Para abrir os quartos-de-final do Mundial 2014, nada melhor do que um duelo histórico e muito antigo, remetendo até uma perspectiva fora do futebol e passando à questão política como as I e II Grandes Guerras. Nesse jeito mais bélico, esperava-se nova batalha, desta feita táctica, com muito equilíbrio e até quem sabe um prolongamento.

Deve recordar-se que o último encontro entre França e Alemanha em Mundiais remonta a 1986, com vitória para a Alemanha por 2-0… e foram precisamente os germânicos quem entraram melhor, adiantando-se no marcador no primeiro lance de real relevo, à passagem dos 12 minutos num pontapé livre cobrado por Toni Kroos para ser depois aproveitado pela desmarcação de Mats Hummels, que de cabeça bateu Hugo Lloris.

Nos anteriores encontros deste Mundial a França já mostrou ser capaz de gerir os encontros da forma que mais lhe apraz quando se encontra em vantagem, como de resto fez logo no encontro de estreia frente às Honduras. Não tendo tido desta feita essa possibilidade, a equipa gaulesa ‘fez-se à vida’ com um primeiro esboço de resposta aos 33 minutos, momento no qual Karim Benzema não aproveitou para fazer a recarga mais eficaz ao seu alcance depois de uma defesa incompleta de Manuel Neuer.

França não conseguiu ultrapassar o grande teste que este Mundial lhe colocou

Desperdiçada a oportunidade, e sendo certo que não há comparação possível entre Alemanha e Honduras, principalmente por isso era necessária uma resposta categórica que os gauleses procuraram com uma tentativa de entrada forte na segunda metade do jogo. No entanto, continuava a ser complicado penetrar a defensiva alemã, um teste que parecia demasiadamente complexo para um conjunto que, recorde-se, até passou por um apuramento complicado para esta competição. 

«Estávamos num grupo de cinco equipas e uma delas era a Espanha,» recordou recentemente Didier Deschamps, que revelou dificuldades para fazer face à alteração táctica implementada pela equipa alemã devido à inclusão do mais posicional Miroslav Klose na equipa titular, o que parece ter recolhido frutos pela mobilidade de Thomas Muller, neste jogo pelas alas, mais uma prova das múltiplas possibilidades existentes no plantel alemão.

Schurrle ainda dispôs de duas oportunidades para aumentar o «score»

Entre o rol de alternativas alemãs existe não só Klose como também o contributo de vários médios de apetência ofensiva, como uma vez mais se verificou com os titulares Sami Khedira, Toni Kroos e Bastian Schweinsteiger e ainda com outras possibilidades de indiscutível qualidade no banco como jogadores como Julian Draxler, que ainda aguarda a sua estreia neste Mundial.

Com o resultado a seu favor, a Alemanha manteve-se em controlo, mas sempre de olho no 2-0, que poderia ter chegado aos 72 minutos num remate cruzado de André Schurrle bem controlado por Lloris e novamente pelo mesmo jogador alemão que oito minutos depois se encontrava em posição privilegiada mas permitiu nova intervenção do guardião gaulês.

Chamado a intervir Lloris manteve as esperanças intactas de uma França bem melhor do que a imagem de confusão deixada há quatro anos na África do Sul. Mesmo assim, não bastou para ultrapassar o solitário tento da Mannschaft, que segurou com eficiência essa mínima vantagem.