Luca di Montezemolo foi presidente da Ferrari quase 23 anos, mas para o próximo mês retira-se de Maranello. As razões aparentes não são económicas, já que durante o seu mandato, a Ferrari, que pertence ao Grupo FIAT, viveu grandes momentos, com os modelos da marca a baterem recordes de vendas. Amanhã, na reunião do conselho de administração do grupo, vai ser oficializada a saída do italiano.

Se as razões da saída de Montezemolo não são económicas então porque decidiu sair o italiano? O ainda presidente da Ferrari tem voz activa nas escolhas da Scuderia Ferrari, a equipa de Fórmula 1 e é nesse aspecto que aparentemente falhou a sua gestão. Desde 2008 que a Ferrari não vence um título, mesmo sendo uma equipa com um dos maiores orçamentos para a competição e fabricante dos seus próprios motores.

Pressionado para sair

Durante meses, segundo algumas publicações da especialidade, que Montezemolo tem sido pressionado para se afastar, especialmente por Sergio Marchionne, presidente da Fiat, que afirmava publicamente, que os resultados desportivos da Ferrari não estavam dentro dos padrões da marca. Segundo as palavras do homem forte da Fiat: «Eu não quero ver os nossos pilotos no sétimo e 12º lugar. Ver os “Vermelhos” neste estado, com os melhores pilotos, instalações excepcionais, engenheiros que são mesmo muito bons, ver isso tudo e depois considerar que não vencemos desde 2008. A coisa mais importante para a Ferrari não são apenas os resultados financeiros, mas também vencer e nós temos estado a lutar há seis anos.»

Palavras muito duras de Marchionne, que nunca se entendeu muito bem com Montezemolo.

Dificuldades na gestão da equipa

Durante muito tempo a contratação e o despedimento de engenheiros na Scuderia era tratada pessoalmente por Montezemolo, deixando para o antigo director da equipa, Stefano Domenicali, a função de apenas informar os funcionários da sua saída. Quando o presidente da marca decidiu despedir o engenheiro Luca Marmorini, Domenicalli preferiu sair, discordando com o despedimento do engenheiro italiano. Este era apenas mais um dos engenheiros que foi despedido nos últimos anos e quando Domenicalli decidiu abandonar o cargo de director, Montezemolo foi buscar Marco Mattiacci para esse lugar. Mattiacci nunca tinha tido uma função de direcção desportiva dentro da marca.

A Ferrari não consegue acompanhar a Mercedes, que no papel tem as mesmas condições que a Scuderia, mas que este ano domina por completo o panorama da Fórmula 1.

Que futuro para a equipa de F1?

Se na mesma altura em que insistiu que continuaria em funções, Montezemolo também afirmou que a dupla de pilotos na F1 se manteria para 2015. Aliás, Fernando Alonso cumprimentou de forma efusiva o presidente da marca. É sabido que a relação entre o espanhol e o italiano é muito próxima e terá sido Montezemolo que terá tentado Alonso para que ficasse e fizesse dele, novamente, campeão do Mundo. A grande dúvida agora, é saber se o espanhol continuará na equipa depois da saída do seu “amigo”, onde possivelmente terá de esperar alguns anos até ter novamente um monolugar competente para vencer. Equipas de braços abertos para receber Alonso, não devem faltar e o piloto asturiano quer terminar a carreira com o ceptro de campeão.

Os dois pilotos da Scuderia Ferrari são grandes dúvidas para as pr+oximas semanas. (foto: REUTERS)

Kimi Raikkönen está bastante descontente com a falta de ritmo do F14T e já existem boatos da sua saída há vários meses, alguns que indicam mesmo a saída do Grande Circo para o finlandês.

Para já a gestão da equipa ficará nas mãos de Mattiaci, com Sergio Marchionne a ficar momentaneamente com a direcção da marca Ferrari. Fala-se que Ross Brawn poderá rumar a Maranello, ele que já conhece os cantos à casa, quando trabalhou na Ferrari, juntamente com Luca di Montezemolo.