«É melhor rectificar os problemas do que prolongá-los» afirmou Paulo Bento no decorrer do Mundial 2014, sem na altura minimamente esperar que pouco mais de dois meses depois esta expressão seria utilizada... para resolver o seu próprio caso, confirmando-se a sua saída, sem glória e pela ‘porta dos fundos’, apenas alguns meses depois de renovar o seu vínculo com a FPF com lugar a elogios, diga-se, exacerbados por parte do presidente do órgão, Fernando Gomes.

Mais inesperado ainda em relação à saída do técnico nacional foi mesmo o facto de o mesmo ter tido apenas há poucas semanas um visível aumento de poderes, amplamente reforçados com uma passagem para o posto de coordenador para todas as selecções nacionais desde a formação que no fim de contas foi apenas efémera.

Paulo Bento não resistiu à pressão dos problemas de vária ordem

Assim, de um tempo em que parecia ter disponibilidade para discutir com a Comunicação Social a importância de reforçar o jogo interior da Selecção A, Paulo Bento passou a ver o desemprego como realidade.

A impensável e pode mesmo dizer-se, imperdoável derrota de Portugal frente à Albânia teve mesmo o condão de colocar para trás das costas do agora ex-seleccionador problemas como os que viveu no decorrer do Mundial. Acima de tudo, Paulo Bento tinha de gerir a deficiente condição física de Cristiano Ronaldo e ocultá-la dos adeptos, adversários e Imprensa, tendo na altura deixado frases convictas como “quem decide se Cristiano Ronaldo joga ou não sou eu e o departamento médico.”

Desde o passado Domingo até quinta-feira, dia do anúncio do ‘divórcio’ entre ambas as partes, para o treinador importava justificar os maus resultados e principalmente as razões para uma das mais humilhantes derrotas de Portugal enquanto selecção, o que acabou por ser impossível como a sua saída veio mesmo confirmar.

Lugar ainda em vago deverá ser suprido com um acordo com Fernando Santos

Após esta turbulência, tudo indica que o sucessor de Bento será mesmo Fernando Santos, muito embora este técnico esteja ‘limitado’ por uma punição da FIFA que o obrigará a estar afastado do banco de suplentes num período máximo de oito jogos que segundo tem vindo a lume poderá cifrar-se numa marca mínima de dois encontros. Como tal, a suspensão a que Santos se encontra sujeito não deverá constituir um impeditivo para que a FPF avance para a sua contratação.

O histórico joga, de facto, a favor de Fernando Santos, e os resultados também, inclusivamente os mais recentes nos quais o experiente treinador conseguiu qualificar a Grécia para os oitavos-de-final do Mundial mesmo após uma fase de grupos sofrida na qual o apuramento chegou a estar bastante dificultado.