Depois de jogada a primeira meia-final da competição, e verificada uma surpreendente demonstração do poderio germânico, a questão que todos colocam: «Quem irá defrontar a Alemanha na final?». Será o derradeiro desafio um jogo europeu? Ou assistiremos a uma final intercontinental? Do lado holandês os argumentos passarão pelo poder ofensivo assinado por Robben, enquanto no colectivo argentino Messi permanece como estrela. As questões são resolvidas às 17:00 horas, na Arena de São Paulo.

Teste de pressão à defesa argentina

O sector defensivo tem sido o mais passível de críticas na Argentina de Sabella. Porque se esta foi capaz de marcar em todas as partidas do Mundial, também demonstrou insuficiências na forma como protege a sua baliza. Foi assim com os adversários Irão, Nigéria e Suiça, totalizando 4 golos sofridos. E se esta era uma problemática corrente, ganha contornos vincados perante o adversário teoricamente mais pesado no seu percurso. A tarefa que se impõe é a de, em primeiro plano, responder com eficácia a uma Holanda bem-sucedida no contra-ataque.

Depois, há que travar Robben, sustento do ataque holandês, que pode merecer dupla marcação, no enquadramento táctico argentino. Besanta pode ser renegado para esta função, enquanto a troca de Fernandéz por Demichelis no último jogo pode ser um bom agoiro para o sucesso albiceleste. Alteração obrigatória no onze será a forçada entrada de Enzo Pérez, para assumir o lugar deixado por Di María, à conta com a lesão muscular contraída no último jogo. E se Sabella pretender baralhar as previsões, Maxi Rodríguez poderá ser, em alternativa, chamado a cobrir esta ausência. Rojo deverá regressar ao onze depois de cumprido um jogo de suspensão e Biglia deverá ocupar o lugar a meio-campo Gago.

Sem Di María, resta Messi para concretizar

É anunciada a relevância da indisponibilidade de Di María, no perfil da equipa que se tem vindo a consolidar, uma vez que muita da dinâmica argentina passava pelo papel do jogador na ala. Foi assim que se apresentou esta formação na competição, pelo poder de ataque nas laterais, com golo em vista no cruzamento (é a equipa com mais cruzamentos). Cumulativamente, Di María tem sido o mais rematador, assinando 24 dos 90 remates da Argentina, mais 6 que Messi.

Porém, sem Di María nas contas, é mesmo em Messi que a estratégia do ataque albiceleste tem de assentar, quer seja para afinar o remate ou para assistir Higuaín e, possivelmente, Lavezzi. Como auxílio, na transição defesa-ataque, actuará Marcherano, o segundo jogador da competição com mais passes concretizados: 465 dos 2543 conseguidos pela albiceleste, que só fica atrás da Alemanha, que já está na final. Este é, aliás, um óptimo indicador da posse de bola desta Argentina, que na totalidade das partidas apresenta uma média de 62% de domínio.

Será desfeito o trio de ataque holandês?

Van Gaal chegou ao Brasil para impor o seu próprio modelo da «laranja mecânica», optando por a apresentar organizada num 5-3-2, com teóricas dúvidas, mas eficácia comprovada. Cruyff, antiga estrela holandesa, depressa veio criticar a decisão do actual seleccionador, mas um sistema assente numa defesa a cinco homens, pode ter demonstrado a consistência defensiva desejada. Mesmo que a custo de jogo duro, com base nas 91 faltas cometidas pela Holanda na competição.

Com a consolidação de um sistema de ataque tripartido - Robben, na direita, Sneijder no centro e Van Persie na frente – o 5-3-2 pode ter sido transformado um 3-4-3, sendo que um dos antigos defesas já teria papel imposto de subida para meio-campo. E surge uma nova prova de método para Van Gaal: 9 dos 12 tentos holandeses surgiram nos pés de um dos três jogadores do ataque. Frente à Argentina, o trio poderá ter a necessidade de ser desfeito, surgindo Van Persie como uma das dúvidas para o encontro, devido a um problema intestinal.

Por outro lado, De Jong poderá voltar a ser uma possibilidade no onze holandês. O médio havia se lesionado no encontro com o México e as espectativas seriam de que demoraria mais na sua recuperação. Contudo, já efectuou treinos com a restante equipa, representando uma boa nova para Van Gaal, dada a sua importância para o colectivo europeu. De Jong tem-se revelado consistente na distribuição de jogo da sua equipa, sendo importante tanto na recuperação de bolas, como na assistência ao lado mais avançado do terreno.

Histórico de confrontos: Argentina só ganhou em casa

Esta será a 5ª vez que Holanda e Argentina se defrontam num Campeonato do Mundo, sendo que a Holanda detém posição superior. Tirando a última partida entre as duas equipas, que terminou em empate no Mundial de 2006, a Holanda venceu dois encontros, contra apenas um da Argentina. Em 1974, durante o Mundial da Alemanha (Ocidental), os europeus bateram os sul-americanos por 4-0 e 2 tentos de Cruyff, e em 1998, em França, venceram por 2-1 com golos de Kluivert e Bergcamp.

Pelo meio, a Argentina venceu a Holanda na final do Mundial de 1978, na qualidade de anfitriã, numa competição polémica, desenrolada em clima de ditadura e com acusações ao facciosismo argentino. As equipas terminaram os 90´com o empate a 1-1, mas a equipa da casa resolveu com dois golos no tempo de prolongamento. Angariou o título, a que viria juntar o par no Mundial de 1986.

Outra reflexão com base nos registos da História surge em forma de questão: Será capaz esta Holanda, a sair vitoriosa ante a Argentina, de ganhar à Alemanha e erguer o título? Até agora, tem sido sempre vice-campeã em jogos finais do Campeonato do Mundo, com as derrotas nas finais de 1974, 1978 e 2010.

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