A Costa Rica tem sido definitivamente a grande surpresa deste Mundial 2014, chocando o mundo do futebol com a qualidade e assertividade com que ultrapassou os rivais do grupo onde fora sorteada. Ditou a sorte que a selecção da Costa Rica fosse disputar o apuramento para os oitavos-de-final no apelidado «grupo da morte», devido às presenças de Inglaterra, Itália e Uruguai. Dada como carne para canhão nas análises que antecederam a prova, a Costa Rica refutou todas as previsões logo no primeiro jogo. Com um futebol combativo, rápido e tecnicista, «La Sele» cilindrou o Uruguai (3-1) e, não contente com isso, voltou a surpreender, batendo a poderosa Itália (1-0).

Atingindo o feito de terminar a fase de grupos sem ter sido derrotada, a selecção treinada por Jorge Luis Pinto conquistou o primeiro lugar do grupo, repetindo o feito de ser uma das melhores 16 formações do mundo, algo que ocorrera por uma única vez, no Mundial de 1990, na primeira participação da formação na competição. Com 7 pontos amealhados, a Costa Rica mostrou estofo para lidar com os desafios mais espinhosos, apoiando-se em talentos que não ficam atrás de outros executantes provenientes de selecções com maior calibre. Joel Campbell e Bryan Ruiz são dois exemplos perfeitos: ambos foram essenciais na caminhada mundialista e ambos mostraram capacidade para marcar a diferença...marcando golos.

Um 5-4-1 que parece uma multidão

A selecção costa-riquenha joga num 5-4-1 próximo de uma mutação em 5-2-2-1, com os médios a focarem-se num quadrado de linhas próximas e com pouco perímetro dado aos adversários na zona do miolo. Linhas baixas com um bloco aglutinado, a táctica da Costa Rica consiste em enredar o oponente na teia do contra-ataque, onde Ruiz e Campbell dão cartas devido à capacidade num duelo individual e na velocidade dos seus sprints. Com Christian Bolaños a desempenhar tarefas de organização de jogo, «La Sele» tapa o meio-campo com Ignacio Tejeda e Celso Borges, duplo.pivot defensivo que joga à frente da linha recuada de 5 defesas. Aí, Giancarlo González comanda as operações, coadjuvado por Duarte, Umaña, Díaz e Gamboa.

Com este modelo seguido à risca, a Costa Rica adensa o meio-campo tornando-o uma selva de pernas costa-riquenhas, onde a tarefa de desbravar mato fica difícil a cada minuto que passa. A prova disso foi a queda do Uruguai, que até começou a ganhar mas decaiu com a perda do meio-campo para as tropas de Jorge Luis Pinto. À semelhança, também a Itália foi manietada no mesmo capítulo, não tendo conseguido ameaçar condignamente a baliza à guarda do talentoso e experiente Keylor Navas. Com Tejeda e Borges na linha média recuada e Ruiz e Bolaños como médios interiores de apetência lateral, «La Muerte» aproxima as linhas e torna árdua a tarefa de furar a sua organização defensiva e expectante.

Provas dadas ao mais alto nível

Poderia tratar-se de um erro de julgamento precipitado mas tal não é verdade: as provas dadas pela selecção costa-riquenha foram coerentes e não se limitaram a uma simples partida de futebol, mas sim a três. Ninguém do denominado grupo da morte foi capaz de bater «La Sele» - Inglaterra e Itália nem foram capazes de lograr bater Keylor Navas por uma única vez. O guardião do Levante apenas foi batido por uma ocasião, o remate foi de Cavani na sequência de uma grande penalidade. Com 4 golos marcados e apenas 1 sofrido, a Costa Rica terá hoje pela frente a Grécia de Fernando Santos, adversário que não deixará de estar ao alcance. Para tal será necessário a concentração do costume.

Esta é a segunda vez que a selecção chega aos oitavos-de-final de um Mundial, depois da boa caminhada em 1990: duas vitórias na fase de grupos (frente à Escócia e Suécia) garantiram a passagem. Nos oitavos, a formação costa-riquenha perdeu por 4-1 contra a então Checoslováquia. Hoje a armada centro-americana poderá fazer História, qualificando-se pela primeira vez para os quartos-de-final de um Mundial.

A estrela da companhia: Joel Campbell

Uma seta nos corredores ou até na zona central mesmo em frente à área adversária, o jovem do Arsenal explodiu definitivamente neste Mundial, mostrando-se à altura dos embates mais difíceis. De empréstimo em empréstimo (Bétis e depois Olympiakos), a estrela de Campbell tardou em surgir brilhante mas neste momento o talento exposto não engana: estamos perante um jogador veloz, driblador perigoso com um gosto especial por marcar golos.

O valor seguro: Bryan Ruiz

Com um raio de acção gigantesco, Bryan Ruiz pode espalhar terror pelas alas (preferencialmente pela esquerda) ou na zona central do terreno, podendo juntar à capacidade de finalizar a arte de organizador o jogo atacante da sua formação. Tecnicamente evoluído, o jogador do Fulham (emprestado o ano passado ao PSV) pode facilmente personificar o avançado de rapina, «falso 9» que surge nos espaços que sobram, tentando completar movimentos de ataque a partir das faixas ou furando pelo meio através de combinações com os colegas de ataque.

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