«Foi uma campanha desenvolvida por uma equipa de grande consistência,» analisava pouco depois de o Benfica assegurar a conquista do título nacional o presidente da Liga de Clubes, Mário Figueiredo, sintetizando o que se pôde verificar da equipa encarnada na época passada, muita consistência, que contrasta agora com a indefinição de um plantel que se encontra num claro processo de reconstrução e sob uma política de contratações cujos resultados são ainda incertos.

Aliás, são completamente heterogéneos os estilos dos 3 grandes no que toca a reforçar a equipa neste defeso, devendo analisar-se e caracterizar-se as perspectivas do actual campeão como um misto de aposta no presente mas também, e em especial, com vista ao futuro, bastando verificar que atendendo aos reforços já assegurados o plantel se encontra ainda mais rejuvenescido.

Face aos desastrosos resultados na pré-temporada, parece facilmente constatável que entre as soluções encontradas poucas resultarão no imediato, remetendo-se, na falta de reforços que forçosamente terão de chegar, a apenas três dos novos elementos – Eliseu, Bebé e Derley.

Reforços necessitam de ‘ganhar calo’ antes de serem lançados à acção

Quanto aos restantes, Djavan foi ‘chumbado’… antes de começar, Loris Benito deverá competir com o primeiro dos referidos, Eliseu, ainda que permanecendo numa primeira instância na sua sombra, e Luís Felipe deverá vir a ter um ‘desconto’ face à longa paragem a que foi sujeito, adaptando-se paulatinamente ao clube como alternativa a Maxi Pereira e Sílvio e candidatando-se a um ‘estágio’ inicial no Benfica B.

Quantos aos restantes, dificilmente virão a constituir uma mais-valia imediata, parecendo aconselhável a César uma temporada de empréstimo na Liga ZON Sagres para que conheça uma melhor adaptação ao futebol europeu em ambiente de competição, ao passo que a Anderson Talisca se preconizará uma posição de alternativa a um titular evidente como serão os casos de Enzo Perez, se ficar, ou Rúben Amorim.

Sobram Daniel Candeias, um extremo talhado para o contra-ataque rápido e de cruzamento fácil que poderá ser curto para os grandes jogos, e Victor Andrade, o reforço que menos jogou e que estará claramente destinado à equipa B, ou quem sabe a uma cedência temporária.

As acções no mercado do Benfica relatam que as transferências serão, dadas as limitações financeiras, de reduzido custo, com as preferências a recaírem sobre jogadores ainda pouco explorados com expectável margem de progressão provenientes de países com tradição no lançamento de craques, com particular incisão no Brasil.

Aposta no desconhecido coloca projecto em risco, mas poderá trazer resultados surpreendentes

Se chegará para repetir a recente conquista do último Campeonato, que foi encarado pelos adeptos com muito empenho, compromisso e especialmente paixão e gratidão? Será necessário esperar para ver, mas de qualquer forma pelo menos não basta – terão de chegar um guarda-redes, um defesa central, um médio defensivo e um avançado para que a competitividade não esteja em risco.

Como tal, um título nacional que para muitos foi até ‘ensombrado’ pelo facto de na data o obreiro da época e da construção do plantel, Luís Filipe Vieira, se encontrar a cumprir castigo imposto pela Liga de Clubes, pelo que não pôde em primeira instância celebrar junto da equipa, está agora em risco precisamente por responsabilidade do seu presidente, que optou pelo saneamento financeiro com uma inegável influência negativa no plano desportivo.

Por outras palavras: assiste-se a um Benfica forte na aposta no mercado brasileiro, mas na verdade sem contratações sonantes. Para já, os resultados são nulos, restando saber se a longo prazo os frutos colhidos valerão mesmo o risco actual.