Diz Luís Freitas-Lobo que o seleccionador holandês é um comandante do futebol. Eu cá acho que Van «Genius» é o nome mais apropriado. Louis Van Gaal é conhecido pela sua autoridade e franqueza nas palavras. Aos 62 anos é o principal responsável pela campanha e evolução que a laranja mecânica tem vindo a fazer até agora. O técnico assumiu o comando técnico em Julho de 2012 depois do fraco desempenho no EURO 2012. A selecção holandesa precisava de uma remodelação ou mesmo uma revolução. O seu trabalho não foi fácil. Van Gaal já tinha sido seleccionador holandês em 2002 tendo falhado o apuramento para o Mundial de 2002.

A imprensa viu o regresso do técnico com muita desconfiança e Van Gaal estava sobre uma enorme pressão. Contudo, o líder laranja lidou bem com isso e uma nova Holanda estava prestes a aparecer, tão rapidamente como a desilusão de 2012. Apesar da remodelação e de grande ausências como Strootman e Willems, Van Gaal formou um grupo competitivo e no primeiro jogo deste campeonato do mundo supreendeu tudo e todos ao ganhar por 5-1 à campeã em título, Espanha. São apenas sete os repetentes de 2010, são eles Michel Vorm (Swansea), Nigel de Jong (Milan), Wesley Sneijder (Galatasaray), Dirk Kuyt (Fenerbahçe), Arjen Robben (Bayern de Munique), Robin van Persie (Manchester United) e Klaas-Jan Huntelaar (Schalke 04).

Os resultados que a Holanda tem vindo a apresentar deve-se muito à esperteza como Louis Van Gaal lê as tácticas do adversário. É muito criticado pelo futebol pragmático que a laranja mecânica tem vindo a praticar mas a verdade é que são o melhor ataque da prova:

Do 5-3-2 ao 4-3-3, até os suplentes decidiram

Neste campeonato do mundo o selecionador tem mostrada que o seu grupo tem uma capacidade de adaptação excelente. Na partida de estreia, contra a Espanha, o holandês supreendeu (nunca o tinha feito na fase de apuramento) ao utilizar um 5-3-2 moldado em torno de Van Persie mas sobretudo na velocidade de Robben. A verdade é que resultou e teve o final que toda a gente já sabe. A impresa tem questionado sobre esta tática devido ao futebol pragmático. Van Gaal não liga nenhuma e faz braço de ferro e por enquanto tem saído por cima.

Contudo, a esperteza de Van Gaal dá para mais. O selecionador tem sempre o 4-3-3 de reserva. A primeira vez aconteceu na partida com a Autrália onde Bruno Martins Indi se lesionou e o técnico foi obrigado a mudar de sistema com a entrada de Depay. É um sistema mais baseado em posse-de-bola e no contra-ataque onde os extremos são muito são uma dor de cabeça para o adversário. Para além do jogo contra a Austrália, este sistema já foi usado nos jogos contra o Chile, México e Costa Rica. Neste último, Van Gaal utiizou desde ínico. O seleccionador percebeu que as alas eram o ponto fraco dos costa-riquenhos e por isso utilizou os desequilíbrios de Depay e Robben. Apesar disso só conseguiu vencer nos penáltis com um golpe de génio.

No último minuto do prolongamento fez entrar Krul para o lugar de Cillessen. O guarda-redes do Newcastle defendeu 2 grandes-penalidades. No jogo contra o México, Van Gaal fez entrar Huntelaar na partida. O avançado foi decisivo. Fez a assistência para o primeiro golo e marcou o golo da vitória por meio de uma grande penalidade. Depay também tem sido uma peça importante. Cada vez que entra tem desequilibrado contando já com 2 golos, um deles o golo da vitória contra a Austrália e o outro contra o Chile. Podemos dizer que é a sua principal arma secreta. Digo principal porque Van Gaal é um génio e pode ter várias. Nunca sabemos o que vai naquela cabeça.

Como podemos ver há poucos treinadores que leêm o jogo como Louis Van Gaal lê. Louis Van Gaal irá ser o treinador do Manchester United na próxima época esperando-se tal como fez com a Holanda uma remodelação metendo o clube no lugar onde pertence estar. Depois de uma época medíocre, os adeptos dos «Reds Devils» têm razões para sorrir.