Derrota embaraçosa, exibição insuficiente e desgarrada, lenços brancos, apupos e o pior dos começos: assim arrancou a qualificação de Portugal para o Euro 2016, que será realizado em França. Um golo de belo efeito, apontado pelo pé de Bekim Balaj, aos 52 minutos, deu os três pontos à Albânia, a noite passada, no Estádio Municipal de Aveiro - o tento albanês chocou Portugal e gelou as bancadas, que apenas reagiram para..acenar lenços brancos a Paulo Bento.

Portugal arrancou pelo trilho mais sinuoso

Portugal entrou sem Cristiano Ronaldo mas com a mesma exigência de sempre: superiorizar-se a um adversário globalmente fraco, marcando pontos nos primeiros passos da caminhada rumo ao Europeu 2016, mostrando um futebol fluído, descomplexado, ofensivo e consistente. Ora, a realidade, presenciada pelos portugueses em Aveiro, foi bastante díspar dos desejos prévios - Portugal encravou em campo, ficou em branco e viu o oponente marcar na única vez que foi capaz de afinar a pontaria. 

A Albânia marcou no único remate que levou a direcção da baliza de Rui Patrício - o guardião pouco poderia ter feito para parar o vólei de Balaj, que, solto de marcação (Pepe estava alheado da jogada), marcou o golo que contrariou todas as as probabilidades. Uma ténue e rudimentar selecção albanesa roubou os três pontos na casa de Portugal...que se mostrou duvidoso de si mesmo, desligado tacticamente e colectivamente ineficaz.

Nani, individualista e inconsequente, foi um entrave à fluídez colectiva do jogo luso, dando cada vez mais indícios de se estar a afogar na sua própria ansiedade. André Gomes emperrou o meio-campo lusitano, reflectindo falta de entrosamento; o âmago da defesa portuguesa mostrou-se desatento (o lance do golo é pleno de passividade) e o ataque...tragicamente nulo - Éder desiludiu e faz os adeptos lusos suspirarem por um avançado mais conciso e letal.

Mesma receita...mesmos resultados

Os adeptos lusos esperavam uma transformação na selecção das quinas mas a exibição e a derrota diante da frágil Albânia apenas vieram reforçar o divórcio entre a massa adepta portuguesa e a equipa lusitana - o fracasso total no Mundial 2014 veio gerar desconfiança sobre as capacidades de Paulo Bento e de muitas das suas (repetidas) escolhas. A derrota neste começo da qualificação para o Europeu confirmou os piores augúrios: Portugal precisa de se regenerar mas o processo ainda está...adiado.

Paulo Bento pouco ou nada mudou: apenas André Gomes foi novidade num onze repleto de jogadores 'veteranos', todos eles carregando as cicatrizes de guerra recebidas no Brasil. Portugal entrou com as mesmíssima receita, no seu 4-3-3 enferrujado e sem chama ou competência estrutural. Nas extremidades, Nani, Vierinha e Éder não foram capazes de desequilibrar e o curto banco da selecção não ofereceu soluções - Bruma ficou na bancada...

Como recuperar o Bento perdido?

A questão é simples e é da ordem do dia: como se reencontrará Paulo Bento, por entre a tempestade de maus resultados, plantéis envelhecidos, crescente pressão mediática e atraso na restruturação da selecção lusa? O fiasco do Mundial 2014 acentuou a pressão sobre Bento, acusado de adiar a regeneração do plantel e de proteger um núcleo de jogadores cujo prazo de validade poderá estar perto de expirar.

Ontem, no banco de Portugal, Paulo Bento pareceu perdido, envolto em dúvidas, preso a ausências, hesitante quanto à real pertinência do seu primordial plano, aquele que teima em não alterar. A ausência de Bruma (relegado para a bancada) e a substituição de Veloso (tirou um central para colocar um...médio defensivo) reflectiram a análise errónea de um Bento...aparentemente perdido.

 

 

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