Quando falamos em Formula 1, nomes como Ferrari, McLaren Williams e Red Bull (ultimamente) surgem logo na nossa mente. São nomes sonantes, que já venceram na F1 e que conquistaram o respeito dos fãs. Até podemos falar da Honda e dos gloriosos anos 80. Mas há uma marca que desde de 1977 continua na F1, que já venceu muito e que continua a não receber os créditos que provavelmente merece. Falamos da Renault.

No ano passado o domínio da Red Bull era inquestionável e falava-se muito na aerodinâmica, do génio de Newey, ou do talento de Vettel. Mas pouca gente se questionou da qualidade dos motores que equipavam os monolugares e que se mostraram fiáveis e eficazes. Nas últimas semanas da época de 2013 vieram à tona as suspeitas de controlo de tracção que afinal não seria mais que uma afinação específica do motor que permitia recriar esse sistema. O segredo está com a Red Bull e a Renault mas a verdade é que alguma coisa o RB9 terá tido de melhor que os outros não tiveram.

Uma coisa é certa, a Renault é uma das marcas com mais sucesso na F1, que mais faz evoluir os seus componentes e os números que apresentam tendem a ser esquecidos.

Muita história para contar

A competir na modalidade desde 77, na altura em que introduziu os primeiros motores turbinados no grande circo, a Renault tem-se mantido na competição, tanto como construtor, ou como fornecedor de motores. De 77 a 83 foi construtor e conseguiu competir a alto nível e lutar por títulos mas em 83 abandonou a construção de carros para se focar apenas no fornecimento de motores.


Voltaram em 2000, quando compraram a Benetton até 2009, em que vendeu a maioria dos capitais à empressa Genni, que adquiriu a totalidade da equipa em 2010, no entanto o nome Renault manteve-se até 2011. Desde 2012 que a equipa da Genni, que se associou ao grupo Lotus em 2010, é conhecida como Lotus apenas.

No entanto quer como construtor quer como fornecedor de motores, o sucesso é o mote para a equipa francesa. Foram campeões do mundo em 2005 e 2006, com Fernando Alonso a brilhar e a elevar o nome Renault bem alto.


Mas já antes o nome da equipa do losango tinha estado representado ao mais alto nível, com a Williams e a Benetton a vencerem de 1992 a 1997 sempre com motores Renault.


Seguiram-se os títulos já referidos de 2005 e 2006. Em 2010 a parceira com a Red Bull deu frutos e desde então o domínio tem sido avassalador com 4 títulos de seguida.


No total são 12 títulos de construtores e 11 títulos de pilotos. Desde 1977 apenas ficaram fora do top 5 por 3 vezes, conseguindo estar sempre nos lugares cimeiros das tabelas.


A frieza dos números e um sucesso mascarado

No entanto a marca francesa continua a não receber os louros que merece, sendo constantemente esquecida. Os próprios chefes da marca já admitiram que não recebem créditos suficientes pelo trabalho desenvolvido.
E se compararmos com a Ferrari e a Mercedes, que são neste momento as marcas de topo no que diz respeito a fornecimento de motores, ficamos com uma ideia do que os franceses conseguiram:

Renault em números:

527 GP
33 épocas
9 construtores
67 pilotos
166 vitórias
211 poles
443 pódios
163 voltas mais rápidas
Nº de campeonatos de construtores: 12
Nº de campeonatos de pilotos: 11


Ferrari em números:

880 GP
65 épocas
14 construtores
138 pilotos
222 vitórias
685 pódios
208 poles
233 voltas mais rápidas
Nº de campeonatos de construtores:17
Nº de campeonatos de pilotos: 15

Mercedes em números:

367 GP
23 épocas
6 construtores
39 pilotos
106 vitórias
295 pódios
107 poles
109 voltas mais rápidas
Nº campeonatos construtores: 2
Nº campeonatos de pilotos: 6

Fazendo um exercício simples (e redutor) que consiste em juntar os títulos de construtores e de pilotos (pois ambos são influenciados pela performance dos motores) e dividir pelo nº de épocas em que cada equipa correu, a “taxa de sucesso” da Ferrari é de aproximadamente 50%, a da Mercedes de 36% e a da Renault de 69%. Vantagem significativa para a Renault.


Qual o motivo para o esquecimento?

Qual será o motivo para essa falta de crédito? Num exercício mental simples (que pode estar errado) parece que será pela falta de exclusividade da marca. Ferrari, Mercedes, são marcas em que a exclusividade é palavra de ordem. Nem toda a gente tem um Ferrari ou um McLaren. E os Mercedes embora mais comuns, pertencem a uma gama alta a que nem todos podem aceder.


A Renault não. Todos temos um amigo ou um familiar que tem um Renault. Vemos inúmeros veículos desta marca na rua. E isso faz nos esquecer que as mesmas pessoas que fizeram o Megane que passou por nós, são “as mesmas” que permitiram a Vettel ganhar 4 vezes seguidas. Quando ouvimos um Ferrari a passar, lembramo-nos do som de um F1. A velocidade que atingem faz-nos ficar mais perto do sonho de ser piloto. Um Renault não. É o carro do dia a dia que nos leva para o trabalho ou para o cinema, de forma discreta e eficaz. E isso não tem muito a ver com o espírito da F1.

Um futuro incerto

A verdade é que a Renault, foi uma das responsáveis pela a introdução destas novas motorizações mas não conseguiu fazer um bom trabalho. A Red Bull continua a ameaçar que vai procurar outros motores e a Lotus parece agora ter um inicio de acordo com a Mercedes para o fornecimento de unidades motrizes para 2015, numa altura que muitas equipas tentam ficar com a vaga que será deixada pela McLaren que vai passar a equipar com unidades motrizes Honda em 2015. Rumores correram que a marca francesa está a pensar retirar-se da F1. Será verdade? Pouco provável, pois uma equipa de F1 tem de saber dar a volta ao texto e encontrar soluções e o sucesso da Renault não se fez desistindo.

Mas a Renault para além de ter os motores menos fiáveis, tem tambem os motores mais caros, cujo custo ronda os 40 milhões de euros, contra os 30 milhões da Ferrari e os 28 milhões da Mercedes. Esta diferença deve se aos custos de produção que são elevados em relação às concorrentes. Com este cenário o futuro da Renault não parece ser o mais risonho. Será a marca francesa capaz de dar a volta ao problema?