Se há coisa que ninguém pode negar é que o Mundial do Brasil está a ser pródigo em surpresas. A Espanha, para mal dos pecados de nuestros hermanos, tem sido a principal protagonista das surpresas. Ora se é usual ver a selecção do país vizinho ser louvada por bater recorder positivos, desta feita La Roja bateu recordes pela negativa, protagonizando uma campanha que não faz justiça à qualidade dos seus jogadores.

A morte do tiki taka?

A questão que surge logo após a derrota Espanhola diz respeito ao tiki taka, estilo de jogo que nasceu na incubadora do Barcelona, imaginada por Guardiola e materializada pela qualidade de passe, jogo de posse e pressing agressivo no momento da perda dos seus discipulos vindos de La Masia, mas implementado primeiro por Luis Aragonés, depois por Del Bosque com muito sucesso na selecção Espanhola. Depois de uma época pouco conseguida do clube Catalão, que foi lentamente abdicando de alguns princípios de jogo que defendeu no passado, a ineficiência do tiki taka estendeu-se à equipa Espanhola, que face à povoação do meio campo promovida quer pela Holanda quer pelo Chile, com uma linha de 5 defesas e médios de combate na luta pela posse, nunca conseguiu impôr o seu jogo de posse, dinâmicas e desmarcações constantes.

Diego Costa, um peixe fora de água?

Foi sem dúvida polémica a convocatória de Del Bosque para o Mundial do Brasil, quer apostando em alguns jogadores que não têm vindo a ser titulares nos seus clubes, quer apostando em elementos que estavam mal fisicamente e acabaram por chegar ao campeonato do Mundo em manifesto sub rendimento. No entanto a maior polémica foi mesmo a inclusão do Hispano-Brasileiro Diego Costa. O ponta de lança goleador do Atlético de Madrid explodiu esta época e revelou-se como um avançado letal, jogando numa equipa de transições rápidas com metros pela frente para galgar, partir para cima do adversário e rematar na passada. À primeira vista, Diego Costa parecia ser um corpo estranho numa equipa Espanhola a querer jogar em posse e tabelas e que muitas vezes apostava em médios como Fabregas na frente para potenciar esse futebol rendilhado, mas foi dado o benefício da dúvida, tamanha é a qualidade do avançado que se diz estar a caminho de Londres para jogar no Chelsea de Mourinho.

Certo é que Diego Costa nunca se adaptou e nos dois jogos em que foi titular acabou mesmo por sair aos 60 minutos sem ter alguma real influência na partida. Os movimentos ofensivos da equipa não vão de encontro às movimentações do avançado que pareceu sempre ser um peixe fora de água na maneira de jogar de Espanha. Vamos ver como vão nuestros hermanos digerir esta pesada derrota e qual será o futuro de Diego Costa em La Roja, ele que parece claramente mais talhado para jogar no Brasil de Scolari, no tipo futebol que o catapultou para um nível de classe mundial.

A questão Casillas

Casillas regressa a Espanha desiludido com a sua prestação no Brasil. (fonte:reuters)

Depois de na época de 2012/2013 ter perdido o lugar na baliza do Real Madrid após lesão, a carreira de Casillas começou numa espiral negativa que parece não ter fim. Se muitos disseram que o afastamento de Casillas da baliza dos merengues se devia a conflitos com José Mourinho, quando Carlo Ancelotti voltou a apostar em Diego López muitos acharam que também na selecção Espanhola o madrileno perderia o lugar.

Del Bosque reiterou a confiança em Casillas mas o Espanhol esteve muito mal nos dois jogos, estando directamente ligado a dois golos em que tem abordagens más ao lance e acaba por comprometer as aspirações Espanholas. Por um lado é óbvio que Casillas está em má forma mas é também verdade que nem todos os males da equipa Castelhana passam por Casillas, longe disso, e seria um erro culpabilizar o guardião Merengue pelo fracasso colectivo.