Frank Williams é um nome incontornável na história da Fórmula 1. Aos 72 anos de idade, está na Formula 1 há quase meio século e é o melhor exemplo de persistência com paixão. Mesmo quando no início de 1986 ele sofreu um acidente de automóvel que o deixou paralisado do pescoço para baixo, Williams nunca deixou de trabalhar para establecer uma equipa que hoje em dia é considerada como uma das mais vitoriosas do automobilismo em geral: 114 vitórias em 620 Grandes Prémios; 128 pole-positions e 132 voltas mais rápidas. Para além disso, conseguiu sete títulos de pilotos e nove títulos de Construtores.

O início desse percurso vitórioso aconteceu na tarde de 14 de julho de 1979, em Silverstone, às mãos do suíço Clay Regazzoni. E para que esse dia pudesse chegar, Frank Williams "penou" durante mais de uma década, em carros pouco competitivos, chegando a fazer telefonemas de uma cabine telefónica, pois não tinha dinheiro para pagar as contas.

Um longo caminho para o sucesso

Nascido a 14 de abril de 1942 perto de Newcastle, Williams teve uma curta carreira como piloto antes de em 1968 apoiar a carreira do seu amigo Piers Courage. Juntos, compraram um chassis Brabham e inscreveram-se para a temporada de 1969, onde ele conseguiu dois segundos lugares e 16 pontos no total. No ano seguinte, aliaram-se à De Tomaso para fazer um chassis, mas tudo acabou em tragédia quando a 21 de junho de 1970, no circuito holandês de Zandvoort, Courage perdeu o controlo do seu carro e bateu, pegando fogo. Teve morte imediata.

No ano seguinte, Williams arranjou um chassis March e deu albergue a pilotos como o francês Henri Pescarolo e o brasileiro José Carlos Pace, com alguns bons resultados, mas só volta a fazer um chassis em 1973, em associação com o construtor italiano Iso-Rivolta, com o patrocinio da Marlboro. No primeiro ano teve dois sextos lugares, e no ano seguinte, conseguiu quatro, sendo o seu melhor resultado um quarto lugar em Monza, através do italiano Arturo Merzário. Mas no final de 1974, a Iso-Rivolta sai de cena e Frank Williams decide fabricar os seus próprios chassis.

Para sobreviver, vendia um dos seus chassis à melhor oferta, enquanto que o outro chassis era para o piloto principal, que nesse ano era o francês Jacques Laffite. Este conseguiu um segundo lugar em Nurburgring, mas em contraste, a equipa teve uns "incríveis" nove pilotos.

Beco sem saída e um encontro para a vida

No final de 1975, Williams associa-se com o esloveno-canadiano Walter Wolf, um empresário que tinha enriquecido a construir brocas para os campos petroliferos. Juntos criam a Wolf-Williams, com o belga Jacky Ickx ao volante, mas cedo ambos se desentendem na maneira como deveriam conduzir a equipa, e a meio do ano Wolf compra a parte de Williams e despede-o da equipa.

Parecia que Williams estava de fora da Fórmula 1, mas o inglês aproveitou a situação para montar uma nova equipa. É por essa altura que conhece um engenheiro, que tinha saído da March: Patrick Head. Depois de uma conversa em Londres, decidiram associar-se, criando a Williams Grand Prix Engineering.

Regressaram em 1977 com um chassis March e com o belga Patrick Néve como piloto, mas esta era uma solução provisória, dado que Head já projetava para o ano seguinte o FW06, o primeiro chassis próprio na pequena fábrica que tinham arrendado, em Grove.

Um patrocinador do outro mundo

Por esta altura, souberam de que um consórcio saudita estava com intenções de investir dinheiro no automobilismo. Ao saber disso, Williams mandou pintar um chassis com as cores desses patrocinadores e os mostrou à frente do hotel onde estes estavam hospedados em Londres. Foi mais do que suficiente para que assinassem um acordo válido a partir de 1978.

Com um chassis novo e um piloto novo, o australiano Alan Jones, os resultados surgiram de imediato: duas voltas mais rápidas e um segundo lugar em Watkins Glen, num carro que não era de "efeito-solo" (efeito aerodinâmico especialmente dirigido à produção de força descendente), numa altura em que a Lotus dominava esse campeonato com o modelo 79. No ano seguinte, alargaram a equipa para dois carros, contratando o suíço Regazzoni, e prepararam o chassis seguinte, o FW07, já para o "efeito-solo".

O chassis só se estreia em Espanha, mas os resultados não são imediatos. Um segundo lugar no Mónaco, através de Regazzoni, mostra que estão no caminho certo, e que o momento que todos esperavam estava muito próximo.

O momento da glória

Em Silverstone, a Williams esperava ter um bom fim-de-semana, e os treinos foram "de sonho": Alan Jones conseguiu dar à equipa a sua primeira "pole-position" da equipa, enquanto que Clay Regazzoni conseguiu o quarto tempo, entre o Renault de Jean-Pierre Jabouille e o Brabham-Alfa Romeo do brasileiro Nelson Piquet.

A corrida começa com Jabouille a ir para a frente, mas ainda antes do final da primeira volta, Jones fica com o comando, enquanto que Regazzoni era terceiro, beneficiando de um excesso de Piquet, que tinha ido para a relva. À 17ª volta, Jabouille entra nas boxes para trocar de pneus, fazendo com que o suíço subisse ao segundo posto.

Tudo indicava que a equipa estava a caminho de uma tarde de sonho. À medida que as voltas passavam, ambos os carros estavam a distanciar-se da concorrência, liderada pelo Renault de René Arnoux. Mas na volta 38, algo se passa no carro do líder Jones: o motor Cosworth sobreaqueceu e explodiu, deixando a liderança nas mãos de Regazzoni, que pura e simplesmente levou o carro até à meta.

Aos 39 anos de idade e três depois da sua última vitória, ainda ao serviço da Ferrari, Clay Regazzoni era o primeiro vencedor a bordo de um Williams, e dando ao seu fundador a vitória, algo que tinha perseguido por tanto tempo. A partir dali, o seu percurso iria ser se sucesso, com mais vitórias e títulos mundiais, gravando o seu lugar na história.