O investimento financeiro na formação do novo plantel foi avultado e com isso cresceram as responsabilidades de Julen Lopetegui, treinador que muitos olharam com desconfiança aquando do anúncio da sua chegada. Gozando de liberdade total para edificar o plantel, o técnico basco colocou mãos à obras e não olhou a custos para tornar o grupo competitivo. Cerca de 40 milhões de euros depois, o FC Porto arrancou a temporada com uma mão cheia de vitórias, cumprindo um dos objectivos primaciais a curto prazo - qualificar-se para a Liga dos Campeões.

Maior rasgo técnico no ataque

A maré do mercado de transferências trouxe nomes sonantes para o Porto, como os internacionais Brahimi, Martins Indi, Aboubakar, Adrián ou Tello, e logo a genética do clube portista contrastou radicalmente com a da época passada: mais capacidade de rasgo (Óliver Torres e Brahimi exemplificam isso) e um vasto arsenal ofensivo para atacar o título nacional. Com uma borracha passada sobre Licá, Carlos Eduardo, Ghilas ou Josué, o Porto de Lopetegui quis-se mais caro e mais refinado - os triunfos sobre o Lille foram a primeira grande batalha vencida por  Lopetegui, que entrou na liga com tranquilidade: 3 jogos, 3 vitórias.

A escalada qualitativa foi tal que o próprio «mágico» Quaresma, titular indiscutível do desnorteado Porto de 2013/2014, debate-se agora para romper com a condição de suplente - luta pela titularidade com jogadores como Brahimi, Óliver, Adrián ou mesmo Quintero, este último também ofuscado pela dinâmica vigente. O Porto perdeu Mangala e Fernando mas manteve a lança que perfura os adversários: Jackson Martínez, cada vez mais influente na versão 2014/2015 do Porto de cara lavada (leva 4 golos na liga). 

Maicon espreita liderança da defesa

Na defesa, um novo líder parece querer finalmente tomar o poder: Maicon espreita actualmente a liderança da defesa portista, fazendo valer a sua experiência e os anos de casa passados na Invicta. Com Hélton lesionado indefinidamente, Fabiano parece ser a escolha óbvia para o lugar de guardião, apesar da ameaça espanhola do contratado Andrés Fernández. Alex Sandro e Danilo mantêm-se nas alas, dando velocidade e impulsão ofensiva à formação azul e branca.

Herrera corre atrás da sua 'versão mexicana' e Neves dá-se a conhecer

No meio campo, Herrera tenta ainda subir ao patamar no qual se exibiu no Mundial 2014, pelo México, enquanto que um novo valor luso se levanta, na ternura dos seus imberbes 17 anos: Rúben Neves foi visto à lupa por Lopetegui e logo mereceu a confiança do basco para realizar vários jogos na pré-temporada e até para ser titular no arranque, quer da liga quer da Liga dos Campeões. O português respondeu com um golo no jogo de abertura do campeonato, impressionando pela sua confiança e discernimento, ainda para mais numa zona nevrálgica do campo.

Começo estável feito de vitórias

O FC Porto bateu o Marítimo a abrir, ultrapassando na segunda jornada o Paços de Ferreira e na terceira o Moreirense, três triunfos sem sofrer golos; pelo meio, dois jogos para o «playoff» da liga milionária, ambos ultrapassados com distinção e sossego, dada a segurança colectiva da equipa. Tudo junto, o Porto leva 5 partidas tendo provado apenas o sabor da vitória, sem nunca sentir o embaraço de ir recolher a bola ao fundo das suas próprias redes.

Embora tenha descolado com uma soma de bons resultados, este novo Porto ainda precisa de ganhar rotinas, consolidar o estilo de jogo de Lopetegui e controlar todas as variantes tácticas do jogo, algo que ainda está por provar a toda a linha, principalmente na definição das jogadas de ataque. O próximo desafio, contra o auspicioso Vitória de Guimarães de Rui Vitória, será mais um duelo que servirá para medir a pujança colectiva do Porto - os vimaranenses levam 9 pontos na liga e não se adivinham pêra doce...ainda para mais jogando perante o seu público.

No lote daqueles que ainda estão por se emancipar estão José Ángel, Andrés Fernandéz, Casemiro, Opare, Evandro e Adrián, este último tendo sido a contratação mais cara do Porto no defeso. Os laterais Ángel e Opare lidam com a situação difícil de lutar contra a confortável titularidade de Alex Sandro e Danilo, enquanto que Casemiro se esforça por mostrar a sua utilidade na zona média do terreno, em funções defensivas. Evandro, clara segunda linha, dificilmente será opção regular no onze.

 

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