O sonho da Copa Brasileira foi arrombado por uma Alemanha de gala. A equipa comandada por Joachim Löw bateu, por indubitáveis 7-1, a selecção Canarinha.

Uma primeira parte demolidora

Com as principais referências defensivas e ofensivas no campo, visto que tanto Thiago Silva como Neymar Jr. não puderam dar o seu contributo à selecção, Scolari não fugiu muito àquilo que se esperava e fez entrar Dante e Bernard para as vagas em falta e entregou a braçadeira de capitão a David Luiz. Estas opções eram, à partida, as mais acertadas, visto que Dante, sempre que foi chamado correspondeu sem problemas ao que lhe era pedido (ainda para mais conhecia, como ninguém no plantel Brasileiro, os jogadores Alemães), Bernard tinha a velocidade e capacidade para desiquilibrar a defesa alemã, teoricamente mais lenta e David Luiz vinha-se assumindo como o sidekick mais importante a seguir a Thiago Silva e Neymar.

Os primeiros minutos até mostraram um Brasil forte, a fazer lembrar aquele que entrou em campo frente à Colômbia. A Canarinha criou algum perigo e nos primeiros cinco minutos teve um canto e um lance periogoso, com a defensiva alemã a tirar na hora-H um cruzamento periogoso de Hulk . No entanto, depois de suster uma primeira pressão Brasileira, a selecção Alemã entrou no jogo e a partir daí nunca mais deixou de o controlar.

Numa bela jogada construída pelo meio-campo Germânico, Khedira remata com violência mas o remate, que continha selo de golo, foi desviado pelo seu colega de equipa Muller. Estava dado o aviso e dois minutos depois, o mesmo que negou o golo a Khedira acabou por facturar. Kroos bateu o canto, aos 11 minutos, que culminou com o golo de Muller, o seu quinto na competição. A defesa Brasileira, que opta por defender ao homem nas bolas paradas, não conseguiu acompanhar a movimentação fantástica de Muller, que rematou facilmente para abrir o marcador. Muitas culpas para o defesa do PSG David Luiz neste golo.

A selecção Brasileira foi surpreendida pelo golo madrugador da Alemanha e não soube gerir as suas emoções num momento crucial da partida. Quando se pedia sangue frio e cabeça aos jogadores Brasileiros, estes acusaram muito o golo e partiram para o ataque, desenfreadamente, deixando a defesa muito desfalcada em diversos lances. O capitão, ex-Benfica, não soube acalmar as suas tropas e comunicar as seus companheiros que ainda faltava bastante tempo para acabar o jogo e que deviam continuar com o plano traçado por Luiz Felipe Scolari.

A partir deste momento, o Brasil começou a apostar muito no jogo directo, com enormes lançamentos sem sucesso por parte dos centrais David Luiz e Dante. Com naturalidade, dada a supremacia da Mannschaft, surgiu o segundo golo na partida.

Aos 23 minutos, Muller abre da direita para o meio, fazendo um passe para Kroos. Fernandinho, que fica mal na fotografia, falha o corte e Kroos entra na área adversária e devolve a Muller, que estava em jogo depois de uma falha tremenda de Marcelo (que deixa toda a equipa Alemã em jogo). O jogador do Bayern deixa a bola nos pés de Klose que remata para a baliza. Júlio César conseguiu deter o primeiro remate do avançado, mas na recarga este não perdoou e bateu o recorde que pertencia ao "Fenómeno" (16 golos em Fases Finais de Mundiais).

A partir do segundo golo, foi o descalabro total em Belo Horizonte. Começava-se a desenhar o Mineiraço, o Maracanaço do século XXI. No minuto que seguiu o golo de Klose, a Alemanha voltou a aproveitar o mau posicionamento de Marcelo, que deixou muito espaço a Lahm para cruzar e Kroos, de primeira, à entrada da área, disparou para o fundo das redes de Júlio César, que nada pôde fazer.

A turma de Löw não mostrava qualquer intenção de abrandar e dois minutos depois voltou a ampliar a vantagem no marcador, novamente por intermédio de Kroos. A equipa Brasileira não conseguia suster a pressão Alemã e em novo erro gravíssimo de Fernandinho, que perdeu a bola no meio campo defensivo, a Mannschaaft voltava a marcar. Total desatenção do médio do City que ofereceu o 4-0, de bandeja, aos Alemães.

Kroos marcou dois golos e foi o homem do jogo. (Fonte: Reuters)
Fernandinho teve noite para esquecer. (Fonte: FIFA)

Quando as coisas pareciam não poder piorar mais para o conjunto de Scolari, que não conseguia contraria o poderio dos Europeus, Luiz Gustavo e David Luiz voltaram a errar. Os dois jogadores saíram "à queima" a Hummels, que conseguiu soltar a bola para Khedira, que ficou practicamente, junto com Ozil, cara a cara com o guarda-redes. Os dois jogadores que jogaram juntos no Real Madrid combinaram bem, para finalização fácil de Sadi. Estava feito o 5-0 na partida, com os Germânicos a fazerem 4 golos, no espaço de apenas 6 minutos.

A Alemanha não mostrava piedade e castigava severamente a falta de organização e agressividade do meio-campo e da defesa da Selecção. No quarto de hora final, não houve nenhum lance de perigo, para nenhum dos lados. A selecção Alemã estava satisfeita com o resultado e os Brasileiros também, pois ficava sempre no ar a ideia de que se os Alemães pusessem o pé no acelarador, o resultado podia-se dilatar.

Outra parte, história similar

Na segunda parte, Scolari tentou inverter a situação e fez sair Hulk e Fernandinho, fazendo entrar Ramires e Paulinho. Estas alterações tinham como objectivo fortificar o meio campo sul-americano e tentar diminuir a prestação fantástica que o trio do meio campo Alemão, composto por Khedira, Schweinsteiger e Kroos estava a ter. Como seria de esperar, os Europeus diminuíram a pressão e passaram a gerir o jogo, dando mais espaço ao Brasil para procurar o golo.

No entanto, era um dia não para o Brasil. Estes últimos, à semelhança daquilo que aconteceu na primeira parte, voltaram a entrar fortes e podiam ter chegado ao golo em três ocasiões, através de Oscar e por duas vezes através de Paulinho. Mas até mesmo quando os jogadores Brasileiros faziam a sua tarefa, havia um Alemão que a executava ainda melhor, Manuel Neuer. Como já nos tem habituado neste Mundial, o guarda-redes do Bayern respondeu de maneira senscacional às tentativas Brasileiras, com defesas de elevado grau de dificuldade, como podemos ver.

O Brasil, depois de ver tantos golos desperdiçados, perdeu ânimo, pois viu impossível a tarefa de dar a volta ao marcador. A Alemanha aproveitou-se do cansaço físico e psicológico dos atletas Sul-Americanos e carregou no acelarador. Aos 69, o recém entrado Schurrle respondeu da melhor maneira a um cruzamento rasteiro de Lahm. Mais um lance que mostrava a apatia defensiva dos Brasileiros. O lateral do Bayern conseguiu cruzar a bola dentro da grande área brasileira, sem grande dificuldade, visto que no raio de 5 metros não se encontrava ninguém. Mais uma vez, fica a sensação de que Marcelo voltou a dar muito espaço a Lahm e estava a subir no terreno sem qualquer critério, deixando as suas costas completamente livres.

O desespero dos Brasileiros perante a alegria de Muller e Schurrle. (Fonte: Getty Images)

Com grande naturalidade, o sétimo golo alemão chegou. Schurrle voltou a fazer o gosto ao pé, com um golo fantástico. O jogador do Chelsea, isolou-se na grande área e de pé esquerdo, disparou para o anglo superior esquerdo, deixando Júlio César sem qualquer hipótese. Outro golo em que foi notório o desiquilíbrio defensivo Brasileiro, com David Luiz e Dante fora das suas posições e Luiz Gustavo, perdido em campo, sem saber quem dobrar.

Até ao fim do jogo, nada de relevante veio a ocorrer. Apenas uma menção para o golo de honra brasileiro. Num momento em que já nada podia ser alterado. Uma falha de concentração Alemã, no último minuto de jogo, permitiu que Marcelo fizesse um bom passe em profundidade para Óscar, que tirou do caminho Boateng e finalizou com classe, estabelecendo o resultado final em 7-1, uma goleada histórica em fases finais de Mundiais.

Apesar do golo de Oscar, era muito a tristeza no fim do jogo, em Belo Horizonte (Fonte: AFP)

Com o resultado final em 7-1, a Alemanha atinge assim a oitava final de Mundial da sua história e chega ao Rio de Janeiro com a moral em alta, depois de bater categoricamente um dos favoritos, com Kroos, Khedira e Muller em destaque. Já o Brasil, vê o sonho do hexa morto, perante uma Alemanha demolidora. A equipe de Scolari acusou bastante a ausência de Neymar Jr. e do capitão Thiago Silva e não soube reagir ao golo sofrido logo aos 10 minutos. Ainda, a Selecção pagou, muito caro, a fraca prestação de Marcelo, David Luiz e Fernandinho. Resta saber com que estado de espírito é que chegarão a Brasília, no Sábado, para disputar o jogo de atribuição do terceiro e quarto lugar.