Tarde de goleada em Londres na Emirates Cup, cinco golos do Arsenal fuzilaram o Benfica, que realizou uma exibição a roçar a deprimência. Sem chama nem pingo táctico, os encarnados foram facilmente aniquilados pela formação aguerrida de Arsène Wenger, que na primeira parte arrumou o jogo, marcando quatro golos a um Benfica totalmente desorientado. Sanogo foi o herói da partida, marcando quatro tentos e animando as bancadas.

Desanimados terão ficado os fãs benfiquistas, que tardam em vislumbrar neste novo Benfica uma formação capaz de lhes alegrar o espírito: nesta pré-temporada, apenas duas vitórias, uma frente ao Estoril e outra contra o débil Sion (2-0). O desâmino é ainda maior quando se atentam às palavras de Jorge Jesus, que antes da partida referiu-se à Emirates Cup como o estágio de preparação mais próximo da «realidade» do novo Benfica. Ora, essa realidade, patente na goleada sofrida, inquietará certamente o adepto mais fervoroso...

Equipa à deriva enquanto Sanogo bailou por entre os golos

Falta gritante de entrosamento, baixo ritmo competitivo e uma deriva táctica indisfarçável: assim se exibiu o Benfica perante o veloz e dinâmico Arsenal, repleto de juventude talentosa. Os encarnados foram os primeiros a causar perigo, com um remate de Gaitán à barra, mas cedo se percebeu que tal fora um caso isolado. Passes perdidos a meio-campo, circulação de bola entupida, erros a mais permitiram que o Arsenal se apoiasse na velocidade dos seus extremos para desconjuntar a defensiva do Benfica.

Por entre a descoordenação do processo defensivo, Benito (que substituiu Eliseu, lesionado) e Sidnei foram autênticos buracos na muralha, completamente perdidos no meio das combinações arsenalistas. Com facilidade notável, Ramsey furava pela meia esquerda, assistindo Sanogo, que nunca teve marcação efectiva. O segundo golo, de Campbell, voltou a nascer no corredor direito. Aos 44 minutos, Sanogo bisava e aos 45+1 rubricava o seu «hat-trick», beneficiando da total anarquia defensiva dos encarnados, à qual César e Maxi também não escaparam.

O quarto golo de Sanogo surgiu no arranque da segunda parte. Depois, os «gunners» desaceleraram e a toada assentou com maior tranquilidade. Gaitán reduziu para 5-1, de cabeça, naquele que poderá ser o seu último golo com a camisola vermelha, caso o interesse do Mónaco se concretize em transferência.

Benfica «à procura de uma equipa» a dias do arranque da época

É difícil maquilhar a realidade deste Benfica, pouco consistente, duvidoso na qualidade e errático na preparação dos desafios que a temporada reserva. Muitas saídas de relevo, muitas entradas de qualidade medíocre, algumas roçando até a total dúvida - o que vale este Benfica embrionário? Estará capaz de arrancar com força a época 2014/2015? Jorge Jesus reconheceu, no fim da partida, que o Benfica anda ainda «à procura de uma equipa». Mantendo a crença no potencial dos seus jogadores, Jesus sublinhou as saídas e o cansaço do plantel. «Contra uma equipa que tem grande valor e poder físico, perdemos todos os duelos porque estamos muito fatigados e não conseguimos recuperar», afirmou.

«Nós acreditamos nos jogadores que temos, no trabalho e na sua qualidade. É verdade que da época passada sairam muitos jogadores, mas andamos à procura de uma equipa. E estamos há quatro semanas a trabalhar nisso. É impossível neste momento ter uma equipa com a capacidade e valor da do ano passado», explicou o treinador encarnado.

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