As defesas de Benfica e Sporting tiveram algo em comum na primeira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões: ambas incorreram em erros gravíssimos, não-forçados, que colocaram em causa a integridade do colectivo. Se no Benfica x Zenit, Jardel foi carrasco encarnado, falhando dois passes que se tornaram em golos russos, no Maribor x Sporting a história foi similar, com a dupla de centrais Maurício/Sarr a entregar o ouro ao bandido Zahovic nos instantes finais da partida.

Foram-se os centrais que «cuidam da bola»

Os eixos centrais defensivos de Benfica e Sporting são diferentes daqueles que reinaram na época passada: Garay ingressou no Zenit e fez com que Jardel automaticamente ascendesse à condição de titular, emparelhando-se com o capitão Luisão; no Sporting, também outro argentino, Rojo, abandonou, transferindo-se para o Manchester United. Dadas as mudanças, tanto «águias» como «leões» perderam qualidade na zona central da linha defensiva - os clubes lisboetas perderam os seus centrais mais tecnicistas, aqueles munidos de maior capacidade de construção defensiva.

Ora, perder jogadores com tais características implica uma drástica diminuição na capacidade de circulação (baixa) da bola, na própria qualidade do passe e na tomada de decisões aquando do manuseamento do esférico sobre pressão adversária. Se o passe é precário, incerto, nervoso, e se a estabilidade técnica é diminuta, sobe automaticamente a probabilidade do erro, quer seja ele forçado ou não. Foi o que aconteceu no Benfica x Zenit: Jardel, ante uma zona média preenchida, falhou dois passes que permitiram aos russos marcar um golo e expulsar Artur no segundo lance.


No caso do Sporting e, embora existam também erros semelhantes aos de Jardel, a verdade é que ficaram a nu as debilidade técnicas dos dois centrais leninos: em duas hipóteses de aliviar contundentemente a bola, tanto Sarr, numa primeira instância, como Maurício, numa segunda, não foram capazes de efectuar uma intercepção clara de nível técnico baixo. A falta de experiência ajuda a explicar os erros mas a evidência do lance demonstra que, actualmente, ambos os jogadores têm maior propensão a falhar em termos técnicos (abordagem à bola, tempo de decisão e correcção do movimento).


Para consumo interno

Todos sabemos que o nível sobe drasticamente quando se trata da Liga dos Campeões, onde os erros se pagam com golos sofridos. De facto, estes jogos europeus tiveram o condão de expor as debilidades das defesas de Benfica e Sporting, reflectindo assim a falta de qualidade extra que deverá existir, no sentido de assegurar performances de topo contra os melhores. Adversários mais fortes sublinham mais facilmente as carências dos seus oponentes e foi exactamente isso que se passou com os dois clubes de Lisboa.

Jardel (que progride de ano para ano no Benfica), Maurício e Sarr (ainda inexperiente) poderão ser, no imediato, jogadores capazes de garantir uma qualidade de jogo competente na liga nacional mas, provavelmente, não terão o nível necessário para lidar com as altas exigências de uma competição tão apurada como a Liga dos Campeões. Mas as opções de qualidade extra não abundam em ambos os plantéis: César e Lisandro López são a segunda linha defensiva encarnada, enquanto em Alvalade, Rabia e Paulo Oliveira são as opções secundárias que poderão render a linha titular.

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