Uma das imagens de marca da política de renovações e contratações da direcção do Sporting liderada por Bruno de Carvalho tem sido a preocupação em proteger os seus jogadores com altas cláusulas de rescisão.

Algumas das principais promessas e valores dos leões estão "barrados" por várias dezenas de milhões e milhões de euros, o que acaba por ser natural, mas também outros elementos, neste caso sem grandes perspectivas de serem negociados por tais valores de referência, estão também na mesma situação, com as suas cláusulas de rescisão a estarem drasticamente desproporcionais ao seu valor de mercado.

Muitas têm sido as críticas ao padrão (ou antes falta de critério) dos leões na aplicação destas «release clause», que em última análise, aponta-se, pode descredibilizar o poder negocial da sua administração e prejudicar a venda de alguns dos principais activos com maior valor de mercado.

O mais recente exemplo vem do Japão e a sua cláusula de rescisão de 60 milhões de euros já fez correr muita tinta em todo o Mundo em diversos órgãos de comunicação social, espantados pelo montante fixado a Junya Tanaka, um jogador pefeitamente desconhecido, de 26 anos, e sem nada no currículo que aparentemente justifique tamanho "resguardo" financeiro. A manchete de hoje do jornal italiano «Gazzetta dello Sport» é aliás bem elucidativa - «Ma chi è Tanaka?» (Mas quem é Tanaka?) - perguntava o quotidiano milanês, estupefacto com os 60 milhões impostos pelo Sporting a um avançado japonês.

Notícia «Gazzetta dello Sport».

A lista de cláusulas milionárias do Sporting é no entanto extensa, muitas delas com algum grau de disparidade relativamente à performance e valor de mercado dos jogadores em causa. Continuando no patamar máximo destas taxas em Alvalade, é curioso verificar que outro dos atletas leoninos que está protegido pelo tal tecto indemnizatório de 60 milhões de euros é o guineense Salim Cissé, jogador de quem se diz estar em negociações com o clube para rescindir e que na época passada esteve emprestado...ao Arouca.

Mais interessante ainda é perceber que, por outro lado, o avançado do Sporting mais bem cotado no mercado internacional actualmente, e cujo passe se está a valorizar de dia para dia com a sua participação no Campeonato do Mundo, é aquele cuja cláusula de rescisão é a mais baixa do conjunto de avançados leoninos: 30 milhões de euros é o montante estipulado ao avançado argelino Islam Slimani.

E nem as contratações de baixo custo dos leões, de que André Geraldes é o mais recente exemplo, se "livram" das cláusulas de rescisão astronómicas impostas por Bruno de Carvalho. À grande maioria delas tem sido fixado o montante de 45 milhões de euros, numa política que parece seguir mais uma lógica de precaução do que propriamente de avaliação individual e rentabilização futura de cada jogador.

VAVEL apresenta-lhe agora alguns exemplos concretos de jogadores do Sporting protegidos por cláusulas de rescisão verdadeiramente astronómicas:

Salim Cissé | 60 milhões de euros

Sem nunca se ter conseguido afirmar em Alvalade, o avançado da Guiné-Conacri esteve emprestado na segunda metade da época ao Arouca e deverá por esta altura estar a negociar a recisão com o clube leonino. Custou 300 mil euros e tem a mais alta cláusula de rescisão do Sporting. Valerá os 60 milhões?

Islam Slimani | 30 milhões de euros

Outra contratação «low cost» do Sporting mas que se prepara para oferecer um enorme retorno financeiro. Slimani está a fazer sensação no Mundial com golos e assistências decisivas, mas causa estranheza a sua cláusula de 30 mihões ser inferior à de outros jogadores com muito menos mercado em Alvalade.

Wilson Eduardo | 45 milhões de euros

Está na porta de saída de Alvalade e depois de uma época sem grandes notas de destaque, e maioritariamente passada no banco de suplentes, o seu passe nem por isso conheceu especial valorização. À beira de ser novamente emprestado, Wilson Eduardo é detentor de uma das mais altas cláusulas de rescisão do plantel leonino, que é no entanto claramente desproporcional ao seu actual valor de mercado.

William Carvalho | 45 milhões de euros

É a jóia da coroa da actual equipa do Sporting. William Carvalho, o «príncipe de Alvalade», é o jogador leonino com o mais alto valor de mercado e em Alvalade há a plena conviccção de que a sua saída só se dará por valores na ordem dos 45 milhões de euros.

Eric Dier | 30 milhões de euros

Alvo de muita cobiça, o defesa-central luso-inglês tem uma cláusula de 30 milhões que os leões pretendem aumentar, seguindo a sua actual política, para 45 milhões de euros. Esse é aliás um dos pontos de divergência nas negociações que persistem tendentes à renovação do seu contrato, que expira em 2016. Uma amostra da dificuldade da direcção de Bruno de Carvalho em atribuir os mesmos montantes indemnizatórios a jogadores valorizados, ao contrário de outros menos valiosos e aos quais a inclusão de elevadas cláusulas fica mais facilitada.

Filipe Chaby | 45 milhões de euros

Também a formação não escapa às cláusulas milionárias. Para proteger as suas promessas da cobiça de importantes clubes europeus, o Sporting tem seguido a mesma política do plantel principal com a sua cantera. O jovem médio Filipe Chaby é apenas um exemplo, também ele «preso» aos leões por uma cláusula de 45 milhões de euros.

Marcos Rojo | 30 milhões de euros

É um dos quatro internacionais do Sporting presentes no Brasil e outro dos que maiores perspectivas tem de sair já nesta janela de mercado. No entanto, o defesa-central argentino cujo passe os leões só detêm 25% está ligado à direcção de Godinho Lopes e a sua cláusula ainda não segue a tendência das mais recentes.