Até há pouco tempo visto como um possível problema por questões várias, grande parte devidas ao mercado, eis que o Benfica resolveu de forma resoluta e talvez até acima das expectativas as limitações que afectavam o seu meio-campo, neste caso com duas contratações e uma confirmação de continuidade... que também ‘cheira’ a reforço.

Apontava-se uma verdadeira necessidade para as águias em reforçar esse sector para atacar devidamente a nova temporada, sendo que esse investimento, apesar de tardio, acabou mesmo por suceder, pelo que se poderá mesmo dar lugar uma vez mais à “onda de apoio” à qual fazia alusão a antiga glória benfiquista Diamantino Miranda na fase final da época anterior.

O meio-campo benfiquista, antes de mais, não poderia perder aquele que será o jogador mais predominante desse sector, Enzo Perez, que para gaúdio dos adeptos e certamente do seu treinador resistiu ao forte assédio de que foi alvo neste defeso, garantindo assim um dos dois lugares disponíveis no centro do terreno, como se espera de um titular da selecção da Argentina com valor de mercado a rondar os 30 milhões de euros.

A Enzo juntam-se ainda novos jogadores dos quais se espera uma ambição de conquista. Como um dia afirmou a antiga estrela encarnada António Simões, “ser do Benfica é ser algo importante,” e observando as carreiras de um e outro reforço e o percurso ascensional de um e outro também, as águias poderão estar descansadas quanto à qualidade do sector.

Mercado trouxe Cristante, um talento bastante maduro tendo em conta a idade

A novidade mais recente passa por Bryan Cristante, uma jovem promessa que, sem ponta de exagero, deverá fazer parte do ‘caderno de notas’ de qualquer olheiro internacional com o mínimo de competência face à carreira de grande qualidade que protagonizou em termos individuais na UEFA Youth League, na qual brilhou como estrela maior dos sub-19 do AC Milan com um golo de antologia ao Barcelona, vencedor da competição, pelo meio.

Como factor adicional, oferece a Jesus iguais garantias nas posições de 6, sempre com recurso a um passe de meia distância com um raro critério na sua tenra idade, ou como um 8 com uma notável facilidade de remate.

Alguns dias antes, o plantel recebeu também Andreas Samaris, um dos bons valores confirmados pelo Mundial 2014, onde terá consolidado a sua posição de titular na selecção da Grécia que não detinha à entrada da competição e que neste momento deverá ser sua por direito depois de ter injectado qualidade na transição meio-campo/ataque a um conjunto que arriscava ficar-se pela fase de grupos devido a esse mesmo problema.

Mesmo sem Amorim, chegou ainda Samaris para ampliar o leque de opções

Como tal, Samaris pode apresentar-se como um centrocampista de progressão. No entanto, face às características físicas que possui, poderá tornar-se um médio defensivo de grande cultura táctica embora nunca preso a esse lugar, como aliás o Benfica costuma jogar e dar-se bem com essa escolha.

Para Jesus moldar, podendo numa comparação directa o campeão nacional ter ocupado as vagas deixadas em aberto por André Gomes, com Cristante, e Nemanja Matic, com Samaris.

As chegadas de Cristante e Samaris permitem também colmatar o afastamento por lesão de Ljubomir Fejsa e Ruben Amorim, principalmente quando se sabia que o segundo consiste numa das garantias de profundidade do plantel como foi disso exemplo a época passada na qual assumiu um papel determinante para a carreira da equipa na Liga Europa num percurso paralelo ao efectuado na Liga, com sucesso semelhante – faltou apenas vencer a final.

Assim sendo, o novo desenho deste Benfica será, ao que tudo indica, um novo e diferente centro nevrálgico mais móvel, sem depender de um 6 fixo, pelo menos até ao retorno de Fejsa, o que implicará ao mesmo tempo um maior desgaste.

Desta forma, e apesar da defesa dos títulos conquistados na Taça de Portugal e na Taça da Liga se encontrar na mira de Jesus, este ano mais do que nunca as fichas serão apostadas em grande parte na Liga e na Champions. Com Samaris e Cristante, é certo que o nível aumenta, em conformidade com a fasquia que se eleva.

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