o segundo tempo, Vicente Del Bosque mudou algumas peças e a selecção espanhola beneficiou com as entradas de Koke e Cazorla. No entanto, os chilenos não se descompuseram tacticamente e, com uma estratégia em que cada jogador sabia o que fazer dentro das 4 linhas, foram dominando territorialmente a partida. Os últimos 15 minutos foram de grande pressão por parte dos ainda campeões do Mundo e, nessa fase, sobressaiu o guardião Bravo que efectuou uma “bravíssima” exibição ao negar, por duas ou três vezes, um golo que Espanha procurava de forma desesperada. O final da partida foi de lágrimas para nuestros hermanos e o mundo do futebol ficou incrédulo com a eliminação da campeã do Mundo que, terminadas que estão duas jornadas, não conquistou qualquer ponto, tendo 7 golos sofridos e apenas um marcado.

Terminada que está a segunda jornada do grupo B, a Holanda e o Chile seguem, respectivamente, na primeira e na segunda posições, ambas com 6 pontos e a 3ª jornada servirá apenas para cumprir calendário, no confronto directo entre as duas formações, para descobrir quem ficará na liderança do Grupo. A Austrália segue em 3º lugar, com 0 pontos, os mesmos da decepcionante Espanha, que está em 4º, sendo até ao momento, a maior desilusão do Mundial do Brasil.