Minuto 79, cabeçada de Paul Pogba: golo francês, caminho desbravado rumo aos quartos-de-final do Mundial 2014. Quando se perspectivavam mais 30 minutos de prolongamento, o médio da Juventus inaugurou o marcador, abatendo a crença nigeriana e abrindo via para a qualificação gaulesa. Depois de muito tentar e de até sofrer, a França foi capaz de quebrar a muralha defensiva da Nigéria - durante 80 minutos, a selecção africana ofereceu resistência condigna e nunca abdicou de ameaçar o reduto à guarda de Lloris.

Apesar do elogio prestado à formação de Keshi, tanto o golo de Pogba como o erro de Yobo que origina o 2-0, apenas traduziram a lógica da superioridade francesa, que tardou em materializar em golos o seu claro ascendente. Em seis oportunidades de golo, a França mostrou generosos atributos perdulários, ao adiar, com a ajuda Vincent Eneyama (que viria a comprometer no primeiro golo...), o golo que certamente sentenciaria a Nigéria à derrota. A vitória chegou no fim e foi vendida cara pelos nigerianos. Os gauleses treinados por Deschamps irão agora enfrentar a Alemanha nos quartos-de-final.

Gauleses batiam à porta, super-águias davam a volta à chave 

A França, disposta num 4-3-3, cedo foi tomando as rédeas do jogo, naturalmente. A Nigéria, com um 4-5-1 denso, foi dando voltas à chave, tentando trancar ao máximo a porta do golo. Nesta luta de intenções foi a França a levar a melhor, pelo menos até à hora de alvejar a baliza de Eneyama. Logo aos quatro minutos Yobo salvou o guardião de apuros ao tirar o pão da boca de Giroud, mas, na segunda grande chance de golo, Eneyama teve mesmo de dar um passo em frente e ganhar protagonismo: passe de Valbuena e remate de Pogba, primeira defesa notável do «keeper» africano de 31 anos.

Aos 40 minutos, novo calafrio para os nigerianos, outra vez Valbuena na jogada, colocando a bola redonda, ao gosto do pé do lateral Debuchy. O remate, apesar de potente, saiu por cima da barra. Quatro minutos mais tarde era a vez do avançado Emenike colocar a defesa gaulesa em sentido, através de um remate defendido por Lloris. A segunda parte começou com o atrevimento do veloz e tecnicista Odemwingie, que obrigou Lloris a voltar a aplicar-se - o relógio marcava 64 minutos e, daí para a frente, o domínio francês cresceu até tornar-se sufocante (abaixo pode ver-se o volume de remates da França).

Entrada de Griezmann dinamizou ponta final francesa

O jovem extremo da Real Sociedad entrou aos 62 para substituir o apagado Giroud, que poucas vezes tivera a agilidade necessária para procurar campo livre e romper com as marcações nigerianas feitas pelo quarteto defensivo. Na primeira parte tinha sido o génio velocista de Valbuena a desequilibrar, quer com incursões rápidas pelo flanco quer com passes atrasados para o coração da área. A finalização dos colegas não fora a melhor. Na segunda parte o grande dinamizador do ataque francês foi Antoine Griezmann, de 23 anos. Irreverente no um-para-um, irrequieto e rematador, o extremo trouxe acutilância e mobilidade à esquadra de Deschamps.

Com a entrada de Griezmann, Benzema passou a ocupar o centro do ataque, movendo-se da linha para o interior do reduto nigeriano. A mudança foi essencial para a maior perigosidade das acções ofensivas da França e as repercussões foram praticamente imediatas: Benzema combinou com Griezmann para depois rematar, obrigando à defesa de Eneyama e ao corte salvador de Moses, impedindo a bola de ultrapassar a linha de golo - faltavam 20 minutos para o apito final e a Nigéria aguentava-se como podia.

Benzema, mais solto no ataque, disparava sempre que podia, mas a bola mantinha-se afastada das redes da Nigéria. Nem mesmo quando Cabaye preparou uma bala certeira, disparando com selo de golo, o placard mudou: o esférico chocou com o poste enquanto Eneyama apenas se limitava a voar, vendo o ocasião de golo flagrante desvanecer-se, para sua felicidade. Jogo exterior forte da França, com Valbuena e Griezmann a acentuarem a pressão no último terço. O golo acabou mesmo por surgir mas...de bola parada. 

Pogba, homem do jogo, descobriu buraco na muralha

Aos 79 minutos, finalmente, o golo da França, com a assinatura do «box-to-box» Pogba. Canto marcado por Valbuena, saída extemporânea de Eneyama e, Pogba. na sobra, marcou de cabeça. Incasável, inteligente na posse de bola, refinado no toque e na condução das jogadas, o médio da Juventus foi o esteio da selecção francesa, autêntico centro gravitacional da táctica de Deschamps. Competente, tanto a defender como a atacar, Pogba (auxiliado pela pujança física de Matuidi) foi o elemento chave na manobra da sua nação - o golo foi um prémio justo.

Depois de nova ameaça de Griezmann (aos 84 minutos), o 2-0 apareceu por intermédio do experiente Yobo (vai abandonar a selecção), que, pressionado pelo cruzamento de Valbuena e pela presença de Griezmann, atirou para o fundo das redes, sentenciando a Nigéria à inequívoca derrota. Numa partida onde Musa esteve intermitente (marcara dois golos à Argentina), Onazi foi o infeliz da tarde, ao sair lesionado depois de um confronto com Matuidi, aos 56 minutos de jogo.