O Benfica luta incessantemente para garantir um reforço de peso para o meio-campo, sendo o grego Andreas Samaris uma das mais fortes e credíveis escolhas. O jogador de 25 anos alinha pelo Olympiakos e vê com bons olhos a transferência para o clube campeão de Portugal - o negócio, que começou por ser debatido na fasquia dos 8 milhões, poderá resolver-se por 5 milhões de euros.

A imprensa desportiva grega noticiou, nos últimos dias, que as negociações entre Benfica e Olympiakos estão a desenvolver-se a bom ritmo, com os valores actuais a satisfazerem as pretensões de ambas as partes. Apesar do treinador espanhol Michel ver em Samaris um médio importante, a direcção do clube helénico estará disposta a vender o internacional - assim como aconteceu com Ljubomir Fejsa, contratado há um ano.

Versátil, tecnicamente capacitado e com largo raio de acção, o médio Samaris poderá calçar os sapatos de Enzo, o actual maestro e motor da equipa benfiquista. O argentino está, ao que tudo indica, de saída do Benfica, abrindo uma brecha táctica à medida do jogador do Olympiakos, que participou no Mundial 2014 - nos jogos contra a Costa do Marfim (apontou um golo) e Costa Rica.

Perfil: todo-o-terreno com ímpeto de porta-estandarte

Partindo da zona recuada do meio-campo, Samaris propela o seu jogo daí em diante, carregando a bola nos pés e desempenhando o papel de motor da equipa. A sua fácil e fluente condução de bola permite-lhe dominar a posse com segurança, já a sua técnica fina abre-lhe uma panóplia de recursos, quer na construção na zona nuclear do terreno quer nas movimentações ofensivas no último terço do campo, onde Samaris chega regularmente, na tentativa de marcar ou realizar o passe fatal.

O jogador, formado Panachaiki, integra os quadros do campeão grego desde 2013/2014, quando foi contratado ao Panionios, onde construiu grande parte da sua carreira: 70 jogos em 4 temporadas, seis golos apontados. No entanto, o seu ano no Olympiakos foi o mais proveitoso de todos, com 38 jogos disputados (6 na Liga dos Campeões) e 4 golos assinados, todos na liga grega. Caso se transfira para o Benfica, o médio terá obrigatoriamente maior liberdade (e com isso, maior responsabilidade...) no meio-campo, acumulando tarefas defensivas e ofensivas, qual pêndulo, motor encarnado.

A hercúlea tarefa de imitar Enzo

A dificuldade da substituição de Enzo prende-se, essencialmente, com a tremenda variadade de funções tácticas que Enzo acumula no Benfica de Jesus: não se abstendo de obrigações defensivas (pressão, recuperação, sempre com agressividade), Enzo conduz a saída de bola encarnada, empurrando o Benfica para a frente, impulsionando as subidas no terreno e distribuindo o jogo com uma fluída destreza que poucos conseguem imitar. Inteligente a ocupar os espaços e rápido na desenvoltura atacante, Enzo cobre o corredor central todo, num vaivém consistente.

Com a possível saída de Enzo (cobiçado pelo Valência) e a lesão de Fejsa (de fora durante vários meses), o Benfica esforça-se para encontrar um médio que possa anular o total enfraquecimento do meio-campo. Sem a potência de arranque de Enzo, aliada à sua técnica e desenvoltura ofensiva, o Benfica ficará amarrado a médios mais posicionais e menos dinâmicos, como Amorim, André Almeida ou mesmo Fejsa. Com Talisca encostado à linha de ataque, as opções escasseiam - a contratação de um «8» com capcidade de construção de jogo recuado afigura-se crítica.

Últimas tentativas para acertar no alvo

A busca por um jogador com tais características começou no início do Verão mas os alvos encarnados foram «graúdos» demais para a carteira das «águias». Gerhardt, do Colónia, e Cristante, do AC Milan, foram as primeiras escolhas, mas o primeiro rejeitou a proposta encarnada e o segundo manteve-se no clube milanês devido ao seu potencial. Leroy Fer, internacional holandês, também surgiu na «shortlist» benfiquista, mas a sua ida para o QPR parece ser uma certeza já.

A adaptação de Anderson Talisca à posição central começou na pré-temporada mas não teve seguimento, preferindo Jorge Jesus alocar o brasileiro para áreas mais avançadas. Os dias avançam e a contratação de Enzo por parte do Valência parece estar iminente: o acordo é dado como certo em Espanha há várias semanas, faltando somente limar pormenores em relação ao tipo de pagamento e às garantias bancárias. Certo é que a concretização do negócio (25 milhões mais 5 em variáveis) sempre esteve dependente da aquisição do clube «che» pelo milionário Peter Lim.