Nunca ninguém esperou que a poderosa Alemanha tivesse de sofrer tanto para chegar aos quartos-de-final. Depois de 90 minutos de tentativas e desconcentração por parte das duas equipas, aquilo que era impensável no ínicio da partida acabou por se tornar uma realidade. 

O prolongamento teve de ser a resolução de todo o jogo. Os golos de Schurrle e Ozil acabaram com o sonho africano, mas ainda antes do apito final, Djabou fez o golo de honra da Argélia. Uma despedida com direito a vénias por parte do gigante europeu. 

A Alemanha soma e segue e vai agora jogar com a França nos quartos-de-final deste Mundial, mas depois das falhas de hoje Joachim Low precisa de ter a estratégia bem definida para ultrapassar a Selecção Francesa. 

«Favas contadas» ou trabalho de casa bem feito? 

Ao longo de toda a primeira parte, a Argélia foi mostrando que não foi a jogo para ver ganhar. Com um meio-campo organizado e um contra-ataque rápido, a selecção comandada por Vahid Halihodzic foi conseguindo quebrar o comando do jogo por parte da equipa alemã. 

A Alemanha, tal como aconteceu nos jogos da fase de grupos, entrou muito ofensiva na partida, mas a verdade é que foi a Argélia a primeira a criar perigo. Aos oito minutos de jogo já Slimani avisava a baliza de Neuer, mas a experiência do guarda-redes do Bayern acabou por sobressair e o perigo acabava por passar ao lado. 

Para ver jogar a Alemanha, os adeptos presentes nas bancadas do Beira-Rio tiveram de esperar pelos 15 minutos de jogo. Schweinsteiger rematou forte, mas a verdade é que faltou pontaria ao médio do Bayern e a bola saiu muito ao lado da baliza de M'Bolhi. 

 A equipa de Halliche e de Slimani ia deixando jogar, mas as situações de perigo acabavam por aparecer. A técnica de Soudani acabava por trocar as voltas à defesa alemã e fazer a bola chegar ao avançado do Sporting, bola essa que acabou no fundo da baliza. Depois de um cruzamento perfeito de Ghoulam o lance acabou por dar o cabeceamento. A bola acabou no fundo da baliza de Neuer, mas o golo acabou por ser anulado por ter sido precedido de um fora-de-jogo. 

Aos 20 minutos de jogo todas as situações de golo pertenciam à equipa argelina, a Alemanha precisava de acordar e perto da meia hora o primeiro aviso lá chegou. Ozil cruzou e Muller rematou, mas M'Bolhi não tremeu e acabou por defender o remate forte do homem do Bayern. 

Até ao intervalo, mais do mesmo. Ozil ia cruzando, Muller ia rematando, mas a defesa argelina ia cortando. O trabalho de casa foi bem feito por parte da Argélia e a verdade é que a ex-campeã do Mundo não estava a conseguir mandar no jogo. As subidas no terreno começavam a criar perigo, mas não o suficiente para justificar toda a primeira parte apagada por parte da equipa alemã. Chegavamos então ao intervalo e com ele estavam as duas opções em cima da mesa para a equipa alemã: ou o controlo do jogo era feito e se começavam a criar situações de perigo eminente, ou então a Argélia acabava por fazer o golo e o adeus era certo... 

Domínio e desconcentração 

Com o início da segunda parte, Low fez entrar Schurrle para o lugar de Gotze, era necessária velocidade no ataque e o técnico alemão sabia que com o avançado do Chelsea isso era uma certeza. A verdade é que desde a entrada de Schurrle, a equipa germânica mudou de postura e nos dois primeiros minutos do segundo tempo, as oportunidades de golo já superavam todas as que ocorreram na primeira parte. 

O domínio voltava a ser alemão. Os passes, os lances, as jogadas tácticas e as técnicas voltavam a mostrar a poderosa Alemanha que se viu na chegada ao Mundial deste ano. Ainda assim, o golo continuava sem aparecer e muito por culpa do guarda-redes argelino: M'Bolhi. 

O guarda-redes da Argélia foi impenetrável em todos os lances de ataque alemão e nem com Muller pela frente chegou a tremer. Apesar do domínio por parte da Selecção alemã, os contra-ataques de Slimani e de Soudani continuavam a fazer o aviso de que a equipa africana não ia desistir assim tão facilmente do jogo. 

Aos 54 minutos, a jogada foi perfeita: combinação de Muller e de Ozil com a bola a terminar nos pé de Lahm. O remate foi forte, mas a bola acabou por tomar um rumo muito diferente daquele que se esperava. O domínio estava lá, ainda assim continuou a faltar concentração à equipa de Schweinsteiger. A 25 minutos do fim nada de golos, não fosse o domínio total da equipa germânica e poderia pensar-se até no impensável prolongamento.

A partir dos 70 minutos a Argélia foi ganhando mais uma vez o espaço que tano conquistou ao longo de toda a primeira parte, mas a serenidade de Neuer, acabava por dar merecido descanso à defesa alemã. Aos 81, Muller fez tudo bem feito. Agarrou bem o cruzamento de Ozil, fintou 2 defesas e fintou até o guarda-redes argelino, mas no momento decisivo acabou a atirar ao lado. Os nervos começam agora a fazer-se notar e parecia que por mais que tentassem, os jogadores alemães não iam mesmo conseguir fazer a bola entrar na baliza de M'Bolhi. 

O tempo passava e com a chegada aos 90 minutos chegavam também os quatro minutos de descontos. Descontos esses que M'Bolhi e Halliche agarraram como se da sua própria vida se tratasse. O impensável era agora real: a poderosa Alemanha rendeu-se à qualidade argelina e tinha mesmo de decidir a chegada aos quartos-de-final no prolongamento. 

Do impensável aos golos foi uma questão de dois minutos 

O prolongamento começava com uma certeza: se os golos não aparecessem agora nos penaltis a vantagem seria alemã. A experiência de Neuer traduziria-se num resultado que há muito já deveria estar decidido: a vitória alemã. E aquilo que não se conseguiu ver em 90 minutos estava agora feito. Corria o minuto 2 do prolongamento quando Schurrle aproveitou o cruzamento de Muller para fazer o 1-0. Um golo mágico por parte do jogador do Chelsea. Ao agarrar a bola houve tempo para dar um jeito de calcanhar e bater pela primeira vez M'Bolhi. 

O sonho africano parecia ter acabado, mas ainda assim a equipa argelina não desistiu da procura do golo. O cansaço dos mais de 100 minutos em campo não tardaram a aparecer e nem germânicos, nem argelinos pareciam ter mais forças para aguentar o que restava do prolongamento. 

Mas se ao longo de toda a primeira parte do prolongamento o jogo tinha sido dominado pelos germânicos, nos segundos 15 minutos a Argélia ainda acreditava e não desistiu de circundar a baliza do experiente Neuer. 

Depois de um contra-atraque mal conseguido pela Selecção Africana, a Alemanha voltou ao ataque. Schurrle rematou, M'Bolhi defendeu, Muller rematou, defendeu Halliche em cima da linha de golo e quando a bola chegou finalmente aos pés de Ozil o «chapelinho» deu o golo. Estava feito o 2-0. 

A um minuto do tempo de compensação do prolongamento a Alemanha tinha o jogo ganho. Saber sofrer revela-se então ser uma das grandes virtudes alemãs e quando a festa já era feita no banco germânico, a Argélia fez o golo.  Depois de um cruzamento de Ghoulam, Djabou acabou por bater Neuer a 30 segundos do fim. Uma despedida amarga da equipa africana, que mostrou ter feito o que muitos achavam impensável. 

O jogo acabou e na próxima fase a equipa de Joachim Low vai enfrentar a selecção francesa. Depois de uma exibição fraca perante a pequenina Argélia, estará a Alemanha preparada para enfrentar Benzema & Companhia? 

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Sobre o autor
Mariana Cordeiro Ferreira
Transpiro futebol por todos os poros