Depois de um regresso em grande às pistas de F1, a Lotus foi a equipa surpresa dos campeonatos de 2012 e 2013, conquistando simpatizantes dentro e fora de pista, devido ao seu desempenho e também, ao sentido de humor demonstrado em nome da equipa nas redes sociais. Porém, quando nada o fazia prever a equipa entrou em crise económica já no final do campeonato anterior envolta em polémica devido aos pagamentos dos salários em falta do seu melhor piloto, Kimi Räikkönen. Estes desentendimentos levaram à saída do piloto finlandês, mesmo antes do campeonato terminar. A Lotus ambicionava um substituto à altura do finlandês, contudo, as dificuldades económicas pelas quais passava deitaram por terra a contratação do alemão, Nico Hulkenberg. Devido à falta de investidores, a equipa de Enstone viu-se assim na obrigação de assinar com um piloto pagante, o venezuelano, Pastor Maldonado, para assegurar a sua permanência no campeonato de F1. Se tal poderia trazer alguma estabilidade financeira à equipa, não se veio a verificar, pois a situação da mesma apenas se tem agravado ainda mais no decorrer do atual campeonato.

Azares & Infelicidades

Para além de ter perdido duas caras importantes, James Allison e Eric Boullier, a equipa começou logo a pré-temporada com o pé esquerdo, pois faltou aos primeiros testes coletivos de Jerez para continuar os desenvolvimentos do seu monolugar, o E22. Portanto, perdeu parte importante na preparação do campeonato, o que se verificou ter afetado os resultados logo nos primeiros Grande Prémios, explicando a ligeira melhoria nas provas europeias.

A equipa de Enstone também tem sido infeliz devido à falta de fiabilidade do motor híbrido Renault, estes problemas não se restringem apenas à Lotus, mas também abrangem outras equipas que utilizam o mesmo motor. O défice de ritmo do E22 tem sido uma grande dor de cabeça para a dupla de pilotos, Romain Grosjean e Pastor Maldonado, durante as provas da primeira parte do campeonato. Assim, o motor e a parte aerodinâmica têm tido um peso crucial nos resultados das equipas que disputam o campeonato, o que pode justificar em parte os resultados fracassados da equipa britânica.

A situação financeira da equipa tem-se agravado, sendo que, os prejuízos da equipa britânica durante esta temporada já são os maiores de sempre alguma vez registados por uma equipa de desporto automóvel. Esta perda deve-se, essencialmente, aos custos suportados com a equipa. A Lotus tem procurado novos investidores e patrocinadores para tentar melhorar a sua situação, contudo, não tem tido muita sorte nessa mesma procura.

Romain Grosjean

Romain Grosjean (Fonte: Pitpass)

O piloto francês, Romain Grosjean, demonstrou desde a sua chegada à F1 ter um talento inato na modalidade, talento esse, confirmado nas duas temporadas passadas através da conquista de vários pódios e excelentes resultados. Apesar disso, ao longo deste campeonato a frustração tem dominado o piloto, que se vê impotente de triunfar com um carro nada fiável. O piloto francês vê-se assim envolvido na pouca sorte da equipa, contando com quatro abandonos devido a problemas mecânicos no seu E22. Durante o frustrante Grande Prémio da China, Romain Grosjean viu-se obrigado a abandonar a corrida devido a um problema na caixa de velocidades, quando se encontrava na décima posição, prestes a ganhar o primeiro ponto da equipa. Já durante o GP da Hungria, o francês sofreu um acidente embaraçoso durante a presença do safety car em pista, retirando-se da corrida. O seu melhor resultado foi a oitava posição, nos Grande Prémios da Espanha e do Mónaco. Atualmente encontra-se na décima quarta posição da classificação de pilotos, com 8 pontos. O desempenho do piloto francês tem sido superior ao do seu companheiro de equipa, especialmente, durante as qualificações, como já era expectável.

Pastor Maldonado

Pastor Maldonado (Fonte: SkySportsF1)

O piloto venezuelano é conhecido na F1, mas pelas piores razões, tem “abrilhantado” os campeonatos da modalidade com os mais aparatosos incidentes. E este campeonato não tem sido exceção, pois atualmente, é o piloto com mais pontos de penalização atribuídos, contando já com quatro. Um dos acidentes mais violentos que provocou foi durante o Grande Prémio do Bahrein, em que fez rodopiar literalmente o monolugar de Esteban Gutierrez, piloto da Sauber, para fora de pista. Felizmente o piloto mexicano escapou ileso. As prestações de Pastor Maldonado têm sido claramente inferiores às do seu companheiro de equipa, tendo também sofrido com a fiabilidade do seu E22, sendo obrigado a retirar-se em quatro corridas devido a problemas no seu monolugar, nos Grandes Prémios da Austrália, da Malásia, do Mónaco e do Canadá. A sua melhor posição foi um décimo segundo lugar, nos Grandes Prémios da Áustria e da Alemanha. Atualmente, o venezuelano encontra-se na décima nona posição da classificação individual de pilotos, com 0 pontos.

Acidente provocado por Pastor Maldonado a Esteban Gutierrez durante o GP do Bahrain. (Fonte: BBC)

Perpectivas futuras da equipa

A Lotus encontra-se na oitava posição da classificação de equipas, atrás desta só mesmo, a Marussia, a Sauber e a Catherham. Os 8 pontos que possui foram conseguidos apenas por Romain Grosjean, contudo, foi o piloto venezuelano, Pastor Maldonado, que viu renovado o seu contrato de permanência na equipa britânica em 2015. O que é certo, é que o piloto venezuelano ainda não pontuou neste campeonato, porém, para a Lotus , este é definitivamente uma mais valia financeira para a equipa, devido ao contributo da Petrolífera Venezuelana. Por outro lado, o piloto francês não garante a sua permanência na Lotus em 2015, pois pretende competitividade, algo que a equipa de Enstone poderá não lhe oferecer.

Os representantes da equipa têm-se demonstrado confiantes na capacidade de resolução dos problemas atuais, por parte da equipa, em 2015. Apesar das mudanças radicais que se avizinham, nos motores Renault, face aos problemas com que a equipa britânica se tem debatido, devido aos motores fornecidos, ao que tudo indica, esta estará para anunciar o seu novo fornecedor de motores para 2015, a Mercedes. Será este um dos motivos para tanta confiança e esperança em 2015, por parte da equipa?

Tendo um dos carros mais incertos da grelha, com um motor claramente fraco de potência comparativamente às restantes equipas, a Lotus precisaria de melhorar urgentemente, para conseguir regressar às vitórias, pois parte dos Grandes Prémios que se avizinham vão depender muito da potência do motor.

A equipa britânica já demonstrou ter potencial em épocas anteriores, como tal, as aspirações da equipa para esta segunda parte do campeonato consistem na possibilidade de tornar o E22 num monolugar competitivo, apesar do fraco início de temporada.