Em pleno Estádio da Luz, 42 mil espectadores vibraram com o triunfo encarnado por 2-0 frente ao Paços de Ferreira. Num jogo em que Artur foi herói na 1ª parte, relevo também para a classe de Gaitán que abanou a varinha para assistir Maxi e Salvio para os tentos que coloriram o resultado final. Nove anos depois as águias voltam a vencer na 1ª jornada e colam-se assim aos líderes do campeonato, todos com 3 pontos.

Segurança de Artur e brilho de Gaitán contra um Paços organizado

Numa tarde escaldante na capital portuguesa, a partida começou igualmente intensa com supremacia do Paços de Ferreira nos primeiros 20 minutos do encontro. A formação de Paulo Fonseca apresentou-se personalizada e pressionante, surpreendendo o meio-campo dos campeões nacionais. O domínio dos homens da capital do móvel acentuou-se à passagem do minuto 10 quando Eliseu derrubou Hurtado na grande área, obrigando o juiz do encontro a assinalar grande penalidade. Na marcação, Manuel José permitiu a defesa do especialista Artur, que conservou assim o nulo.

Depois deste lance, os forasteiros não baixaram a guarda com destaque para os remates de Hurtado e Sérgio Oliveira, que foram negados pelo inspirado guardião das águias. Depois do minuto 20, Rúben Amorim e Enzo Peréz tomaram conta do miolo e os automatismos da época passada fizeram-se notar com triangulações rápidas na frente, com destaque para os supersónicos Salvio e Gaitán. Apenas com Lima a ponta-de-lança, foi Gaítan a assumir mais as responsabilidades de apoiar o brasileiro nos ímpetos ofensivos e ao minuto 25, o argentino ao seu estilo desenhou um lance de génio assistindo o internacional uruguaio Maxi Pereira para o 1º golo do Benfica na Liga 2014/2015.

Até ao intervalo, destaque para algumas subidas interessantes do Paços na frente, perante um Benfica que adormeceu à sombra da magra vantagem. Já com o pensamento na 2ª parte, Jorge Jesus foi obrigado a substituir Enzo Peréz por lesão, sofrendo assim um duro golpe no seu sistema tático (para o seu lugar entrou Jara).

O início do 2º tempo foi tirado a papel químico da 1ª parte e o Paços de Ferreira voltou a entrar a todo o gás, instalando-se no meio-campo encarnado à procura de chegar à igualdade o mais depressa possível. Apesar de terem boas movimentações na frente, os dianteiros dos castores demonstraram uma tremenda falta de eficácia que acabaram por custar caro aos comandados de Paulo Fonseca.

Com a saída de Enzo Peréz, Rúben Amorim preencheu o meio-campo defensivo encarnado por completo e as recuperações de bola dos centro-campistas pacenses foram uma constante, com relevo para Seri que foi um dos elementos mais influentes na partida. O Benfica contou, no entanto, com o mágico Gaitán que ia animando os mais de 42 mil espectadores na Luz com as suas habilidades e dotes técnicos. O cobiçado argentino voltou a ser decisivo no minuto 72, quando tirou da cartola mais um lance digno de um artista que culminou com mais uma assistência para golo, desta feita foi Salvio a corresponder ao passe de Nico fazendo assim um resultado final. Com o golo sofrido o Paços não mais voltou a entrar no jogo, e apesar de sofrida, a vitória acaba por ser justa para os pupilos de Jorge Jesus.

Gaitán disfarça as fragilidades de uma águia ainda em formação

Nove anos volvidos e o Benfica volta a vencer o jogo inaugural da Liga Portuguesa de Futebol, a vítima foi o Paços de Ferreira e com os reforços Talisca e Eliseu no onze inicial, o Benfica terá ainda muito trabalho pela frente, mas cumpriu o objectivo de chegar ao pelotão da frente da tabela classificativa. Com Jorge Jesus a apresentar o habitual 4x4x2 mas com variâncias para um 4x2x3x1, o Benfica entrou menos organizado e dinâmico do que na época passada, o que acaba por ser compreensível perante a saída de tantas peças fundamentais da temporada anterior.

Na baliza, Artur continua a mostrar a Jesus que poderá ser uma opção válida para a titularidade e no global apresentou-se ao mais alto nível, com destaque para a defesa a uma grande penalidade e às paradas constantes a remates de Hurtado e Sérgio Oliveira. Do último reduto benfiquista, Maxi Pereira foi o mais influente, tanto a defender com a atacar, acabando mesmo por ser decisivo ao fazer o gosto ao pé na 1ª parte. A dupla de centrais, Luisão-Jardel apresenta ainda défices físicos compreensíveis a um início da temporada e nem sempre estiveram compactos e decisivos nas abordagens aos lances defensivos. O lateral esquerdo Eliseu foi um dos dois esforços presentes no onze e teve uma 1ª parte tremida ao perder alguns lances de forma infantil; no 2º tempo melhorou o seu rendimento e esteve concentrado a defender e comedido nas abordagens aos lances ofensivos.

No miolo, Rúben Amorim foi o médio mais recuado dos encarnados e teve uma exibição regular ao equilibrar de forma eficaz as saídas da defesa para o ataque. Enquanto o português contou com o número 8, Enzo Peréz, o Benfica apresentou réplicas dos processos de jogo da época anterior tendo coincidido com a melhor fase do Benfica em todo o jogo (do minuto 20 ao minuto 35 da 1ª parte). Com a saída de Enzo, Jorge Jesus atribuiu demasiadas responsabilidades a Rúben Amorim abrindo brechas no centro do terreno que o Paços acabou por aproveitar para sair em lances de ataque.

A variância tática de 4x2x3x1 para 4x4x2 verificou-se principalmente com a presença de Talisca a médio-ofensivo trocando muitas vezes de posição com Enzo e Gaitán e mais tarde com Jara; com a saída de Rodrigo para o Valência as águias actuaram apenas com um ponta-de-lança puro e o futebol demolidor em termos ofensivos dos benfiquistas diminuiu drasticamente. Em termos exibicionais, Talisca esteve intermitente uma vez que denota bons dotes técnicos, mas acaba por se deslumbrar em demasia desguarnecendo o Benfica com perdas de bola, quando a equipa se encontrava balanceada para o ataque.

Os três da frente, Gaitán, Salvio e Lima foram o sector mais eficaz das águias. O extremo Salvio, para além do golo marcado, nunca jogou mal e apresentou uma velocidade e uma técnica dignas de registo que em alguns lances levaram em desespero os defesas do Paços, o ponta-de-lança Lima esteve muito desapoiado na frente, mas ainda assim mostrou-se forçado e esteve perto do golo por 2 ocasiões. O craque Gaitán foi o melhor jogador em campo, ao abrilhantar a partida com lances deliciosos e passes magníficos, que acabaram por resultar em duas assistências primorosas para compor o resultado do jogo em 2-0.

Paulo Fonseca organiza um Paços compacto

De regresso a uma casa que bem conhece, Paulo Fonseca apresentou um sistema táctico organizado e ambicioso no estádio da Luz, privilegiando uma pressão alta no meio-campo que surpreendeu o Benfica de Jesus, principalmente na 1ª parte. No último reduto dos castores, destque para Ricardo Ferreira um jovem central que actuava no Olhanense na época anterior e que se mostrou em bom nível tapando em alguns lances de jogo o ponta-de-lança Lima.

No meio-campo, Seri e Sérgio Oliveira estiveram fortes na pressão e nas saídas para lances ofensivos e no caso de Sérgio Oliveira, relevo para remates que ainda assustaram Artur. Na frente, Hurtado conseguiu baralhar as marcações de Luisão e Jardel mas não aproveitou as oportunidades claras para balancear as redes do guardião benfiquista. A vitória do Benfica acaba por ser justa, mas tanto Jorge Jesus como Paulo Fonseca terão ainda muito trabalho pela frente para apresentar a melhor equipa possível para a nova temporada 2014/2015.

O Benfica junta-se ao FC Porto na frente do campeonato, aproveitando o deslize do Sporting que não foi capaz de igualar águias e dragões que levam já 3 pontos na tabela classificativa; o Paços mantei os mesmos 0 pontos, mas deixou boas indicações que lhe permitem sonhar com a permanência.

Pontuações VAVEL

Benfica (2) Paços de Ferreira (0)

Artur 7 Defendi 5
Maxi Pereira 7 Ricardo 6
Luisão 6 Ricardo Ferreira 5
Jardel 6 Jaílson 5
Eliseu 6 Hélder Lopes 5
Amorim 6 Seri 6
Enzo 5 Sérgio Oliveira 6
Gaitán 8 Manuel José 4
Salvio 7 Hurtado 6
Talisca 5 Minhoca 5
Lima 6 Cícero 5
Substituições
Jara 6 Barnes Osei 5
André Almeida 6 Vasco Rocha 5
Ola John - Rúben Ribeiro -