Foi a grande mudança anunciada para 2015. Nos novos regulamentos para 2015, a FIA anunciou que as entradas do Safety Car em pista iriam dar origem a um novo procedimento de largada, para apimentar o espectáculo para os espectadores.

Se a ideia em si não parece descabida de todo, as consequências poderão ser bem diferentes. Antes de mais há a questão dos puristas. Os amantes da F1 que detestam ver a modalidade alterada. Esses deverão estar à beira de um ataque de nervos pois este procedimento é em tudo semelhante ao que os americanos fazem na Nascar e na Indy, quando os carros já estão muito espaçados uns dos outros. Os americanos não se importam pois querem espectaculo. Mas na F1 ainda existe a vontede de ver uma corrida pura, em que os pilotos fazem o melhor que podem e se conseguem uma vantagem de 20 segundos é porque o mereceram ou porque tem o melhor carro. Estar a fazer um novo procedimento de largada é tornar a corrida um pouco artificial.

A opinião dos pilotos

Os pilotos também não gostaram nada da ideia. Button manifestou-se contra, tal como Rosberg e agora foi a vez de Ricciardo afirmar o seu desagrado com a nova regra: «Não quero ir muito por aí mas se estás a liderar uma corrida com 20 seg. de vantagem, aquilo que parecia uma vitória fácil é ainda questionavel. Na largada tudo pode acontecer. Podes ter uma má largada, ou um acidente até, e podes passar de primeiro para quarto na primeira curva. Parece um pouco injusto para quem lidera».

A justiça e a matreirice

De facto a questão da justiça pode entrar em cena. Um piloto que se esforçou para conseguir uma vantagem, vê o seu esforço desfeito por um acidente do qual não teve culpa nenhuma e pode ver a sua liderança ameaçada, algo que antes não aconteceria. Mais ainda e algo que todos parece estar a esquecer. As equipas da F1 são peritas em dar a volta aos regulamentos. E se por um acaso um piloto de uma equipa tem um problema no carro e o outro piloto da mesma equipa está em 2º lugar a 7 seg. do primeiro. Já que o carro vai parar, que seja numa zona que obrigue o Safety Car a entrar. Nova largada e nova oportunidade para o 2º atacar o primeiro. Ao nivel do espectáculo é excelente. Mas será que as pessoas querem ver algo deste genero?

A opinião da Pirelli

Por fim e ainda mais importante que a opinião dos pilotos é a opinião do fornecedor de pneus. Paul Hembrey admitiu publicamente que a ideia tem de ser bem pensada e que necessita de ser investigada a fundo: «Não tem só a ver com os pneus, mas tambem com os carros que podem aquecer. Do nosso ponto de vista, é obvio que os pneus vão perder temperatura e pressão uma vez que rodaram atrás do Safety Car.»

A última coisa que um piloto quer é um conjunto de pneus gasto a perder temperatura e pressão. Como estão gastos, terão menos borracha e como tal demorarão muito mais a aquecer. A perda de pressão tem efeitos óbvios, na altura e no comportamento do carro em travagem. E tendo em conta que a largada é dos momentos mais perigosos de um Grande Prémio, enfrentar a primeira curva com um carro que se pode comportar de maneira completamente diferente não é agradável para ninguém.

A Pirelli já teve uma má experiencia no ano passado, quando seguiu as vozes que pedriam pneus mais macios e agressivos de forma a apimentar a competição. Os sucessivos rebentamentos colocaram a marca italiana em maus lencóis e por certo não quererão voltar a estar no banco dos réus.

Uma coisa é certa, esta regra ainda vai dar muito que falar.