Muito se tem discutido na última semana a politica de contratações dos 3 «grandes», nada anormal nesta altura. Mas este ano, as situações invertem-se principalmente entre dois clubes. O Sporting continua a reforçar-se em mercados com pouca procura; o Benfica tem ido buscar reforços sem provas dadas para a aposta de um «grande» e o Porto a contratar jogadores de provas dadas e com experiência internacional ao mais alto nível.

Sporting: Contratações cirúrgicas

A versão sportinguista 2014/2015 apresenta-se com Marco Silva como novo treinador que vem substituir Leonardo Jardim que seguiu para o Mónaco. É um treinador jovem e muito promissor e pelo trabalho apresentado no Estoril deverá estar pronto para comandar um «grande».

Em termos de reforços, chegaram até agora seis caras novas. A maior parte vem de mercados desconhecidos, algo normal para um clube que passa por uma grande crise financeira e que procura assim alargar o seu «scouting». São eles: André Geraldes, Tanaka, Oriol Rosell, Ryan Gauld, Simeon Slavchev, Paulo Oliveira. João Mário, Tobias Figueiredo, Mica Pinto, Diogo Salomão, Cissé e Viola também estão a realizar a pré-época com os leões, alguns da equipa B e outros proveniente de empréstimos, sendo que só João Mário está garantido na equipa principal.

À partida são tudo contratações cirúrgicas mas pedia-se mais para um clube que vai disputar a Liga dos Campeões e que é candidato ao título nacional. Por enquanto, Tanaka e Oriol Rosell são os que têm se destacado mais e é provável que algumas contratações revelem ser «flops» revisitados, à semelhança de Magrão, Welder e Ivan Píris a época passada. É a desvantagem para um clube em crise e que não pode atacar mercados mais fortes.

Porto: Mudança de estratégia

Não parece haver dúvidas que o Porto está a atacar fortíssimo neste mercado. Pinto da Costa está empenhadíssimo em evitar um segundo ano consecutivo sem ganhar nada. Em primeiro apostou num treinador promissores, Julen Lopetegui que já conquistou vários títulos a nível das camadas jovens espanholas e em segundo parece estar a mudar a estrágia ao nível de contratações. Normalmente a estratégia portista costumava passar pela compra de jovens jogadores promissores (mercado sul-americano) capazes de fazer a diferença no campeonato a curto/médio prazo e depois rendenrem números altamente lucraticos, como aconteceu com James, Falcão ou Hulk à uns anos a esta parte.

Está época tudo parece estar a mudar. Até agora o FC Porto tem desembolsado muito dinheiro (até agora cerca de 20 milhões de euros) e tem mostrado que o reforço do plantel passa pela contratação de jogadores de nomeada, internacionais e com experiência nos palcos europeus conforme as necessidades de um clube que se quer campeão.

Adrían e Oliver Torres veêm do Atlético Madrid. O primeiro custou 11 milhões de euros e o segundo vem por empréstimo provavelmente para ocupar o lugar de Lucho, vendido em janeiro. Tello vem do Barcelona e é mais uma boa contratação para jogar na ala. Contudo, o negócio aparenta ser altamente duvidoso, em prejuízo para os portistas: o empréstimo válido por duas temporadas custou cerca de 2 milhões de euros. O Porto tem opção de compra mas o Barcelona pode desactivá-la e o jogador se não estiver satisfeito pode abandonar o clube.

Bruno Martins Indi vem do Feyenoord e é defesa-central. Nasceu no Barreiro e representou a Holanda no mundial no Brasil. Tem 22 anos e é bastante promissor. Há quem diga que será o substituto de Mangala. Brahimi é mais um extremo muito forte no desequilíbrio. A contratação ainda não é oficial mas está praticamente certa e deverá custar aos cofres do gragão cerca de 8,5 milhões de euros. Foram feitas também contratações cirúrgicas como a de Evandro e Sami, provenientes do Estoril e Marítimo, respectivamente.

O próximo alvo parece ser Jordi Clasie para ocupar o lugar de Fernando e que também esteve no Mundial com a Holanda. É normal que os dragões ataquem o mercado mais cedo pois têm que jogar a pré-eliminatória da Liga dos Campeões muito brevemente para ter assim a equipa no máximo gâs.

Agora ficam duas perguntas no ar: 1- O que vai acontecer a Licá, Varela e Quaresma com o excesso de extremos? Licá foi um «flop» da época passada e deve estar de saída tal como Varela que já revelou vontade de abandonar o clube azul e branco. O Quaresma habilita-se mesmo a ser suplente. 2- Onde é que o Porto irá bucar tanto dinheiro? Pergunta curiosa, principalmente depois de um ano sem ganhar nada e de um último trimestre com um saldo contabilístico muito negativo.

Benfica: Teremos um Benfica à «Made in Benfica»?

Temos assistido a algo estranho por parte do Benfica neste mercado e há já quem associe tal estranheza contextual (vulgo «debandada» de jogadores titulares) à crise do Banco BES. Os benfiquistas estáo indignados e o presidente nada diz. Parece que vai haver um revolução no seio do plantel benfiquista. Oblak, André Gomes, Garay, Siqueira, Matic (em janeiro), Markovic, Mitrovic já foram embora e, no lugar de contrataçõescom provas dadas, o Benfica apostou em jogadores duvidosos, muitos deles sem justificar uma aposta de um clube «grande». São eles César, Djavan, Benito, Derley, Talisca, Victor Andrade, Candeias e Luís Felipe.

Será que vamos ter, finalmente, um Benfica a apostar na formação? Dificilmente, pois por enquanto, só Bernardo Silva tem feito pré-época com a equipa principal e mais pela pressão dos adeptos que outra coisa - Jesus não dá mostras de desejar apostar na formação encarnada. «Quero ficar no Benfica. Vou fazer a pré-época, trabalhar para ficar no plantel, que é o meu principal objectivo, mas se não ficar logo se vê» - declarações do jogador que na época transacta brilhou na equipa B encarnada.

A lógica dir-nos-á que o Benfica ataque no fim do mercado, como já aconteceu no defeso transacto, com a contratação de Siqueira, um dos elementos chave na época passada. Guilavogui e Casemiro também têm sido falados e caso seja verdade serão dois grandes reforços para a posição mas necessitada visto que Fejsa só voltará a jogar em 2015. Mas se formos analisar duas realidades similares, vemos que o Benfica em 2009/2010 também vendeu muitos jogadores importantes e só conseguiu ser novamente campeão 4 anos depois, uma coisa que os adeptos benfiquistas não vão querer que aconteça novamente.

Luís Filipe Vieira, enquanto líder do projecto, terá explicações a dar aos seus associados e simpatizantes. Propunha uma entrevista com respostas claras pois as entrevistas não são só para dar quando o clube passa momentos bons. Apenas sei que, se houvesse um campeonato de contratações, o Porto era já o campeão, com uma grande vantagem perante os seus principais rivais, pelo menos por enquanto.