O dia de hoje reserva-nos dois jogos que poderão dissipar as poucas dúvidas ainda existentes: tanto a Argentina como a Alemanha disputam os seus segundos jogos, podendo ambas amealhar mais três pontos, confirmando assim as mais que prováveis passagens aos oitavos-de-final deste Mundial 2014. Ambas com 3 pontos na bagagem, as duas potências do futebol mundial enfrentam duas selecções teoricamente mais fracas, contemplando pois a séria oportunidade de somarem mais 3 pontos e escancararem as portas da próxima fase. A formação de Sabella entrará em campo às 17 horas, com o desejo de carregar forte sobre a débil selecção iraniana, orientada por Carlos Queiroz.

O segundo jogo do dia (20 horas) colocará frente-a-frente a poderosa Alemanha e a selecção africana do Gana, uma das mais fortes do continente. A Mannschaft chega ao segundo jogo com três saborosos pontos, resultado de uma goleada sobre Portugal, factor que deverá motivar ainda mais a turma de Joachim Low, que, em caso de triunfo, ficará mesmo à porta dos oitavos-de-final. Para o Gana, a conjectura é bem diferente - o conjunto treinado por James Appiah precisa urgentemente de pontos, mas, para tal, terá de contrariar o total favoritismo alemão e operar um milagre no qual poucos analistas acreditam. O caminho ganês será penoso: agora Alemanha, depois Portugal, dois jogos sobram para salvar a selecção de Essien, Muntari e companhia, desperdiçada que foi a chance de pontuar perante os EUA.

Apesar do favoritismo germânico, é a selecção de Messi, Di María e companhia, que terá pela frente o desafio mais fácil. Diante dos seus olhos apresentar-se-á uma inexperiente selecção iraniana, distante em termos qualitativos da mágica esquadra argentina, minada de jogadores capazes de gizar diferenças a qualquer minuto de jogo. A formação albiceleste vem de uma vitória frente à Bósnia (2-1), depois de uma transformação do figurino táctico operada por Sabella, alterando o seu inicial 3-5-2 para um mais ofensivo (e flexível) 4-3-3. A mudança foi feliz (além de ter sido opção óbvia) e até Messi elogiou a alteração, justificando-a com argumentos de maior pujança atacante.

No jogo de menos nomeada deste dia 21, Bósnia Herzegovina e Nigéria medem forças (23 horas) na tentativa de fugirem à eliminação. Com o Grupo F a ser dominado naturalmente pela Argentina, uma vitória neste duelo será a bóia de salvação de qualquer uma das selecções capaz de angariar os três pontos em disputa. A Nigéria de Keshi tem um ponto, resgatado no desafio diante do Irão (0-0), e quererá dar tudo de si para vencer o jogo onde tem mais palavras a dizer. A Bósnia, liderada por Susic, ainda não pontuou e afigura-se como a favorita do encontro: jogadores como Ibisevic, Dzeko, Lulic, Hajrovic ou Pjanic serão trunfos categóricos que Susic apresentará para garantir os 3 pontos - para os contrariar, Keshi tem na manga talentos como Emenike, Musa, Odemwingie, Obi Mikel ou Moses.

Alemanha mostrou ímpeto mundial, Argentina ainda tem de o justificar

Ao contrário da tímida exibição argentina, a Alemanha mostrou capacidade e estofo típicas de um campeão. Com uma actuação forte, dominadora e inteligente, a Mannschaft cilindrou um Portugal nervoso e cansado, mostrando talento para dar e vender, principalmente no truque operado nas movimentações ofensivas - Muller, carrasco de Portugal, é um diabo germânico à solta, pronto para ocupar o espaço disponível, seja nas alas ou de fronte para a área, beneficiando das diagonais de Gotze e Ozil, que tantas dores de cabeça causaram à embaraçada defesa lusa.

No aspecto técnico-táctico, a Argentina precisa ainda de demonstrar o potencial que todos lhe auguram: tal ainda não aconteceu. Entre indefinições tácticas e sub-aproveitamento de algumas peças (Enzo continua no banco, faltando um médio organizador), Sabella deverá apresentar um 4-3-3 mais atacante - a Queiroz resta vedar a linha defensiva e ter fé em Dejagah e Reza, as estrelas da companhia do Médio Oriente. Além deles, o treinador português contará também com a experiência e clarividência do médio Nekounam, esteio do meio-campo do Irão.